Capítulo 07

144 28 24
                                    

Aulas de etiquetas...

Eu estava na sacada quando Tiago Juan saiu na sacada da casa deles — Posso ir agora?

Anui num gesto de cabeça e desci recebê-lo, era incrível conviver com ele e com Iago, até mesmo para sentar-se na poltrona, eles tinham elegância. Éramos homens e bem masculinos, mesmo homossexuais não demonstrávamos, nem em gestos ou ações afeminadas.

A mãe trouxe a bandeja com copos para as aulas — Quero que vocês caminhem e retornem sentar na poltrona e eu servirei os copos para todos vocês.

Aprendemos sentar com a elegância do Tiago Juan, cruzar pernas sendo homem ou mulher. Ficar por tempo sentados ou de pé mantendo a elegância. Ele jantou conosco nessa noite e foi aonde mais nos embananamos com copos, taças e talheres, aquela parafernália toda.

Ele pediu que a mãe preparasse a mesa para ofertar um jantar de requinte. Ensinou elas como fazer e eu aprendi por estar olhando a mesa posta por ele, depois elas fizeram. Olhando a elegância da mesa posta com grande a beleza, bastava aprendermos para que servisse toda aquela parafernália dos talheres, copos e taças.

Confesso que preferia a simplicidade da roça, porém, agora não éramos mais pessoas pobres como fomos. Iago e Tiago Juan, alertavam de futuros jantares dentro da alta sociedade. Agora eu não era um menino sem futuro como eu era antes, eu era o melhor toureiro da Espanha. 

Jamais permiti subir na cabeça minhas vitórias o sucesso, não me tornando uma pessoa arrogante com o povo que mostravam me amar e respeitar, menos meu pai. Meu caráter seria o de sempre, humilde e educado, fosse com quem fosse. Todo dia treinava com o Sr. Miguel, foi onde ele orientou que eu deveria comprar um pedaço de chão e ter meus próprios touros para treinar. Pedi que ele me ajudasse na negociação. Ele me orientou que eu deveria tomar conta daqui para a frente dos negócios que eu quisesse fazer, mais ele me orientaria sempre.

Concordei com ele, por que a essa altura eu já estava com 16 anos e não demoraria para eu ser de maior idade com 18 anos, faltava pouco. O que o meu anjo da guarda o Sr. Miguel, desejava era que eu aprendesse negociar e ter responsabilidades como um homem. Ele estava fazendo o papel do meu pai, que eu "não tinha". No que eu precisasse seria ele quem assinaria como meu responsável, uma vez que nunca pude contar com a ajuda e apoio do meu pai Pietro.

Todo dia era sagrado à tardinha depois da escola, eu ir treinar com ele. Um dia não fui treinar para poder negociar umas terras de um fazendeiro. Fui até a fazenda do Sr. Licurgo, ele recebeu-me com um sorriso de orelha a orelha.

Sentamos na grande varanda da casa dele — Garoto, você é admirado pela minha família, do seu esforço, você tirou sua família daquela triste vida que levavam. Te adimiro, Lizandro!

— Obrigado Sr. Licurgo, no que depender de mim, eu afirmo que não passaremos mais fome como foi. Tínhamos a casinha graças ao seu bom coração. Minha vinda até aqui é para comprar aquele pedaço de chão e mais a parte ao lado que pega o riacho.

— E por que deseja a parte do riacho?

— Preciso ter meus touros, água e pastos, assim posso treinar as touradas.

— Não estou pensando em me desfazer dessas terras daqui, no entanto, eu tenho outras terras um pouco mais distantes e lá sim eu quero vendê-las e são tão boas quanto estas daqui.

— Pode me levar vê-las?

— Agora mesmo rapaz admirável — Sorriu —

Ele foi pegar seu chapéu e me levou ver as terras, não era tão longe da minha casa — Negócio fechado, amanhã vai lá em casa frente à praça principal e lhe pago. O Sr. Miguel quem irá intermediar, uma vez que eu não sou maior idade e nunca pude contar com meu pai.

Ele fez um gesto de resignação, indignado com o pai — Ao menos você será alguém na vida. Aconselho não se deixar levar pelas vitórias e riquezas que obtiver na sua vida rapazinho, isso só te arrastaria de ré se tornando um rapaz maldoso e arrogante.

— Eu já prometi a mim mesmo não ser assim, Sr. Licurgo.

— Ótimo Lizandro, seja sempre o rapaz que eu admiro a sua garra para vencer.

— Sim senhor, obrigado pelo bom conselho.

Perguntei se ele por ventura sabia onde meu pai trabalhava. Ele agitou-se estranhamente e eu percebi ele afoito — Perdão toureiro, me deixe fora disso. Pietro vai vir tirar satisfações comigo se eu falar algo, por tanto, não falo nada sobe ele, me desculpe.

— Entendo, descubro de outra forma nem que demore, mais irei descobrir de um jeito ou outro.

— Faça, torço que descubra, mais me perdoe por não querer encrencas com seu pai.

Assenti e voltamos para a fazenda dele — Quer um cavalo emprestado para ir para casa?

— Agradeço, eu vim caminhando e volto assim mesmo. Até mais e lembranças a família.

— Para a sua igualmente meu jovem rapaz!

Caminhei rumo a cidade para minha casa, eram mais de três quilômetros de caminhada. Mal comecei a caminhada e ao longe vinha um automóvel levantando poeira, vinha longe em uma curva. Tive a sensação de ser o pai indo na nossa velha casa. Ele não sabia que nos mudamos de casa. Escondi-me no mato atrás de umas moitas e fiquei observando o carro passar, era meu pai. Eu tremia nervoso por saber a guerra que seria em casa, seria um inferno verdadeiro. Corri o mais que eu podia e tentar chegar rápido avisar a mãe, antes dele chegar na mansão, porém, outro carro parou. Tiago Juan parou sinalizando para mim — Entra rápido no carro Li, vamos para sua casa que o seu pai chegou em Lorca. Vou proteger vocês da raiva dele, tudo bem?

Assenti entrando no carro dele, mais como que ele iria nos proteger e como ele sabia sofrermos tanto com meu pai? Podia ser a mãe, Marita ou Cortês que tivessem dito algo sobre o pai. Agora era o que menos importava quem falou ou não. Pedi que não entrasse em nossa casa. Ele afirmou que se ele estivesse conosco, o pai nada faria de mal a nós — Basta agir naturalmente e deixe que ele veja que eu estou aqui conversando com você, ele vai ficar calmo rapidinho.

— Tudo bem Tiago Juan, estou tremendo.

— Calma gatinho — Sorriu olhando-me —

Nada disse, mais gatinho, eu?

Eu estava nervoso para assimilar que gato ele se referia a alguém muito belo, porém, eu temia pela minha mãe, devido o pai que na última vinda de Madri, espancou-a por ter deixado eu ser um toureiro. Ele era muito violento e me queria fora das arenas como toureiro. Queria saber por qual motivo ele não queria me ver nas arenas, nem assistindo uma tourada, quanto mais eu ser um toureiro como eu já era. Tarde demais, não iria desistir por que ele queria que eu desistisse.

Sr. Licurgo sabia para onde mudamos e ele contaria para meu pai, em minutos ele estaria na casa da cidade e me batendo. Era difícil assimilar de que forma meu pai iria ser educado apenas pela presença do Tiago Juan estar na minha casa. Ele passou segurança e confiei no Tiago Juan, que me pediu que sentasse na poltrona que ele queria surpreender meu pai

 Ele ficou de pé, como se estivesse vindo da direção do banheiro para a sala principal, quando o pai entrasse ele surgiria, foi o combinado. De longe ele acenava com a mão pedindo calma.

Eu concentrei me sentindo na arena para tourear, era preciso me manter concentrado. Fechei meus olhos no aguardo pelo pior dos piores dos touros mais bravos, o meu pai. Engoli a seco ao ouvir o rangido do portão de casa, só podia ser ele chegando e pensei...

"Deus nos proteja de todo mal"

Esse mal, era meu próprio pai...

Chuva de Rosas o Diário de um Toureiro - Livro 01 -Onde histórias criam vida. Descubra agora