Um cúmplice e uma memória falha

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Kev chegou no orfanato " Pequena Irmandade" pouco depois das 18 horas daquele mesmo dia. Estava muito escuro, e o garoto em meio ao desespero foi correndo e esqueceu de levar algo para iluminar. Ele não via nada, só escutava. Primeiro vem o silêncio, e então, quanto mais entrava no prédio abandonado, mais ruídos de ratos surgiam.

***

     Laura estava na escola pegando um livro de Geografia, que tinha deixado por lá. Ela então vê alguém logo enfrente o estacionamento, não sabia quem era, mas deu pra perceber que a pessoa estava tentando se esconder, ou fazer algo no sigilo. Ela então vai o mais depressa possível até onde a pessoa estava, ela olha e vê Andressa correndo rumo à um prédio. Laura a segue, e por mais estranho que pareça para essa mesma, Andressa entrou num orfanato que estava fechado há anos. Ela não entrou, a primeira coisa que ela fez foi ir até a casa de Lucas, que lá estaria, de certeza, tanto ele quanto Brenda. Ela então pegou sua bicicleta que estava no estacionamento da escola, e saiu rumo a casa de Luc.
Quando chegou lá, quem abriu foi Brenda, eles estavam apenas jogando, começaram a conversar normalmente com ela, mas então ela diz logo:
— Ok. Eu estou bem sim. Mas eu preciso que venham comigo.
— Pra quê? O que ganhamos com isso? -perguntou Brenda.
— Eu acho, que uma amiga de volta.
— Andressa? -perguntou Luc.
— Sim.

      Eles então foram para a esquina próximo à escola, por que era nesta mesma que o orfanato ficava.
— Eu não vou entrar aí -disse Laura.
— Não tem problemas, vamos Luc -disse Brenda.
— Não. Ela tem que vir conosco.
— Mas se isso daqui de fora tá me dando medo, imagine dentro!
— Você ja viu coisas piores, tenho certeza. -disse Brenda.
— Tipo o quê ?
— O seu irmão.
Luc então olhou para Brenda, e ela cruzou os braços.
— O quê estamos esperando, então? -Perguntou Brenda.
— Tá. Eu vou.

    Eles entraram no prédio, e começaram a entrar nos quartos. Viram camas ali, completamente sujas e desgastadas, quadros no chão e quadros na parede, mas que estes não tinha tanto o que expor, visto que a sujeira os cobria facilmente. Laura então começa a pegar alguns dos quadros e os vê, o que para isso ser feito, ela passava a mão para os limpar. Eram retratos do passado. A criadora do orfanato, Betines Minde.

    Betines fora a última filha de Alessandra Minde, ex prefeita da cidade, e de Benjamin Minde, também ex prefeito da cidade. O caso destes últimos fora uma das maiores polêmicas da cidade, uma vez que ele era apenas o ex prefeito que era um candidato, querendo se reeleger, e tinha também uma nova candidata, Alessandra. Ele então, vendo que ia perder, começou a ser amigo de Alessandra, ele era muito ligado à política, e então teve um caso com ela antes das eleições. Ela ficou grávida. Mas ele não sabia que seus votos estavam contabilizados de forma errada, e acabou ganhando. Alessandra então obrigou a Benjamin se casar com ela por conta da criança que ia nascer, ele não achou nenhuma saída, logo o fez.
Se casaram, Alessandra então teve mais um filho, sendo este segundo o atual prefeito da cidade. Mas logo com idade um pouco avançada, a mulher não sabia que poderia ficar grávida. E então acabou tendo o seu terceiro filho, este último nascera com um erro no número cromossômico, logo teve uma deformação na sua fisionomia. Ela a achava nojenta, e a colocou no único orfanato da cidade: Orfanato Cecília. A criança fora crescendo, e com 17 anos de idade, fez uma referência a tudo que passou, e montou um local para pessoas que foram rejeitadas pelos pais, assim como ela. Um orfanato. O nome dela era Betines, e começou a ser "mãe" de todas as quarenta crianças que moraram ali.

Logo após ver este retrato, ela encontra um outro, em que este continha todas as quarenta crianças que moraram ali, na verdade, no retrato só tinha 39 crianças, e por mais estranho que pareça, na terceira fila, olha quem tava lá: Gabriel. Eles ficaram muito espantandos por saber que Gabriel tinha vivido ali. Eles então lembram que ele fora adotado. Ele e seu irmão gêmeo após o acontecido com a sua mãe, foram para um orfanato, eles sabiam disso, mas não sabia que iam se deparar com aquilo.
- Isso foi mera coincidência? -Perguntou Brenda
- Isso o quê ? -Perguntou Laura
- O local que estamos, e quem já viveu aqui. -Respondeu Brenda.
- Tudo quando se trata de S, não passa de coincidência, se trata da revelação do passado para a gente entender o presente.
- Mas pra quê ele quer que a gente saiba sobre o passado dele, ou coisa do tipo, se podemos descobrirmos quem ele é? -Perguntou Laura
- Porque não é quem ele é que ele esconde, pelo contrário, ele busca se revelar para nós, para nos decepcionar.
- Como assim nos decepcionar, Luc? -Perguntou Brenda
- Porque a decepção, ela não vem de inimigos, ela vem de pessoas próximas, pessoas que chamamos de amigo.
- Isso é verdade -Disse Brenda.

