Prólogo

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15 anos atrás

Estava dormindo como um anjo quando um barulho enorme começou a escoar no andar de baixo. Acordei assustada e vi a mamãe entrando no meu quarto arrastando a Francesca e a Ludmila.

— Mãe, o que foi? —perguntei preocupada.

— Fecha a porta Francesca, rápido! —falou sem dar atenção a minha pergunta.

Ela abriu meu guarda-roupas desesperada, fez a maior bagunça até achar a abertura que tinha para um esconderijo. Assim que ela abriu a Francesca entrou correndo e chorando. Logo depois foi a Ludmila, mais calma que a Fran, mas ainda assim preocupada.

— Vem Violetta, logo! —gritou comigo, totalmente desesperada.

Corri até onde elas estavam e entrei no esconderijo. A mamãe nos abraçou e começou a chorar.

— Mamãe, o que está acontecendo? —perguntei com medo.

— Estamos sendo atacados filha. Mas fiquem aqui e não saiam por nada, vai ficar tudo bem... —ela fez uma breve pausa para resfolegar.— Saibam que eu amo muito vocês, amo demais!

Recebemos um beijo na testa e um breve sorriso, antes que elas nos trancasse e saísse.

— Ludmi, o que está acontecendo? —perguntei com medo a abraçando.— Quem está nos atacando?

— Não sei Vilu... Mas fiquem calma! Como a mamãe disse, vai ficar tudo bem. É só esperar.

Nos abraçamos e começamos a pedir aos céus para que ficasse tudo bem.
O nosso esconderijo era bem planejado, ninguém de fora conseguia nos ouvir, mas nós conseguiamos ouvir tudo.
Vários tiros estavam sendo disparados no andar de baixo, escutava gritos e barulho de pessoas caindo.
Tampei meus ouvidos para não ouvir mais aquilo. Eu estava assustada, confusa e com medo, muito medo.

— Vocês prometem que nós nunca vamos nos separar? —perguntou a Ludmi tomando nossas mãos e as segurando com força.— Não importa o que aconteça, seremos sempre unidas e venceremos qualquer um que tropeçar nosso caminho... Prometem?

— Eu prometo. —respondeu a Fran estendendo a mão para mim.

— Também prometo. —falei pegando a mão da Fran e a apertando, jesto que ela retribuiu.

O barulho começou a diminuir. Esperamos até não escutarmos nenhum ruído. Então abrimos a porta e saímos do esconderijo. Meu quarto estava todo bagunçado, minhas bonecas tinham perdido suas cabeças, meus desenhos tinham sido rasgados. Tudo estava destruído.

Comecei a chorar e corri atrás da minha boneca preferida. Ela também tinha perdido a cabeça. Senti uma raiva imensa crescer dentro de mim e o choro parou.

Escutei um grito agudo vindo lá de baixo e corri para ver o que era. Desci as escadas correndo, quando cheguei na sala vi a Fran e a Ludmi chorando uma abraçada na outra. Me aproximei e vi a cena que tinha mexido com elas: nossos pais estavam mortos.

Senti meu coração pesar, minhas mãos começaram a tremer e as lágrimas escorreram do meu rosto sem fazer o menor ruído.

Caí de joelhos e me aproximei dos dois. Toquei o rosto da mamãe com as mãos trêmulas e senti sua pele fria. Abaixei a cabeça e fechei os olhos. Aquilo era um pesadelo. Não! Eu não tinha perdido meus pais.
Senti a Fran tocar meu ombro. Me levantei e a abracei. Logo a Ludmi se juntou a nós.

— Temos que chamar alguém. —falou a Francesca minutos depois, tentando se acalmar.

— Chame a polícia! —disse a Ludmi irritada e ao mesmo tempo chorosa.

— Não, o papai me disse para ligar para esse número. —ela puxou um papelzinho do bolso.

Fomos até o telefone e a Fran ligou para o número que o papai havia deixado. Ela falou com uma mulher e logo após desligou.

— Ela está vindo.

— Ela quem? —perguntei.— Com quem você falou?

— Não a conhecemos, mas ela disse ser uma amiga do papai. Vamos esperar por ela.

Poucos minutos depois, uma mulher de cabelos negros entrou na nossa casa. Após ver o estado em que ela estava, colocou a mão na boca chocada.

— Meninas? —gritou a nossa procura.
Fomos até ela e ela nos levou para dentro de seu carro.

— Esperem aqui por mim, não saiam por nada.

Ela voltou para dentro da casa, passou uns minutos lá dentro. Quando saiu acendeu um isqueiro e o jogou dentro da casa, logo as chamas aumentaram e a casa começou a pegar fogo. Ela veio correndo para o carro e nos levou para sua casa.

— Meu nome é Marcela, sou uma velha amiga dos pais de vocês. —começou a explicar quando nós estávamos longe de casa.— Vocês agora vão morar comigo e eu vou cuidar de vocês.

— Como nós podemos confiar em você? —perguntei com a voz firme.

— Ah Violetta, você não lembra de mim? —perguntou me olhando pelo espelho retrovisor. Balancei a cabeça.— Não a culpo, você ainda era um bebê da última vez que me viu.

— Vilu, eu lembro dela. Foi ela quem organizou o seu aniversário de um ano junto com a mamãe. —Francesca sussurrou em meu ouvido e senti meus músculos relaxarem.

— Você sabe quem matou nossos pais? —perguntou a Ludmi.

Ela parou o carro no meio da estrada, desatou o cinto de segurança e se virou para nos encarar.

— Vocês têm certeza que querem saber?

Nos entreolhamos e depois encarei a Marcela. Eu precisava saber daquilo, precisava entender o porquê de atacarem nossa casa em plena madrugada e matar o nossos pais.

— Sim. —falei.— Nós queremos saber.

— Bom, —começou.— o pai de vocês era o chefe da maior máfia daqui de Buenos Aires. E, sendo o chefe da máfia, ele acabou criando muitos inimigos. Mas o seu principal sempre foi o Pablo Vargas. Eles se odiavam porque, quando eram adolescente, uma mulher atrapalhou a amizade dos dois e acabou escolhendo o pai de vocês.

— Essa mulher é a mamãe? —perguntei.

— Sim, era a sua mãe. —ela fez uma pausa e fechou os olhos.— Então, no dia do casamento dos seus pais, o Pablo mandou um arranjo de flores para a Angie e jurou que um dia a mataria, tanto porque ela escolheu o German e também porque ela atrapalhou a amizade dos dois.

Abracei a Fran e a Ludmi e nós deixamos as lágrimas tomarem conta de nós.

“Eu vou vingar meus pais! Um dia vou achar os Vargas e vou destruir tudo de bom que eles tiverem em suas vidas. Nem que eu distrua minha vida por causa disso, eu vou matar todos os Vargas.” —pensei.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora