Capítulo 4 - Flocos

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I'm addicted to you, don't you know that you're toxic?

Era cedo demais, Bella estava tentando se concentrar em seu café, mas era impossível. Sua cabeça girava, estava cheia de Edward e armas. Ela tomou um pouco do café sentindo a brisa calma bagunçar seu cabelo e acariciar sua pele, mas nem isso a acalmou.

Ela pensava em milhões de possibilidades; era quase normal um americano ter uma arma, até mesmo na Flórida, mas mesmo assim ela estava atônita. Aquela quantidade não era normal.

Edward caminhava pela praia, sem camisa, preocupado com o que havia acontecido. A música em seu fone de ouvido estava alta, ele intencionalmente mal conseguia escutar seus pensamentos. As garotas observavam o homem atentamente, ele chamava atenção, porém ele não notou nenhuma delas.

Bella entrou em um táxi e voltou para sua casa, carregando vários copos de café em uma mão e seu celular em outra, checando constantemente suas mensagens.
A garota se jogou na cama após passar pela porta, pegando um copo e bebendo o líquido morno. Ela estava tão ansiosa que não se assustou com o barulho de seu celular.

Edward estava a convidando para sair numa mensagem.

Logo ela estava dentro do seu banheiro, tomando o banho mais gelado que já tomou em toda a sua vida. Ela estava curiosa para saber quem Edward era "de verdade", e também para saber o porquê dele ter todas aquelas armas. Mas, ela não queria se precipitar.

A garota caprichou na sua aparência, pensava em tudo que ia falar enquanto marcava seu côncavo com uma sombra marrom. Ao terminar ela passou o batom, esfregou os lábios e respirou fundo.
Bella preferiu andar de táxi, não sabia se aguentaria ficar no mesmo carro que Edward. Ela estava aflita demais para isso.

Edward esperava impacientemente a garota aparecer na porta. Seus pensamentos viajaram e seu estômago se embrulhou assim que ele pensou na possibilidade de ela ter desistido.
Ao ver Bella entrar no restaurante ele sorriu abobado. A garota estava linda, seu vestido era bege, apenas uma tira ligava top com o resto, deixando suas costelas a mostra. O decote era profundo — a parte preferida do homem, já que ela estava sem sutiã —, e um corte no lado esquerdo do vestido deixava sua perna livre. Para ele, ela ofuscava todas as mulheres.

Eles se cumprimentaram com um beijo no rosto assim que Edward se levantou e puxou a cadeira para Bella. O garçom chegou e entregou os cardápios, fazendo Bella acordar de seus devaneios.

O clima estava tenso, nenhum dos dois queria abrir a boca, não conseguiam olhar um para o rosto do outro. Edward estava suando frio de preocupação.

— A sua irmã, Alice — a voz de Bella falhou um pouco quando ela tentou quebrar o silêncio —, parece ser bem legal. Ela me disse que é sua irmã favorita. — Bella falou sorrindo para compensar.
— Ela é bem convencida. — Edward sorriu apenas com o canto esquerdo dos lábios.
— Ela me falou que vocês são cinco. — Bella tentou esconder sua curiosidade, mas não deu muito certo.
— Somos adotados. Bem, tecnicamente adotados.
O garçom chegou com o vinho e encheu as taças com cuidado. Eles ficaram calados até ele se retirar.
— Rosalie e Jasper são da família da minha mãe, eles são gêmeos — continuou Edward — Eu, Alice e Emmett fomos adotados. — Ele se ajeitou na cadeira, claramente desconfortável. Sua língua parecia travada, ele não gostava de se abrir, ou não sabia. — Me fale sobre a sua vida.

— Minha vida não é interessante — disse Bella jogando as mãos pro alto em forma de rendição.

— É claro que é! — Ele arqueou a sobrancelha esquerda.

— O que você quer saber?

— Me fale sobre a sua família.

Bella engoliu todo o vinho que havia em seu copo de uma vez e respirou fundo.

— Meu pai mora em uma cidade pequena no meio do nada, minha mãe está morta e eu fui expulsa de casa. — Ela falou de uma vez, sem tempo para se deixar reagir às suas palavras amargas.

— Expulsa? — Edward se inclinou para mais perto da garota.