Eles então passaram olhando para tudo que estava a sua volta. Logo escutam alguém falar. E vão correndo pelo corredor até chegarem numa escada.

***

Kev estava andando por todo o local fazia um bom tempo. Ele estava no segundo andar do prédio, este estava a 4 metros de altura do chão. Procurando por S. Então, ele escuta alguém chegar, ele estava com medo, viu a pessoa se aproximar, e logo Andressa tirou o capús.
- Oi, cheguei. Sabia que viria
- Você quem me chamou até aqui ?
- Claro.
- Pensava que tinha sido S.
- Essa era a minha intenção. Mas eu não sabia que seria tão burro até vim até aqui, podendo ser morto por S.
- Eu quero saber logo a verdade.
- Sério que você não lembra de nada?
- De nada o quê?

Alguém então começa a subir as escadas e eles escutam, eles não vêem quem era.
- Não é nada, acho que era apenas um rato. -Disse Andressa
- Mas teve som de passos.
- Não, aqui não entra mais ninguém, só eu, já que é aqui que passo um bom tempo.
Quem tinha subido às escadas fora Lucas, Laura e Brenda.
- Kev e Andressa ? -Perguntou Brenda, de forma apenas a Luc e Laura escutarem.
- Mas Kev não tava no hospital? O que ele tá fazendo aqui ? -perguntou Laura no mesmo tom que Brenda.
- Eu não sei, só sei que precisamos escutar a conversa deles, assim a gente vai descobrir.

E então Kev e Andressa continuam a conversar.
- Quer dizer, Andressa, que você tá morando com ratos ?
- Claro que não. Eu achei a sala em que ela morava digo, a dona. Lá não tinha nada de rato, tem geladeira, cama, tem tudo. Voltando ao assunto, Kev. Você não lembra?
- Não lembro do quê?
- Não lembra do dia em que você me viu na casa da Larissa?
- Como assim ?
- Não lembra que você matou os gatos de Brenda?
- O quê?
- Você Kev. Você era o cúmplice de S.
- Como assim? Eu não lembro de nada.
- É, parece que os remédios que o Gabriel te deu fizeram efeito.
- Espera, que remédios ?
- Ele te dava remédios que mexiam com seu emocional e com sua memória. Você fazia as coisas de forma fria, e quando se decepcionava pelo que fez, surgia uma vontade e uma necessidade de continuar tomando os remédios que o Gabriel te dava!
- Como você sabia disso o tempo todo e não me disse?
- Seu pai tava me ameaçando, eu não tinha escolha a não ser continuar em silêncio!
- O quê que meu pai tem a ver com isso ? - Perguntou Kev com a cabeça latejando, e uma tontura o rodear.
- Seu pai, ele que fornecia os remédios para Gabriel para ti dá, já que ele é um farmacêutico.
- O quê? -Kev não tava bem, ele estava quase pra desmaiar.
- Eu precisava te dizer isso, sinto muito. - falou Andressa saindo correndo.

Laura, Luc e Brenda saíram, mesmo em total sentimentos de decepção, atrás de Andressa. Cada um fora por uma escada, dividindo-se.

Kev estava escutando apenas o som das passadas de Andressa, ficou ali parado, diante aquilo tudo, por uns cinco minutos. Ele, próximo ao corre-mão do segundo andar, ver alguém chegando, alguém vestido de preto, era a roupa que Gabriel usava. Piscou os olhos com a intenção de melhorar a sua vista, e vê quem estava por trás daquilo tudo. Ele viu quem era S.
- Você ? Mas, por quê?

A resposta disso fora um empurrão, as costas de Kev se choraram contra o corre-mão, e ele sentiu o seus pés saírem do chão, de modo, a cair do 2° andar, na queda, os braços tentaram tocar o chão. Conseguiu. Mas o impacto, e a força gravitacional o fez perder o controle, e o corpo tocou ao chão, junto à cabeça. Ele ficou inconsciente.

***

Eu senti meus olhos abrirem, várias pessoas perto de mim, me chamando. Minha cabeça latejava, escutei uma mulher me chamando:
- Filho?
- Quem são vocês ?
- Senhora Souza? -Falou Piper com uma expressão assustadora.
- O quê foi Piper?
- O seu filho perdeu completamente a memória.

A chave para a Escuridão - Livro II Trilogia S de SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora