Capítulo I

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Se trocar de sala é horrível, imagina trocar de escola todos os anos? Prédio novo, professores novos, colegas novos, ser a aluna nova e todos os acréscimos.

Meio metro e meio quilo de muitas histórias. Algumas finalizadas e outras ainda sendo escritas.

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Ainda estava no ensino fundamental quando eu caí no ônibus em uma viagem da escola cantando em árabe What's Makes You Beautiful, descendo um degrau de cada vez, só que... na minha cabeça, é claro. Não deu tempo de pensar, nem de fingir um desmaio, porque eu já tinha caído e deveria fazer algo quanto a isso.

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Pausa para a dica.

Quando cair, você tem três opções:

1) Se a galera estiver rindo, ria junto, "autozoação" costuma tirar o foco do mico.

2) Se a galera ficar só olhando, reclame do braço, cotovelo ou até do dente, se possível. Você pode não ter quebrado nada, mas tirar o foco da queda e chamar a atenção para a dor, mesmo que ela não exista, também ajuda a tirar o foco do mico.

Apertando o play.

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Eu sorria igual uma girafa com gases, mas quando a graça aparentemente já tinha acabado..."boatos" que eu tinha quebrado o pé. E adivinha quem fez a g-e-n-t-i-l-e-z-a de me levar até a calçada? O crush.

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Na época eu nem sabia o que era crush. Nem era dele que eu gostava. A vida tem dessas coisas, né? A pessoa errada na hora certa enquanto a pessoa certa não está muito aí. 

A gente titula as pessoas assim, sendo que na época, era só o meu melhor amigo.

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Em uma das escolas que estudei, os professores recebiam aquelas cadernetas com os nomes dos alunos. Cada aluno tinha uma página, nessa página havia uma planilha com a seguinte legenda: C - Conversa, SM - Sem Material, ST - Sem Tarefa. Dependendo do que acontecesse em sala, os professores marcavam com um X os quadradinhos. Tudo bem até aí. Até inventarem colocar um campo para observações, e pior, todo final do mês essa folhinha maravilhosa era enviada para os pais juntamente com um informativo chamando CIENTE, que deveria ser apresentado no dia seguinte devidamente assinado, porque senão, não assistiríamos aula. Esse CIENTE foi o meu MAIOR pesadelo por um bom tempo e confesso que até hoje eu tenho uns sonhos tensos com ele. Mas uma manha é uma manha, e como toda boa aluna, eu sabia o que dizia a 4 lei de Newton: Levando em conta as circunstâncias, tudo é válido para não tomar uma surra da mãe. Então, o que eu fazia? Corretivo e xerox. E entregava com o coração na mão aquela folha linda, branca e imaculada. Fico feliz de está colocando isso para fora, pelo menos não contei isso em voz alta.

Sempre fui muito amiga dos meus professores, mas também nunca tive freios na língua. E eu falava mesmo, batia o pé mesmo, porque quando eu estava certa eu gostava de mostrar o porquê.

Meu melhor amigo, coitado, sofreu.

De vez em quando penso nele, se ele continua sendo aquele cara idiota e insuportável que durante muito tempo foi meu porto seguro.

Vomitei Borboletas Mortas [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora