Capítulo 14

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Inesquecível amor...

Eu não fazia ideia por qual motivo Juliem não saia dos meus pensamentos, eu tinha certeza amar o Iago e isso me fez ter uma má noite de sono naquela confusão. Abri os meus olhos conferindo as horas. Duas horas da madrugada, sem sono eu levantei e fui na sacada do meu quarto. Inspirei ar puro por vezes, observei as estrelas, algo que sempre adorei fazer.

Olhei na casa do Iago, específico no quarto que ele dormia. Suspirei relembrando do Juliem. Sentado na rede na sacada do meu quarto, olhava as estrelas, ecoou na minha mente, lembrei...

" Lizandro, deixei algo para você embaixo da pedra grande na sua casa"

Eu tinha esquecido que o Juliem deixou algo na grande pedra dos jardins da minha casa, porém, me peguei pensando, eu confiava nele, mais não em pessoas estranhas. A mãe andava esquecendo os portões abertos já que ele entrou, qualquer um poderia entrar. Teria de lembrá-la dos riscos de não travar os portões da nossa casa. Coloquei minhas chinelas em tiras de couro, silencioso para não acordar a mãe e minha irmã, eu caminhei pelo corredor que era iluminado a meia luz por candelabros dispostos pelas paredes.

Em cada ponta do corrimão, havia uma lamparina que para a época era moderna, iluminavam os degraus da escadaria. Desci pé ante pé e por sorte a mãe tinha costume de deixar os abajures da sala principal a meia luz, dava de enxergar bem e não me bater nos móveis fazendo barulho as acordando. Minha ida naquela madrugada até as altas grades de ferro que cercava minha casa, virei olhando na casa num todo. Foi onde me dei conta o quanto era grande os jardins da mansão que eu comprei para a mãe. Olhando-a de frente, foi espantoso ver quão gigante era a nossa mansão, de um rancho para uma mansão. Sorri feliz agradecendo a Deus, ao menos dei felicidade para a mãe, alegrias e mimos que meu pai não dava.

Perto das grades no portão principal de casa, havia uma grande pedra de adorno presente da natureza que o primeiro dono da mansão, deve ter mandado deixar ali a grande pedra como ornamento. Vasculhei minuciosamente ao redor da pedra e não achava nada. Não estava escuro a ponto de eu não poder enxergar algo que nem sabia o que Juliem me deixou, mais segundo ele, havia deixado algo para mim.

Um tempo após de me cansar de procurar, eu desisti, estava entrando entristecido por que não havia nada na grande pedra como Juliem tinha dito. Um vento forte fez as folhas das árvores voarem sendo levantadas do gramado. Fechei os olhos devido aos ciscos junto das folhas que revoavam acima de mim. Com o vento, passou rolando pelo gramado, um papel perto dos meus pés. Minha mãe não deixava lixo pelo gramado, ela era muito caprichosa. Tomei aquele papel nas mãos o olhando, girei frente e verso, era um envelope azul, sorri feliz lendo o remetente e o destinatário — Deve ser o que Juliem me disse que deixou para mim, vai ver o vento tirou da grande pedra. Obrigado vento!

Ri de mim mesmo agradecendo ao vento por me mostrar o envelope. Estava escrito no envelope azul "Para Lizandro do seu Salvador secreto"

Subi correndo para o meu quarto sem fazer barulho para não acordar a minha mãe e irmã. Não via a hora de ler o que tivesse dentro do envelope azul que Juliem me deixara nos jardins da minha casa. Ansioso eu sentei na cama, respirei buscando coragem. Não compreendia como que ele mexia daquela maneira comigo, se eu amava o toureiro Iago, amor pelo Juliem não era, eu pensava. Tentei me acalmar, fui até o jarro de louça com água fresca sobre uma cômoda, tomei dois copos olhando no envelope nas minhas mãos.

Sentei na escrivaninha sem entender por que eu tremia tanto. Vaga ideia que fosse a causa pelo envelope que Juliem deixou para mim, tentava deduzir o que poderia ser o conteúdo — Cadê a minha coragem? Melhor enfrentar três touros de uma só vez, do que essa aflição.

Segurei firme entre meus dedos o envelope, conferi contra a claridade evitando rasgar fosse o que fosse conteúdo dentro dele. Cheirei e senti um perfume masculino no envelope, era dele. Lento, fui rasgando a borda de um dos lados do envelope azul. Olhei dentro e tinha duas folhas de papel de cartas da mesma cor do envelope. Minhas mãos trêmulas seguravam as duas folhas da carta. O que teria naquela carta do Juliem? Tomei coragem fazendo a leitura...

Chuva de Rosas o Diário de um Toureiro - Livro 01 -Onde histórias criam vida. Descubra agora