Conversas

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Lucas. Ou melhor, Luba. Uma pessoa ideal para eu conversar sobre esse assunto. Pelo que eu sei, ele é gay, seus conselhos devem ser ótimos, além dele ser gente boa. Continuei encarando ele por algum tempinho, até que o mesmo percebe e continua me encarando, confuso, de volta. Volto ao mundo real.

- Ah, oi Luba! É que eu queria falar algo com você... - Eu digo timidamente.

- Ah, claro! - Lucas responde de maneira alegre. - Teddy, depois você continua a contar essa história.

O garoto de boné ao lado dele (não, não o meu precioso garoto do boné) olha um pouco estranho para mim e vai embora, deixando nós dois sozinhos.

- Bem... - Eu começo a falar bem constrangido, pensando no que dizer. - É que eu queria falar com você sobre os meus sentimentos sobre uma pessoa. Se não quiser me ouvir, tudo bem, até porque não temos tanta intimidade... Mas, sei lá, eu vejo que você tem bons conselhos.

Ele começa a sorrir, e então pergunta:

- É sobre um garoto, não?

- Que? Não... - Eu digo, mas depois repenso meus conceitos. - Ok, você me pegou, é sobre um garoto sim. É que, sabe, eu acho que estou interessado nele. E isso é meio confuso, sabe?

Ele dá uma risada e se senta no banco atrás de nós. Eu sento ao lado dele.

- Várias pessoas vem conversar comigo sobre isso... Gays, Heteros, Bis... Várias. Eu não sabia que meus conselhos são tão bons assim como dizem.

- Uhum... - Eu balanço a cabeça. - Então... Isso significa que eu sou gay?

- Cara, só você pode responder essa pergunta. - Ele retruca. - Já teve alguma atração por alguma garota?

Começo a pensar um pouco.

- Pensando bem, na minha escola antiga, meus amigos ficavam fazendo pressão para eu namorar alguma garota, porém eu nunca senti nada por elas. Já aconteceu de uma se declarar e eu comecei a namora-lá pois não resisti a pressão. Só sei que foram as três semanas mais chatas da minha vida. Foi um namoro bom para ela, mas para mim não.

Luba começa a me encarar pensativo, arqueando as sobrancelhas.

- Eu acho que devo ser gay mesmo. - Eu continuo. - Enfim, o que eu devo fazer então? E se o garoto que estou afim não gostar de mim? Devo contar para meus pais, meus amigos? O que...

- Seguindo a ordem das perguntas... - Luba me interrompe botando seu dedo indicador entre meus lábios. - Se o certo garoto for hetero, ou simplesmente não gostar de você, respeite isso. Você não gostava de quando botavam pressão em você, então não bote nos outros. E, bem, sobre contar para seus pais, também depende de você. Se você achar que eles são homofóbicos, ou até violentos, espere você fazer 18 anos, ou até na hora que você quiser. Eles não vão ter todo o controle em você. Mas se você quiser contar agora, conte. Pela pessoa tão incrível que eu vejo você ser, seus pais provavelmente são carinhosos e atenciosos, além de terem te criado de uma forma AMAZING! E se seus amigos forem amigos mesmo, eles não vão te largar só por causa de sua orientação sexual.

Dou um sorriso enquanto absorvo as informações.

- Obrigado, Luba! Você me ajudou bastante! - Eu dou um abraço nele e me levanto determinado. Começo a andar até a cantina, até que ouço uma voz um pouco alta atrás de mim:

- Ah! Pelos boatos que rolaram no ano passado, dizem que o Zelune é bissexual! Boa sorte Ron!

Eu paro de caminhar no meio do nada e olho para Luba, dando um sorriso.

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Enquanto estava sentado no sofá, jogando vídeo game com meu irmão, enquanto trocava algumas mensagens com Zelune, ouço a porta da sala abrir.

- Cheguei! - Meu pai declara fechando a porta. - Tudo bem família?

Eu e meu irmão comprimentamos ele e o mesmo vai falar com a minha mãe. Começo a ficar ansioso. Lembre-se do que o Luba falou, Ronaldo.

- Pai, mãe... Bernardo... - Eu começo a falar tremendo. - Eu quero falar algo sério, vocês podem se reunir?

Meus pais e meu irmão ficam com uma expressão confusa.

- O que foi guri? - Minha mãe pergunta com uma expressão séria e preocupada ao mesmo tempo. Eu me levanto do sofá.

- Bem... eu... hmmm... - Eu tento falar, mas eu simplesmente não consigo. Coragem, Ronaldo. Seus pais certamente irão entender. Você conhece eles. - Bem... e-eu sou gay.

Um silêncio permanece na sala de estar. Meus pais e Bernardo estão chocados. Entendo a reação deles.

- Eu entendo se vocês, sei lá, não me amarem mais. - Eu digo impulsivamente num tom de brincadeira. Meus olhos começam a ficar marejados.

O silêncio ainda prevalece.

- Nós nunca iremos parar de te amar só por causa disso. - Meu pai pronuncia, quebrando o silêncio.

- Sim, guri! - Minha mãe recruta. - Eu não esperava por essa... Mas nós te amamos, sempre iremos te amar!

- Você achou o que, babaca? - Meu irmão também recruta. - Claro que continuaremos a te amar.

E assim, todos me dão um abraço, e eu continuo a chorar. Porém, foi um choro de felicidade.

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Rola amigos, combustão, esquilos? Enfim, esse foi o capítulo depois de um século e meio. Espero que tenham gostado! Prometo de coração que tentarei postar mais, e nunca mais irei demorar tanto! (Seráááá? Sifnfidnd)

Se gostaram, deixem seu voto ou seu comentário, que isso me deixa DETERMINADA a escrever mais e mais. Byee!

O Garoto do Boné (Rolune)Onde histórias criam vida. Descubra agora