Capítulo 10 - Limite

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Edward

Passei um pouco daquilo em minha gengiva. O efeito não foi tão rápido, mas deu para o gasto. Eu estava me odiando por ter feito isso. Terminei de me vestir e fui até a sala pegar um maço de cigarro, acendi um e coloquei na boca. Andei pela casa impaciente, não conseguia parar de pensar no que havia acontecido.

Bella não foi embora. Mas não me ligou depois do ocorrido. Ela sumiu completamente já havia mais de uma semana.

Peguei a chave do carro e dirigi sem rumo. Não pretendia morrer, então tomei cuidado. Parei em um tipo de lanchonete barata e entrei, peguei um refrigerante e coloquei uma nota qualquer no balcão da garota que me olhava tentando ser sedutora. Fui para fora e encostei as costas na parede.

Prestei atenção na rua por alguns minutos. O gosto doce do líquido em minha mão me fazia esquecer do quão ridícula minha situação era. Reconheci com desgosto um ridículo e esportivo carro branco que era tão aberto que eu podia ver exatamente quem estava dentro. Jacob.

E Bella.

Entrei em meu carro rapidamente e o segui. Eles pararam na frente da lanchonete favorita de Bella e ele saltou do carro, mas não abriu a porta para ela. Ela saiu do jeito mais informal que eu já vi. Estava usando uma camisa branca, shorts jeans e tênis vermelhos.

Saí daquele lugar assim que percebi que apertava o volante com muita força. Eu queria gritar com aquele filho da puta e mantê-lo longe da minha garota, mas eu não podia. Ela nem mesmo era minha.

Soquei o banco algumas vezes enquanto eu xingava alto. O que eu deveria fazer? Abri o porta-luvas e encontrei minha pistola preferida. Eu poderia mata-lo, mas isso me foderia completamente e eu poderia ser expulso. Por que ele é tão babaca?

Comecei a dirigir em direção à sua casa. Sua enorme, estúpida e lotada casa. Ele morava um tanto afastado de mim, o que era ótimo, tínhamos pouco contato. Sua família inteira morava junta, assim como a minha, mas a casa estava sempre cheia.

Sai do carro e sentei-me no capô, esperando ele chegar. Contei os minutos impaciente, olhando no relógio a cada dois segundos. Eu pretendia quebrar a sua cara.

Quando vi seu carro branco se aproximando eu preparei meus punhos e senti a adrenalina se misturar ao meu sangue de maneira desesperada. Ele saltou para fora do carro assim como Bella, que estava pálida e boquiaberta.

Corri para cima dele e acertei seu maxilar com toda minha força. Balancei a mão para tentar aliviar a dor, me preparando para acertá-lo de novo.

— Eu vou te matar, seu filho da puta — gritei para o garoto que se contorcia no chão.

— Edward, pare com isso — falou Bella enquanto corria em minha direção.

Ela não conseguiu me segurar e acabou sendo jogada para o carro. Peguei Jacob pela gola da camisa e subi nele, depois dei mais alguns socos em seu rosto até ver sangue na minha mão. Apenas isso me satisfez.

Bella puxou minha camisa e eu sai de cima dele. O sorriso em meu rosto não se desfez em momento algum, mesmo depois de ver a cara de apavoro da mais nova.

— Você... tá louco? — perguntou ele enquanto limpava o sangue da boca. Eu não conseguia parar de rir.

— Sim, seu filho da puta.

— Edward, vamos — Bella puxou meu braço e eu andei lentamente ao seu lado.

Nós entramos no carro e imediatamente Bella cruzou os braços e fez bico.

— O que deu em você, definitivamente enlouqueceu? Por que você fez isso?

— Eu já disse que sim — liguei o carro e saí do lugar o mais rápido possível, os números no painel subindo em segundos. — O que você estava fazendo com Jacob?

— Ele me pediu desculpas e me chamou para sair.

Minha boca se abriu e arqueei as sobrancelhas.

— Jacob pediu desculpas?

— Ele não é tão ruim assim, você está exagerando muito.

Eu fingi ignorar o que ela falou, eu não conseguia me concentrar em mais nada quando ela estava perto de mim, ainda mais depois de tanto tempo sem vê-la. Mas, por que eu não conseguia ficar bravo com ela? Por que eu não conseguia parar de pensar em descruzar aqueles braços e beijar aquela boca até perder o ar? Eu não era mais eu. Tirei a pistola da minha calça e coloquei no porta luvas. Bella deu um pequeno pulo e tentou disfarçar.

— Eu poderia ter matado aquele filho da puta. — Mas eu não matei porque Bella estava ali.

— Por que vocês se odeiam tanto?

Sibilei enquanto apertava o volante. Garotos passaram correndo na calçada com algumas garrafas na mão aparentemente fugindo de seu amigo.

— Nossas famílias nunca se deram bem — olhei para ela, porém ela não olhou para mim.

— E vocês trabalham juntos?

Eu não sabia muito bem como falar sobre isso com ela.

— Sim — minha voz saiu estranhamente fraca. Não podia transmitir isso a ela, então me recompus e endureci a expressão. — Mas isso não nos torna amigos.

— E você tem algum motivo para odiar Jacob?

Semi cerrei os olhos.

— Eu nunca o suportei, desde que eu o conheço ele é um babaca.

Olhei para ela mais uma vez e novamente ela não me olhou. Por que ela me ignorava? Passei pelo seu bairro e parei na frente de sua casa. A postura de Bella revelava o quão desconfortável ela estava.

— Você quer entrar? — Ela colocou a mão sobre meu joelho e sorriu para mim.

Meu coração se desesperou.

Eu aceitei antes de pensar. Entrei em seu apartamento e comecei a me sentir um lixo. A única coisa que conseguia fazer era olhar para aquela garota desajeitada que pegava alguma coisa na cozinha, que parecia tão linda mesmo sem fazer esforço algum. Ela não era apenas um pedaço de carne que eu usaria de brinquedo como todas as outras garotas que eu já tive, eu estava começando a me importar com seus sentimentos e isso era tão perigoso.

Meu celular começou a tocar e ela apontou para a porta. Fui para o corredor e atendi e escutei a voz de Jasper falando um monte de bobagens. Ele nunca me ligava, tinha que ser algo importante.

— O que foi? — Perguntei ríspido.

— Está tudo indo tão bem, cara! Nossos contratos então todos perfeitos, o governo está do nosso lado e estamos crescendo cada vez mais.

— Tá, e daí?

— Edward, eu acho que Jasper não está muito bem — Alice falou um pouco irritada, eu ainda conseguia ouvir Jasper falando atrás dela, cantando alguma música. — Já falou com Bella?

— Eu estou na casa dela e vocês estão me atrapalhando.

— Desculpe—me. — Ela riu baixo. — Você sabe o que tem que fazer, isso já passou da hora. Saiba que estarei aqui torcendo por você.

Ela desligou a ligação e eu não tirei o celular de perto da orelha. Por que eu estava paralisado? Na verdade, eu sabia bem. Eu precisava falar o que eu estava sentindo, não podia mais esconder. Minha vida era perigosa demais para não falar com Bella. Aquele era meu estopim, a gota d'água. A determinação que eu precisava.

— Seja minha garota, Bella — gritei do lado de fora da porta. Escondi minhas mãos trêmulas nos bolsos da calça. — Apenas seja minha! — falei mais alto.

— Você está louco, Edward? — Ela parecia estar furiosa quando abriu a porta.

Tão linda.

— Seja minha — me aproximei em passos pequenos. — Seja, Isabella Swan.

Seus olhos me examinaram dos pés à cabeça. Sua boca estava levemente aberta e eu podia ver um pouco de seus dentes grandes. A imensidão castanha encontrou meu rosto e ela sorriu maliciosa.

— Você irá acordar os vizinhos.

— Danem—se todos — coloquei os dedos em seu maxilar e a beijei de modo sereno. — Você é minha.

Vermelho SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora