Capítulo 7 - Subúrbio

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 I saved it, I waited, I called it

— Esquece. — Edward falou rude.

— Eu não quis dizer isso, Edward. — Bella mordeu o lábio inferior. — Eu só... acho que você está acostumado com outras coisas.

Bella se deitou em sua cama e o convidou com os olhos. Ele hesitou, mas cedeu.

O mais velho se deitou na frente dela, encarando o rosto delicado da garota, as sobrancelhas finas e o nariz pequeno. Ele sentia como se estivesse se apaixonando por ela e isso lhe arrepiava. O clima era aconchegante e o silêncio não era constrangedor, mesmo depois do que acabara de acontecer.

— Me beije, Edward. — pediu Bella, sussurrando, havia algum tipo de dor em suas palavras. Ele a obedeceu, beijando-a como se quisesse acariciar a sua alma.

O fogo, que estava descontrolado há pouco, agora estava calmo, satisfeito; os dois se sentiam ligados.

Ele a puxou para mais perto, sentindo o cheiro de morango que estava em seu cabelo. Ela se aconchegou em seus braços fortes e dormiu despreocupada. Aquele se tornara seu lugar favorito no mundo.


***

— Bella? — chamou Edward, acordando-a.

Ela olhou para ele com uma falsa raiva nos olhos castanhos e sonolentos.

— Estou escutando — a morena informou, sua voz era fraca. Ela aconchegou novamente sua cabeça no peito do homem.

— Eu tenho que ir.

Essas palavras pareceram quebrar o coração de Bella, entretanto ela não entendeu o porquê. Ela respirou fundo, sem se mexer.

— O seu pai já saiu. — Informou Edward, soltando-se do abraço apertado e sonolento da garota

— Você voltará quando?

— Na quarta.

Ela assentiu e tentou voltar a dormir. Ele beijou sua testa, se despedindo. Edward pegou sua mala, foi para o banheiro e tentou se arrumar. Ele tirou um cartão de sua carteira e colocou-o sobre a escrivaninha, escreveu alguns números em um papel e colocou logo ao lado, depois saiu.

Após algum tempo a garota resolveu levantar da cama, ainda com preguiça. Ela se despiu e foi até o banheiro, tomou banho e colocou alguma roupa qualquer — Edward não estava, ela não precisava parecer a garota mais bonita que ele já viu.

Ela desceu até a pequena cozinha que conhecia muito bem. Ela observou a mesa quadrada, as paredes revestidas de madeira e os armários amarelos. Pegou uma caixa de cereais, leite e se sentou em uma das cadeiras que não combinavam.

Após algumas horas Edward estava na Califórnia. Ele reconheceu rapidamente o homem que lhe esperava no aeroporto.

Ele era um velho conhecido da família, havia trabalhado com o avô de Edward um pouco antes de sua morte. Eles apertaram as mãos e Edward entrou no carro simples que o homem dirigia.

Eles ficaram quietos o caminho inteiro, como sempre. Após chegarem em um subúrbio em São Francisco, ele entrou em uma casa que ele conhecia muito bem.

Ele reconheceu a parede de madeiras claras quando entrou na casa, o carpete bege macio e a luz que vinha do lado de fora. Edward passou boa parte de sua infância dentro desta casa, sonhando com o lado de fora.

— Quanto tempo, meu jovem. — Um homem de quase setenta anos cumprimentou Edward com um abraço caloroso.

— É, Maxwell. — Edward sorriu sem jeito, encarando o homem de olhos azuis.

Seu cabelo era grisalho e um tanto longo, na altura no maxilar, totalmente penteado para trás e cheio de gel.

— Como está Carlisle? Ele não vem aqui há muito tempo. — Eles se sentaram no sofá macio.

— Ele está bem.

— Eu não te vejo desde que você era um pirralho! — zombou Maxwell, pegando uma garrafa de whisky. — Você está muito melhor agora. Quando providenciará meus netos de consideração? — ele perguntou enquanto colocava a bebida em dois copos.

Edward tentou ignorar sua pergunta, mas ele sabia que isso não daria certo. Ele tomou um gole da bebida em sua mão e a resposta saiu como um jato.

— Eu ainda não me casei.

Maxwell ficou boquiaberto.

— Como um bonitão desse ainda não foi fisgado? — ele zombou, dando um tapinha na perna direita de Edward, que agora estava sem graça — Pelo menos você já tem alguém?

— Eu... eu tenho. — ele sussurrou enquanto passava os dedos em seu cabelo cor de cobre, tentando aliviar a tensão.

Os olhos azuis do mais velho agora estavam curiosos. Edward puxou seu celular e lhe mostrou uma foto que havia tirado de Bella enquanto ela estava distraída.

— Moça bonita, charmosa... farão ótimos filhos. — Maxwell falou assim que terminou de tomar todo seu whisky.

Edward estava sem graça de novo, apenas sorriu torto.

— Os contratos foram renovados, está tudo uma beleza, meu querido. — Agora o mais velho tentava animar o mais novo — Nós somos ricos, muito ricos, e de forma quase justa.

Edward tentou não quebrar o copo que estava em sua mão; ele praticamente não teve escolha.

— Você gosta de dinheiro, não é? Todos nós gostamos. Sua garota gosta também, provavelmente muito mais que você. — Ele se aproximou de Edward — Acho melhor você manter sua boca fechada e as mãos amarradas nas costas.

— Eu não vou falar nem fazer nada — informou o ruivo, bebendo o líquido em seu copo de uma vez. — Eu estou bem.

— É assim que se fala! — O mais velho saiu da sala levando a garrafa, deixando Edward sozinho.

Bella estava estranhamente feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por estar com seu pai, mas triste por estar sem Edward.

Seu plano ainda estava dando certo, mas ela estava ficando com medo do que estava sentindo; ela não deveria se apaixonar. Jamais.

Ela observava o pequeno e poderoso cartão que estava em sua mão, era quase uma passagem para um mundo totalmente novo. Os dias sem Edward passaram lentamente, assim como os dias sem Bella. Eles gostavam do que estava acontecendo entre eles, mesmo não querendo confessar.

— Edward parece ser um bom moço, é educado — Charlie informou, acordando Bella de seus devaneios —, espero que ele realmente seja.

Bella apenas sorriu para seu pai tentando digerir a informação. Ela quase entendeu o que ele estava falando.

— Ele é.

Pelo menos ela queria acreditar nisso.

***

Terça feira. Edward estava querendo cometer um homicídio. Ele já não aguentava mais ouvir Maxwell tentando balbuciar algumas palavras.

Ele não sabia o porquê daquele homem continuar vivo enquanto todos já se foram. Ele queria usar um pouco da droga que vendia, mas Edward o convenceu de que uma overdose já era demais, não queria aquilo em suas costas.

Ele entendia o lado do homem solitário. Entendia o porquê de todas essas bebidas espalhadas pela casa que antes era lotada de gente. Todos se foram, ele é quase um lobo solitário. Quase.

Edward cresceu nessa casa com seu avô, seu pai, sua mãe e seus irmãos, assim como seus "primos". Maxwell teve filhos, mas eles escaparam assim que tiveram chance.

Edward continuou não por amor às drogas e ao dinheiro, mas sim por pena. Ele sentia pena de todos que se envolviam com aquilo, principalmente dos iludidos. Ele olhou Maxwell, que agora dormia em sua poltrona, com desdém. Ele não queria acabar daquele jeito. Se recusava a acabar daquele jeito.

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