Conhecendo o inimigo

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Aquela era mais uma noite em que eu saia para matar alguém. Não é uma coisa muito agradável de se fazer, mas se meus pais faziam, por que eu não posso fazer também?!

Entrei nessa vida logo após a morte da Marcela. Ela nos impedia de se envolver com essas coisas, mesmo nós sendo adultas, pois ela achava que nós deveríamos esquecer esse lado da nossa história. Mas nós não conseguiamos. Então, após a morte dela e depois de termos superado o luto de perder mais uma pessoa importante para nós, entramos nessa lado negro da vida.

Entro no banheiro, faço minhas higienes, tomo um banho para relaxar e volto para meu quarto enrolada na toalha.

Coloco um vestido longo vermelho que tinha uma fenda que deixava minha perna direita completamente exposta. Pego um salto agulha e o calço, solto meu cabelo e deixo ele cair naturalmente sobre meus ombros, formando pequenas ondulações. Escolho algumas jóias e as coloco, faço uma maquiagem pesada que realçava meu olhar e coloco um batom nude.

A Fran entra no quarto quando eu já estou pronta e eu dou uma voltinha pra ela.

— Que tal? —pergunto.

— Está perfeita! —responde com admiração.— Aqui está a mistura que você vai ter que colocar na bebida dele. —ela me estende um frasco pequeno, eu o pego e coloco dentro do meu sutiã.— Lembre-se do plano, mate-o primeiro que os Vargas.

— Pode deixar. —respondo.— A Ludmila já está pronta?

— Está quase, daqui a pouco vou ver se ela precisa de alguma coisa. Boa sorte e cuidado irmã. —ela me abraça e eu retribuo seu abraço. Só porque é a mais velha, a Francesca acha que deve cuidar de nós como uma mãe. Mas já somos bem crescidinhas e sabemos nos cuidar.

Peguo o carro e vou para a festa que estava tendo na casa dos Stewart. Entrei facilmente na festa e tratei de começar a colocar o plano em prática: procurar o Nicolas Stewart, seduzi-lo e matá-lo antes de algum Vargas.

Pessoalmente, eu não tenho motivo algum para matá-lo, mas ele acabou se envolvendo com pessoas que não são fáceis de lidar e agora querem ele morto, daí contrataram os Vargas para matá-lo. Então eu vou dar uma atrapalhadinha no plano deles.

— Uma bebida, por favor. —peço ao garçom e me sento em uma cadeira. Logo o mesmo aparece com meu drink e eu dou um pequeno gole enquanto procuro o tal do Nicolas.

Após alguns segundos procurando por ele, finalmente o encontrei. Ele estava conversando com um homem alto, de cabelos castanho escuro, mas não pude ver seu rosto pois ele estava de costa para mim. Mas eu suspeito que seja o Leonard Vargas.

Continuei olhando para o Nicolas, até que ele começou a me olhar também. Abaixei o olhar e sorri timidamente. Dei mais um gole no meu drink e senti alguém se aproximar. Ergui a cabeça e vi que era o Nicolas.

"Caiu na minha armadilha como um patinho."

— Por que uma mulher maravilhosa como você está sozinha? —perguntou sorrindo e sentando ao meu lado.

Começamos a conversar e eu comecei a usar minhas armas para conquistar ele, coisa que seria fácil demais.

Durante nossa conversa, eu sentia alguém nos observando e aquilo já estava me deixando irritada.
— Você conhece aquele rapaz com o terno azul escuro? —perguntei baixo para Nicolas e o mesmo o procurou.

— Ah sim, claro que conheço. Leonard Vargas, filho de um grande parceiro nos negócios. —confirmei minhas suspeitas.— Por que a pergunta?

—Por nada... —sorrio e tento continuar a atrapalhar o plano dos Vargas.

Mas os olhares que o Leonard está lançando em minha direção está me deixando muuuito incomodada.

