Capítulo 16

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Aflições...

Era por volta das 14 horas e 30 minutos quando deu fome e nós lanchamos o lanche que a Sra. Cila preparou para trazermos na nossa pescaria. O sol aquecia a alma. Pescando namorávamos, e assim passamos boa parte da tarde.

Deitei na grama beira-rio embaixo de uma sombra frondosa. Iago Olhou-me, sorriu sem nada dizer, devolvi o sorriso. Eu estava entediado da pescaria, mais Iago gostava, ele que pescasse. Eu tiraria uma soneca naquela sombra. Iago olhou-me sério demonstrando medo — Lizandro, eu escutei correrem no meio do mato, que tal se estiverem atrás de nós de novo?

— Calma Iago, pode ser alguém caçando.

— Não sendo nós dois essa caça, eu agradeço.

— Ficamos traumatizados com os bandidos no sequestro, entretanto, não podemos deixar de viver a vida em prol de fugir. Relaxa Iago, deve ser alguém caçando — Cochilei —

Iago relaxou e eu adormeci, ao menos pareceu ser alguns segundos apenas. Mal eu tinha cochilado ouvindo gorjeio dos pássaros e acordei sobressaltado com estampido de tiros. Arfei sentando e relembrei do sequestro nas colinas na minha fazenda. Iago de pé olhava de onde viera o som dos tiros na mata a dentro. O forcei baixar-se — Senta Go, é perigoso.

— Li, o som do tiro veio do meio do mato.

— Eu escutei e acordei, mais você de pé, é um alvo fácil seja quem esteja atirando, não sabemos do que se trata. Melhor irmos para a sua fazenda.

Iago com medo como eu, concordou. Arrumei as varas de pescar amarradas as quatro na cela do cavalo que eu usava. Iago olhava fixo cuidando se alguém saísse do mato e nos surpreendesse. Não tínhamos uma arma se precisasse, aliás, nem sabíamos usá-la. Estava arrumada a nossa bagagem. Iago, paralisou o seu olhar fixo no mato, olhei em uma pequena clareira a minha esquerda, se fosse preciso nos esconderíamos nela.

Cheguei perto do Iago paralisado — Venha, Go.

Ele estava em estado de choque, chamei por ele mais de uma vez. Ouvi a aproximação de alguém com os passos mais apressados dentro do mato. Puxei os cavalos e amarrei em uma árvore — Em nome de Deus, não relinchem ou nos acham escondidos, Pxiiiiiii — Sinalizei —

Resmunguei alisando as crinas deles. Direcionei meu olhar no Iago que não foi atrás de mim, corri buscá-lo. Incrivelmente estava sentado estático desde o primeiro tiro no meio do mato.

Puxei-o — Go, pelo amor de Deus, venha.

Em choque ele me olhou resmungando — Eles vão nos pegar de novo, eles vão...

Puxei-o e suas pernas pareciam travadas — Reaja Iago, vamos nos esconder, achei um lugar e eles passam sem nos ver, se acalme, venha, silêncio.

Iago tremia como vara verde e quis falar algo, tapei sua boca. Eu espiei através das pequenas frestas dos arbustos que nos encobria. Saiu um homem que foi impossível ver seu rosto de imediato. Ele corria desnorteado de costas para nós, olhando para trás ver se o alcançavam, ora corria de lado, ora normal, ele cambaleava entre seus pés. Aquele tiro que ouvimos, atingiu o homem que cambaleava saindo do meio do mato. Ferido ele sangrava estancando seu ferimento. As suas roupas eram puro-sangue.

Num testavilho sofrido do corpo daquele homem, ele encontrou o chão. Iago gemeu alto um "Huuum" vendo o homem despencar de todo tamanho. Sorte que eu ainda estava tapando sua boca. Eu sufoquei puxando o ar garganta adentro no meu "Hã". O que eu devia fazer, ir ajudá-lo ou aguardar e ver se o feitor dos tiros viria atrás daquele homem estirado ao chão.

Sinalizei ao Iago, cochichei — Vou tirar minha mão, não grite, Go. Precisamos saber se o dono dos tiros vem atrás desse homem caído — Anuiu —

Chuva de Rosas o Diário de um Toureiro - Livro 01 -Onde histórias criam vida. Descubra agora