Preocupação

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Porque eu te amo, Rosa

Eu continuo com essa frase na cabeça. Eu não sei o que deveria sentir em relação e ela. Alegria? Aliás, ele gosta de mim! O rapaz que ocupa minha mente toda hora sente o que eu sinto por ele... porém... Ele ama a Rosa, não o Ronaldo. Então, eu teria que recusar ele? Ou não. Ele está passando por momentos bem difíceis... Ah, Ronaldo, você forja uma identidade e ainda quer forjar um namoro falso? Que decepção.

- O que ouve? Você parece preocupado. - Wilson pergunta para mim enquanto lambe o sorvete em sua mão. Pedi para ele vir comigo na sorveteria antes de irmos para casa. Eu acho que, de alguma forma, o conforto de tomar sorvete irá se livrar de meus atuais problemas. Infelizmente, isso não ocorrerá. Então o que me resta é afogar minhas mágoas nele.

Levanto a cabeça e encaro Wilson, com o sorriso mais forçado do mundo:

- Eu estou bem. Não estou nada preocupado.

- Seu nível de preocupação está mais trêmula que a sua mão ou mais forçada que o seu sorriso?

Eu fico em silêncio por alguns segundos.

- Tudo bem... Eu realmente estou preocupado. - Eu digo dando uma lambida no meu sorvete de banana.

- Não vai me falar o porquê? - Wilson pergunta. - Eu sou seu amigo. Pode falar. Tem a ver com aquela briga que rolou na escola?

- De certa forma sim. - Eu dou um suspiro. - Tem mais a ver com o Zelune. Promete que não conta para ninguém?

Ele faz um gesto de "sim" com a cabeça.

- Digamos que eu goste dele, certo?

- Sim, isso eu sei, até porque você tem uma cara de viadão. - Ele retruca dando uma risada. Eu também dou uma gargalhada. Às vezes é bom descontrair.

- Enfim. - Eu volto a dizer, me focando no assunto principal. - Digamos que eu quis conversar com ele, mas achava que o mesmo não ligava para mim. Então, eu fui impulsivo e criei uma nova identidade chamada Rosa, para eu poder conversar com ele sem medo...

Wilson começa a me encarar, esboçando um sorriso, e começa a rir.

- What The Fuck?! Rosa? Eu esperava mais de você... HAHAHAH

- Isso não tem graça! - Eu exclamo elevando um pouco mais a voz. - Eu não sabia que iria sair do controle. Até porque, olhe o que ele mandou para mim depois dessa briga!

Eu pego rapidamente meu celular e enfio na cara de Wilson, para o mesmo ler a última mensagem de Zelune. Sua expressão rapidamente muda.

- Ohhhhhhh... Então, ele gosta de vo... Digo, da "Rosa"?

- Sim. - Eu retruco, nervoso. - Meu, onde eu estava na cabeça? Eu sou muito lixo mesmo... E agora, o que eu faço?

- Bem... Essa situação é bem delicada. - O garoto de camisa azul retruca. - Mas eu acho que você deveria contar toda a verdade. Não é legal ficar enganando os outros... - Ele termina o sorvete e faz uma pausa. - Não acho que ele irá te odiar. Talvez ele entenda o porquê de você ter feito isso. - Ele faz mais uma pausa olhando para o relógio da sorveteria. - Podemos ir agora? Combinei de sair com o meu irmão e com a Moriá daqui a quinze minutos.

- Oh... claro, claro. - Eu me levanto e assim fomos para nossas casas. Comprimento minha mãe e me enfio no meu quarto. Continuo relendo a mensagem. Isso nunca aconteceria se eu tivesse me apaixonado. Essa é uma das melhores-piores sensações do mundo. Ugh.

Encaro a mensagem. Eu tenho que responder algo. Vamos lá. É só botar em pratica o conselho do Wilson. Ele não deve te odiar, não? Começo a escrever.

Eu: eu... eu ainda tenho que pensar nisso. quando eu pensar, eu te falo...

É oficial: Eu me odeio.

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Observar os pássaros no intervalo é relaxante, porém essa sensação não chega aos pés do clima tenso na escola.

Rafael veio hoje. Eu não esperava por essa. Parece que a maioria dos estudantes andam zoando ele em relação ao acontecimento de ontem. Porém, ele não fala nada. Ele não está mais andando com o seu grupo, só com o Alan, que parece estar dividido entre o garoto loiro, o garoto moreno e o garoto do boné, e então fica andando para lá e para cá.

Essa maioria de alunos também se juntam a minoria em relação a algo: Ao assunto da suposta festa de uma tal de Kéfera, nesse Sábado. Parece que todos irão ir. Se não me engano, ela está no terceiro ano, e é uma das mais famosas do colégio, junto com alguns amigos. Nunca pensei que uma festa se igualaria ao nível de uma discussão reveladora.

Discussão reveladora... Ah, Zelune... Não estou conseguindo encarar ele depois de ontem. Eu quero botar ele em meu colo e sussurrar que eu sempre estarei ao seu lado e também quero enfiar minha cara na terra. Eu tenho que contar a verdade... Mas com minha coragem nesse momento, essa verdade não será revelada hoje.

O sinal toca, e então eu me levanto desanimado da sombra da grande árvore, e vou em direção às escadas. Wilson não está comigo no recreio, ele está conversando com a Moriá. Eu entendo ele.

Começo a caminhar feito um zumbi sabendo que terei um período chato de História em frente, até que esbarro em alguém e caio. Analiso, com vergonha, as pessoas me olhando, mas elas só dão algumas risadas, até perceberam o quanto sou insignificante e continuaram a andar. Encaro a pessoa em minha frente, na qual esbarrei. É Zelune. Ah, universo, qual é a sua de fazer esses encontros repentinos a essa hora?

- Desculpe. - Eu falo rapidamente ajeitando o cabelo que estava em meu olho. Zelune se levanta e estende a mão para mim. Aceito sua ajuda, um pouco trêmulo.

- Não precisa se procupar. - Ele retruca. - Bem, e aí, como vai?

- Eu vou... bem? Eu acho. - Eu respondo dando um sorriso nervoso. - E você, como está?

- Já estive melhor. - Ele dá um suspiro, ajeitando o boné. - Mas ao mesmo tempo, estou menos pior do que o normal. Estou um pouquinho... mais feliz, mesmo com as várias coisas dando de errado na minha vida.

Começamos a andar até a sala de aula juntos.

- Mais feliz? Pensei que estava... sei lá, bolado por causa de ontem?

- Nem estou preocupado com isso. Tenho mais coisas para me preocupar, então isso é irrelevante para mim. Só mostra o quanto o Rafael é um babaca. - Ele faz uma expressão de raiva, mas ela logo se desmancha ao falar a frase seguinte. - É que às vezes tem coisas que te fazem acordar um pouco mais feliz. Sabe, Ronaldo, você já esteve apaixonado?

Eu começo a tremer um pouco mais.

- J-já... - Eu respondo gaguejando um pouco. Parece que vou ter um ataque cardíaco. "Ei, Zelune, a pessoa que você gosta sou eu! E eu também gosto de você! Que tal nos casarmos?" - É uma sensação boa e estranha ao mesmo tempo, hahah...

Ele apenas murmura que sim e volta a sua expressão desanimada de sempre quando chegamos na sala de aula. Eu encaro ele.

- Ahm... Zelune, tá tudo b...? - Antes de eu terminar de perguntar, o professor de História chega e ordena a todos sentarem. E então, vou para o meu devido lugar, mais preocupado do que nunca.

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Obrigada por lerem! Se gostaram, deixe seu voto ou comentário, pois isso me deixa tão feliz ~ *felicidade*

Enfim, desculpe por esse capítulo não ter alguma coisa """bombástica""", mas o próximo capítulo vai pegar fogo, bicho. Prometo. Heheheh.

Obrigada novamente por lerem, até a próxima!

O Garoto do Boné (Rolune)Onde histórias criam vida. Descubra agora