— Meu padrasto... ex padrasto é um cara muito rico, mas eu nunca gostei dele e ele nunca gostou de mim. Então, assim que minha mãe morreu, ele comprou um apartamento para mim e me expulsou de casa.

— O seu pai sabe disso? — foi a única coisa que Edward conseguiu perguntar.

— Sim, e ele quer que eu volte para Forks.

— E você quer voltar para lá? — Edward piscou rápido ao perguntar, a voz num tom mais grave.

Bella apenas assentiu com a cabeça, ela não era a mais feliz de todas em Forks, mas a situação era pior na Flórida.

Depois de alguns minutos e um pouco de comida, eles começaram a curtir a companhia um do outro, seus corpos inclinados entregavam tudo, junto dos sorrisos e a taça de vinho na mesa. Horas poderiam ter se passado facilmente e eles nem mesmo teriam notado. Cada vez que a mais nova começava a rir, Edward se sentia maravilhado.

O homem pagou a conta e acompanhou Bella até o carro, sem pensar nenhuma besteira dessa vez. Ele estava gostando dos momentos que estava passando com Bella.

— Você gosta de sorvete? — a garota perguntou como criança tendo uma ideia genial.

— Claro. Por quê?

— Eu conheço um lugar. — Ela sorriu com malícia.

Ela o levou para uma sorveteria perto da praia. O lugar não era nem um pouco chique como o homem estava acostumado. As paredes eram de madeira escura assim como o chão. Um idoso simpático estava na recepção, ele já conhecia Bella, era uma cliente que estava ali quase diariamente.

Ela escolheu o seu sorvete e ajudou o homem a escolher o dele.

— Eu nunca tomei esse — o homem falou levemente envergonhado, olhando para o sorvete branco e preto.

— É sério que você nunca tomou sorvete de flocos? — Bella perguntou, incrédula, pagando pelo sorvete dos dois, o que Edward não aprovou.

— Não é educado deixar uma garota pagar. — Edward pegou seu sorvete, desajeitado.

Bella revirou os olhos. Ela saiu da loja e puxou o homem pela mão.

— Vamos, prove! Você vai se apaixonar.

Ele provou o paraíso gelado que estava em sua mão, apreensivo.

— Nossa... — um sorriso surgiu em seus lábios enquanto ele colocava a colherzinha de plástico sem parar na boca.

— É muito bom, né? — Bella riu.

Ele sacudiu a cabeça concordando com ela. Eles andaram na rua por alguns minutos, indo em direção ao carro, observando o movimento. A cidade estava lindamente iluminada, era tarde da noite e ele se sentia em um daqueles filmes de romance adolescente. Era uma sensação diferente e seu corpo não sabia como reagir.

Sem perceber, Edward começou a encarar a mais nova, mas sem parecer faminto. Ele analisou cada detalhe de seu rosto; as sobrancelhas finas, o nariz pequeno e arrebitado, os lábios....

Os lábios.
Edward parou de andar, fazendo com que ela parasse também. Ele se aproximou dela, puxando-a pela cintura. Bella esqueceu do dinheiro do homem por alguns segundos, Edward esqueceu de sua vida por alguns segundos.

Ele a beijou como nunca havia beijado ninguém antes; com calma, sem desespero. Bella deixou cair o pequeno pote que estava em sua mão, e tudo ficou ficou devagar. Ela enlaçou o pescoço do homem com seus braços, ficando na ponta dos pés. Ele sentia faíscas em seus lábios e milhares de correntes elétricas passando por todo seu corpo. Ele a beijava como se o mundo fosse acabar naquele momento e ele queria se despedir.
Bella inclinou sua cabeça, deixando espaço para os lábios do homem brincarem com seu pescoço. Ele sentia seu perfume doce e isso o fazia querer mais e mais.

Ele queria a levar para o carro, porém acabou se segurando de algum jeito. O mais velho só queria aproveitar aquele momento que se recusava a estraga-lo. Eles tentaram se olhar nos olhos por alguns segundos, mas o desejo falou mais alto, então Bella tomou controle da situação, beijando-o como ela queria.

Ela nunca imaginou isso, muito menos ele. Agora eles estavam ligados.

Vermelho SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora