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Eu pegava uma toalha, colocava na cabeça e fingia ter um cabelo longo e liso, pegava uma escova de cabelo e fazia dele um microfone. Assim eu passava minhas manhãs, fingindo ser alguém importante. Diversão era sinônimo de improviso, tudo poderia ser qualquer coisa e eu poderia ser qualquer pessoa, desde que não fosse eu. Nunca tive aquelas bonecas que mais parecem umas varas maquiadas a qualquer outra coisa. Eu sempre gostei de usar o que eu tinha, livros facilmente se tornavam laptops e as roupas da minha mãe, as melhores roupas.

Queria voltar no tempo de vez em quando. (Quem nunca?)

Queremos voltar mesmo com vários motivos para seguir em frente. Falam tanto em seguir em frente, esquecer e superar sem olhar para trás, que fico pensando em como as coisas seriam se isso tudo funcionasse na prática. Não existiria apego, falta, saudade e tampouco amor. 

O que seríamos? O que teríamos? Com quem estaríamos? O que sentiríamos?

Fiquei observando a avenida pela janela do ônibus, um casal apaixonado dividindo um sorvete, um idoso tentando atravessar a rua fora da faixa de pedestres, pessoas indo, outras voltando, umas sorrindo, outras nem tanto, até que elas foram ficando para trás, o ônibus voltou a seguir, em frente.

Vomitei Borboletas Mortas [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora