Capítulo 14 - Colher

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Edward corria os dedos pela seda deitada em sua cama, subindo e descendo o dedo indicador em suas costas. Ela dormia de modo sereno, quase parecia um anjo, enquanto ele pensava em milhares de coisas. Sua cabeça estava atormentada por ideias horríveis que ele nunca deveria pensar se quisesse continuar com Bella, porém era inevitável.

Como poderia ele deixar que a garota sofresse? Eles viveriam em um eterno estado de alerta, sempre se escondendo e nunca realmente vivendo. Ele não queria isso para sua amada, queria na verdade que ela tivesse uma vida de verdade, um casamento e uma família enorme. Por um momento Edward se sentiu egoísta por querer ela ao seu lado. Ele queria que ela se casasse com ele, que tivesse uma família com ele, que ficasse ao seu lado durante os bons e maus momentos. Edward se permitiu sonhar por alguns minutos.

Ele escutava a garota falar seu nome enquanto dormia, e isso o deixava maravilhado, era a certeza de que ela também sentia algo. Edward nunca imaginou que uma coisa tão maravilhosa como o amor poderia acontecer com ele. A garota inconscientemente se ajeitou na cama e encostou sua cabeça no peito de Edward, o deixando em uma posição tão confortável que permitiu o corpo dele descansar.

O clima da manhã seguinte era ameno, a luz do sol passava suavemente pela cortina fina e iluminava o quarto em pontos específicos. Quando Edward acordou, Bella já estava fora da cama, escovava os dentes no banheiro. Ele coçou os olhos e se levantou para pegar roupas limpas. Pela primeira vez em muito tempo Edward colocou uma camisa que não era preta, cinza ou branca, e sim vermelha. Ele se olhou no espelho e estranhou o jeito que a cor destacava sua pele levemente bronzeada pelo sol floridense. Bella saiu do banheiro e se assustou com o homem, mas logo abriu um sorriso enorme.

— Parece que nós estamos combinando — disse ela, colocando o pé direito na frente do esquerdo para mostrar seu all-star vermelho.

Edward sorriu de volta e foi para o banheiro. Bella prendeu seu cabelo em um coque no topo da cabeça e esperou seu namorado, para que fossem tomar brunch juntos. Ele apareceu depois de longos minutos com o cabelo penteado e um enorme sorriso nos lábios.

Eles foram para o carro do homem, ninguém na casa queria cozinhar, como sempre, então eles precisavam que alguém cozinhasse por eles. Bella obrigou Edward a parar em uma lanchonete nada luxuosa — uma coisa que ele já estava começando a se acostumar a fazer —, pediram um amontoado de comidas e Bella, por incrível que pareça, ainda pediu a sobremesa.

— Eu estava com tanta fome... Ainda estou, na verdade — informou Bella, comendo um pedaço de bolo de chocolate com uma colher.

— É melhor eu correr daqui ou você vai me comer também. — Edward sorriu para ela, admirando como os fios soltos do cabelo de Bella caiam de forma perfeita em seu corpo, delineando seu rosto. — Você quer mais alguma coisa?

— Não me julgue... Eu quero uma garrafa de Mountain Dew, por favor.

Edward revirou os olhos e se levantou para comprar a garrafa e pagar a conta. Bella se sentia um pouco estranha ao vê-lo pagando tudo, mesmo isso tendo sido seu plano no começo, mas sempre que ela se oferecia para pagar ele fazia cara feia e falava que não era educado.

Ele também estava a acostumando a esperar ele abrir as portas para ela. Ele foi criado à moda antiga, quando as mulheres, de algum jeito, ainda eram tratadas com cavalheirismo. Ele abriu a porta do carro e ela entrou, sorrindo em agradecimento. Edward dirigiu pelas ruas de Miami com tranquilidade, o cabelo balançando por causa do conversível. Olhou para Bella por um segundo e admirou seu rosto despreocupado, os olhos fechados e os dedos ao redor da garrafa de refrigerante que tinha uma cor gritante.

Assim que Edward viu um carro conhecido estacionado na frente de sua casa, sentiu seu sangue ferver de forma violenta.

— Isso não pode estar acontecendo! — exclamou, assustando sua namorada. Ele estacionou o carro e abriu a porta para Bella, entrando na casa junto à ela.

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