O Nicolas me convida a ir até o andar de cima para me mostrar algumas artes que ele gosta. Lembro da Fran falando "Ele sempre leva as mulheres para admirar as artes que ele tem. Quando vocês chegarem lá, espere ele dar bobeira com a bebida dele e então pode colocar o líquido no copo."

Chegamos no andar de cima e ele acaba dando de bobeira com sua bebida enquanto me mostra uma pintura muito antiga e valiosa. Eu pego o vidrinho que estava no meu sutiã e despejo o líquido na bebida do Nicolas.

Logo ele pega seu copo e bebe todo o conteúdo do mesmo. Sorrio internamente, ele já era um homem morto. Agora só preciso me livrar da companhia dele.

Eu seguro meu copo e me aproximo do Nicolas de propósito na intenção de derramar minha bebida em cima dele. Mas ele acaba derramando no meu vestido, justamente no meu decote.

— Me desculpe! —diz e logo tira um paninho de dentro do bolso para tentar enxugar.

Tentei pegar o pano da sua mão discretamente, me sentia um pouco constrangida por ele estar enxugando meus seios. Mas ele continuou lá, me enxugando, quer dizer se aproveitando da situação. Dava pra ver pelo seu olhar que ele estava gostando daquilo. E isso me dava nojo.

— Já está bom... —tento me afastar, mas ele me segura pelo pulso e cola seu corpo no meu. Consigo sentir todos, exatamente todos, os músculos endurecidos do seu corpo contra o meu e aquilo me deixa nervosa. Isso não estava no plano.

— Não se faça de difícil... —diz Nicolas com um tom malicioso e eu reviro os olhos. No mesmo instante, dei uma joelhada no meio das pernas dele e o mesmo me soltou e curvou-se de dor.— Sua vadia! —falou entredentes, me olhando com raiva.

Sorri para ele e lhe dei as costas, dentro de poucos instantes ele estaria morto e eu precisava sair dali o mais rápido possível.

De repente, ele me agarrou por trás com muita força e tentou me arrastar para dentro de uma quarto. Meu grito saiu abafado por conta da mão dele estar tapando minha boca. Tentei bater nele de todas as formas, mas parecia que eu tinha perdido as forças. Me amaldoçoei mentalmente por não ter trazido uma arma.

Quando estávamos quase dentro do quarto, alguém bateu forte na cabeça dele e eu o escutei gemer de dor e me largar. Respirei fundo aliviada e me virei para ver quem tinha me salvado: Leonard Vargas.

— Você está bem? —perguntou me olhando com cautela.

—Sim, estou bem. —falo friamente fitando seus lindos olhos verdes.

"Sem distrações Violetta! Foca no plano!" —meu subconsciente grita pra mim.

Olhei para o Nicolas que estava no chão se recuperando dar dor. Ele colocou a mão na garganta e tentou puxar o ar, mas não conseguia. Parece que a droga que a Fran colocou no vidrinho estava fazendo efeito. Então uma espuma começou a sair da boca dele e seus olhos começaram a revirar.

—Me poupou do trabalho de matá-lo. —disse o Leonard, me olhando e sorrindo.

—Só estava fazendo meu trabalho. —dei as costas para ele e tentei sair dali.

Mas parece que hoje não era meu dia de sorte. Quando consegui sair dali e entrei no meu carro, o Leonard saiu correndo atrás de mim.

— Eii! —bateu no vidro do carro e eu o abri.— Não rola nem um "obrigado"? —disse com um sorriso irônico.

— Não... —dei um sorriso falso e pisei no acelerador.

Cheguei em casa e fui direto para meu quarto, já estava tarde e a Fran já deveria estar dormindo.

Aquela missão tinha sido cansativa, mas foi concluída com êxito. Quanto ao Leonard: se eu estivesse com uma arma ali, o matava na mesma hora pra me poupar o trabalho de ter que matá-lo depois.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora