Revelações

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Desesperado, corro para as escadas e vou novamente para o quarto. Encaro o corpo de Maethe jogado na cama, incrédulo.

- Você está acordada? Consegue me ouvir? - Eu chego perto de seu ouvido, porém ela continua apagada. Canalhas.

Triste, abaixo sua camisa e a carrego em meus braços. Ela não é tão pesada quanto imaginei. Desço as escadas e ninguém percebe, já que todos continuam assistindo, eufóricos, Alan batendo em três covardes.

Sem saber o que fazer, vou em direção à sala de jantar, que também está completamente vazia. Boto o corpo apagado de Maethe na cadeira. Sento ao lado dela, e então começo a chorar.

Está dando tudo errado.

Olho novamente para ela. O que aconteceria se eu não aparecesse naquele quarto? Aqueles três garotos iriam fazer algo a mais do que divulgar fotos de seus seios? Iriam causar um trauma na vida de uma inocente que foi para uma balada apenas para se divertir? Por um momento, fico um pouco mais aliviado de querer bisbilhotar a casa.

Dou um suspiro e começo a limpar minhas lágrimas. Começo a respirar fundo, me acalmando.

- MEU DEUS, O QUE ACONTECEU COM A MAETHE? - Ouço uma voz exclamar. Olho rapidamente para a pessoa que gritou. É uma menina de cabelos curtos, com um piercing no nariz. Ela estava ao lado de Felps, que também estava surpreso. Provavelmente é a famigerada Gabs.

- Três caras a drogaram e então começaram a tirar fotos nuas dela. Pelo menos "só" aconteceu isso, e eles não foram além disso. Quebrei o celular deles, mas os mesmos começaram a correr atrás de mim. Pedi para Alan ajudar Maethe, mas ele ficou bem bravo e começou a bater neles.

Maethe e Felipe ficam chocados.

- Então por isso daquela briga. Acabaram expulsando Alan por causa disso. Filhos da mãe. - Felipe diz estupefato. - Eu tenho um amigo do terceiro ano que já tem carteira de motorista. Vou pedir para ele nos levar ao hospital mais próximo. Eu conheço os pais da Maethe, então irei avisá-los.

- Eu vou com você também. - Gabs diz determinada, porém ao mesmo tempo ainda estava
chocada pelo acontecimento. - Deve dar mais uma pessoa no carro. Você quer ir conosco, ...?

- Ronaldo. - Eu complemento a frase. - Você disse que deve dar só mais uma pessoa no carro, então levem o Alan, o coitado deve estar sofrendo. Me liguem quando chegarem, tudo bem?

Eles respondem sim e levam Maethe rapidamente para fora da sala.

Saio do cômodo. Irei ir para casa, acho que já deu por hoje. Infelizmente, o plano de Alan sobre reconciliar seus amigos não deu certo. E o meu também não. Novamente irei ficar pensando uma maneira de contar a verdade para Zelune, já que estou dando um vácuo de um dia nele. Me sinto bem mau por isso.

Procurando para onde ir, olho para trás, e vejo uma porta de vidro grande, onde já se concentrava algumas pessoas. Eu não tinha visto antes esse local. Vou até ela, a abrindo, e percebo que é apenas o quintal. Começo a andar um pouco mais, analisando cada detalhe, inclusive a linda lua que prendia minha atenção.

Percebo que meu objetivo de sair dessa festa está perdendo o foco, então pego meu celular para ver as horas.

- Oi. - Escuto uma voz melancólica, porém bastante familiar falar. Encaro o meu lado direito. E lá estava ele, com seu famoso boné iluminado pela lua, sentado na grama, observando o céu. Ah, não.

- O-oi. Não sabia que você iria vir. - Eu já respondo nervoso, e ainda mentindo.

- Nem eu achei. - Zelune responde de forma séria. - O Alan ficou insistindo para que eu visse nessa droga. Eu não queria chatear ele, então aceitei, mesmo querendo só me trancar no meu quarto e ficar sozinho encarando pacientemente meu celular. Não sei se o objetivo dele foi me mostrar uma briga.

O Garoto do Boné (Rolune)Onde histórias criam vida. Descubra agora