Capítulo 9 - Vidro

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A mesa redonda feita de vidro que estava ocupada por carreiras brancas, garotas e cigarros impressionou Bella. Ela não reconheceu a maioria dos rostos e isso a deixou feliz por algum motivo.

— Ah, Bella! — gritou uma mulher de aparência jovem demais para sua idade, de cabelos negros e pele clara andando em direção ao casal. — Prazer, eu sou Esme, mãe de Edward.

— Prazer — Elas se cumprimentaram com as mãos.

— Eu estava tão ansiosa para te conhecer, estou tão feliz por você e Edward. —

Seu sorriso era o mais sincero e amoroso que ela recebia há anos.

Edward apertou a cintura de Bella com os dedos, falando discretamente que ela teria que mentir.

— Obrigada.

— Apresente-a aos outros, querido.

Esme saiu de perto e voltou para a confusão mal cheirosa.

Edward queria fugir dali o mais rápido possível. Aquele não era seu lugar, muito menos o da garota ao seu lado. Ele não queria que isso estivesse acontecendo, mas estava, afinal, e ele teria que conviver com isso.

— Eu não sei o nome da maioria, mas aqueles são da família Lutti — ele apontou para a direita com o nariz — e aqueles são de alguma família que eu não sei o nome. Aquele é Jacob — sua voz quase se tornou um rosnado. — Jacob Black, filho de Billy Black. Eu o odeio.

— Por quê? — Perguntou Bella, balançando a cabeça. — Ele parece ok.

A expressão de Edward se tornou mais furiosa ainda. Jacob percebeu uma pessoa nova estava no local ao lado de Edward e, como um bom garoto, resolveu cumprimenta-la. Ele se aproximou arrumando o cabelo longo e a sua gravata cor de grafite.

— Olá — ele sorriu revelando seus dentes perfeitamente alinhados. — Você é Bella, não? É a atração principal daqui, todos querem saber quem foi a... garota que descongelou o coraçãozinho de Edward. A propósito, meu nome é Jacob.

— Muito prazer, Jacob — ela estendeu sua mão para o moreno, mas antes que ele pudesse pega-la Edward puxou a garota para trás.

— Deixe os bons modos para depois, criança. É melhor você sair daqui antes que eu quebre seus dentes de novo. — Edward falou de forma calma, mas tão ríspida que poderia quebrar uma pessoa ao meio.

Jacob levantou os braços em rendição e saiu de perto balançando os ombros por conta de sua risada sarcástica.

— Aquele filho da puta!

— O que houve aqui? — Bella virou-se para Edward, fitando seus olhos mornos e esverdeados. — Ele estava sendo educado.

— Educado. Rá-rá.

A mais nova cruzou os braços.

— Eu vou ter que beijar esse bico se você não melhorar essa cara agora mesmo.

— Edward, você vai experimentar um pouco? — Gritou o moreno de antes. — Talvez a sua garota goste um pouco do seu trabalho, não? — Ele riu abafado enquanto esfregava o dedo indicador no lado direito do nariz.

Edward andou em direção a mesa de bebidas atrás dele e pegou uma garrafa de licor de malte, girou a tampa, engoliu um pouco do líquido e a quebrou na mesa em seguida, fazendo com que milhares de pedaços pequenos e brilhantes de vidro dançassem e rodopiassem no ar.

— Fale mais alguma coisa e eu enfio isso daqui na sua garganta com muito gosto — ele segurou a parte da tampa com força e apontou a afiada para Jacob.

— Calma aí, cara.

— Edward — chamou Bella, tocando seus dedos finos no braço do ruivo. — Vamos.

O mais velho rosnou, mas deixou Bella puxá-lo para fora da sala. Eles foram até o carro, Edward xingava o garoto o tempo todo e usava todos os palavrões que conhecia.

— O que foi aquilo? — indagou a mais nova, procurando alguma coisa que poderia usar para limpar a sujeira de Edward.

— Eu falei que eu odeio aquele filho da puta. Eu estou disposto a matá-lo hoje mesmo.

Bella tentou disfarçar o arrepio que percorreu o seu corpo. Edward não parecia estar brincando, ela nunca o vira tão furioso; ele estava violento, mas não podia fugir disso.

— Me distraia ou eu voltarei lá e quebrarei aquela cara perfeita e adolescente que ele tem.

— Você está com alguma arma?

— Eu sabia que ficaria irritado em algum momento, então deixei todas em casa. Eu vou quebrar a cara dele até o sangue de sua boca se misturar com o da minha mão.

Bella tocou o rosto do ruivo torcendo para que ele não quebrasse nenhum de seus ossos. Ela o acalmou parcialmente com uma carícia em sua bochecha.
Ele dirigiu até um hotel luxuoso no centro da cidade; um lugar que ele não poderia pegar suas armas para cometer um homicídio em massa.

— Edward... — Bella jogou o tecido felpudo sobre a cama luxuosa assim que passou pela porta.

— Eu não quero falar sobre isso

Ela tirou seus sapatos e sentou na cama. Estava tão confusa que não sabia se falava com ele ou não. Edward tirou sua gravata e bagunçou seu cabelo perfeitamente penteado para trás.

— Eu não queria que você tivesse visto aquilo.

— Está tudo bem.

— Não — ele caminhou até ela —, não está!

Ele a segurou pelos ombros com mais força do que deveria. Ela reclamou de dor, mas ele não a soltou.

— Você está ficando maluco?

— Eu sou maluco! — gritou ele, olhando friamente para a garota desesperada na sua frente. — Você sabe que eu sou maluco!

— Edward, me solta!

Ele tirou o seu paletó e o jogou no chão assim que se soltou de Bella, ele estava instável e ela sentiu um arrepio percorrer o seu corpo novamente.

— Eu sou um traficante, Bella. Todos aqueles são. Eu vendo cocaína para o pior tipo de gente que você nem pensa em conhecer — murmurou ele. — A elite nos conhece muito bem. Eu ganho dinheiro com a destruição de outras pessoas. Eu pago tudo com desgraça.

A boca de Bella se abriu de forma involuntária. Ela imaginou muita coisa, só não isso.

— Se você quiser correr é melhor fazer isso agora.

Ele fechou os olhos e cerrou os punhos, estava se preparando mentalmente para ver a sua garota escapando de seus braços por uma coisa que ele não queria ser, uma coisa que ele não escolheu ser. Andou até a porta e ficou de costas para Bella.

— Edward, eu... não sei o que falar — a voz de Bella estava trêmula e fraca. Adrenalina corria pelo seu corpo e seus pelos da nuca estavam eriçados.

— Corra logo! — gritou ele ainda de olhos fechados, seu corpo tremia. — Corra, corra!

— Não.

Ele sentiu alguma coisa em sua barriga e suas costas. Bella passou os dedos pelo abdômen do homem enquanto encostava em suas costas dando-lhe um abraço.

— Eu não vou sair daqui — sussurrou ela enquanto encostava sua cabeça nas omoplatas do homem.

Os pêlos da nuca de Bella ainda estavam eriçados, a adrenalina que corria por suas veias agora estava enlouquecida. Ela estava louca.

A mais nova suspirou e fechou os olhos, sentindo a postura de Edward relaxar.

Oh, Deus, pensaram juntos.

Vermelho SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora