Mário Quintana estava certo quando disse que a amizade é um amor que nunca morre. Mas eu ainda diria que a amizade recíproca é um amor que nunca morre. Amizade tem que ser bilateral, tem que ser bate e volta, se não nem vem, nem tem, nem soma e nem deveria fazer falta. Mas faz, né? E como faz. Faz falta porque você não foi um pé lá e outro cá, foi o corpo todo, foi mente, alma e coração, vinte e quatro horas por dia, e se tivesse mais um minuto, seria esse minuto também.
O copo poderia estar vazio, mas eu sempre enxergava uma gota para mergulhar e mergulhava fundo, tão fundo que me perdia numa gota que na minha cabeça, era um oceano.
...
Segunda-feira bem cedinho e já estávamos na estrada, todos indo conhecer a família do meu cunhado. A viagem seria longa, mas, mais distante que a cidade estavam meus pensamentos. No dia anterior eu tinha brigado com um grande amigo, uma briga por medo e por bobagem. Mas independente de ser bobagem ou não, quando se trata de alguém que você se importa, toda garoa vira uma tempestade e todo o silêncio vira uma saudade. Minha irmã não sabia do que tinha acontecido e toda hora perguntava a mesma coisa.
— Tu tem o que? Tu vai chegar lá com essa cara?
E eu sempre respondia que estava cansada e com sono. Típico de quem não quer papo, de quem ta mesmo com sono, mas porque não dormiu por causa de alguém.
De saco cheio de repetir a mesma coisa o tempo todo, resolvi esquecer o assunto por um tempo e me concentrar na viagem, afinal, tinha muita gente esperando a gente. O que era muito legal porque eu e a Amanda (irmã do meu cunhado), já éramos bem amigas e ela me apresentou outros dois amigos dela, uma menina e um menino, que por sinal eu já conversa muito, tínhamos até um grupo no WhatsApp, o que nos ajudou a não ficar com vergonha, nem nada do tipo.
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A viagem foi tranquila, paramos primeiro no Salão de Beleza onde estava a mãe e a tia do meu cunhado. Seguimos para a casa deles, e enquanto todos conversavam e se conheciam, eu fiquei sentada no sofá me perguntando onde estaria Amanda, com quem estaria e... nele. A mente vaga, vaga, mas sempre para em algum lugar. Balancei a cabeça algumas vezes na tentativa de me livrar dos pensamentos, ao mesmo tempo em que Amanda chegava acompanhada dos meus, até então, amigos virtuais. Nos abraçamos e pulamos, pelo menos nós três, porque o menino ficou meio tímido sentado no sofá, confesso que eu também, mas tinha que ser educada, né?
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Eu posso estar com muita vergonha de um garoto, mas sempre farei de tudo para ocultar isso. Se for gato então, nunca saberá o que eu acho dele. Sem ousadia, sem moral, sem empolgação.
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Depois que a timidez foi embora, começamos a sessão de fotos, foram tantas fotos que fiquei cansada de tanto sorrir.
Tinha sido um dia excelente, mas infelizmente teríamos que voltar.
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Mil e uma notificações no Facebook e nenhuma mensagem do meu amigo, em contra partida muitas fotos marcadas, com legendas que me fizeram sorrir. Foi realmente um dia legal, sabe? Eu me senti bem, mesmo com o coração apertado. Ele ainda não tinha vindo falar comigo e dessa vez não fui orgulhosa, mandei várias mensagens dizendo que estava com saudades e contei coisas engraçadas que só teriam mais graça se ele risse junto comigo. Ele estava offline mas mesmo assim enviei.
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Vomitei Borboletas Mortas [EM REVISÃO]
Non-FictionJá sentiu as famosas "borboletas no estômago?" Eu também. Mas as minhas expectativas foram frustradas, meu coração trincado e as borboletas morreram. Eu precisei vomitá-las.