CAPÍTULO 1: A primeira vez que eles conversaram.

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Poucos dias havia se passado desde o jogo contra o Darmstadt. Era calor em Dortmund, então seus habitantes e alguns turistas estavam aproveitando os dias de sol que estava fazendo. Não era sempre que as temperaturas chegavam a mais de trinta graus, então os alemães juntaram com o fato de ser fim de semana, para sair às ruas.

André entrou seguido de Aubameyang em uma movimentada sorveteria na cidade, após serem presos na porta por algumas pessoas querendo fotos e autógrafos. Nada mais que justo, o time de futebol era um dos principais atrativos da cidade, e o fato de dois jogadores simplesmente estarem passeando pelo centro da cidade, chama a atenção.

Os dois fizeram seus pedidos e com suas taças em mãos, procuraram uma mesa para sentar. Pierre Aubameyang falava alguma coisa em relação aos treinos quando os olhos de André travaram do outro lado do salão da sorveteria e a primeira colherada desceu um tanto quanto amarga pela sua garganta.

- Cara, você é muito alemão mesmo – Aubameyang gargalhou ao ver o amigo tossindo, se livrando da engasgada – Você ficou roxo em uma tossida.

- É ela – André ignorou as palavras anteriores do amigo e fez um sinal com a cabeça. Pierre olhou na direção que o amigo apontou, mas não viu ninguém especificamente – A menina que me desejou boa sorte no estádio. Ela está sentada ali do outro lado.

- Onde? – Pierre quase subiu em cima da mesa para conseguir enxergar a mesma direção que o amigo.

- Ali, de vestido amarelo, cabelo preso, e óculos de grau – André engoliu mais um pouco de seu sorvete – Conversando com a amiga.

- Ela é bonita – Aubameyang voltou para o seu lugar – Vai lá falar com ela.

- Não. Não teria nem o que falar, na verdade – André deu de ombros.

- Que tal um "Oi, você me desejou boa sorte no jogo e eu fiz um hat-trick, qual seu telefone?".

- Deixa quieto – André balançou a cabeça – Essa sorveteria inteira está olhando pra gente, e só ela que não.

- Cara, começa que ela é cega – Aubameyang falou e riu, fazendo o amigo não o olhar muito feliz – E segundo, pode ser que ela não se importe que o André Schürrle bonitinho está na mesma sorveteria que ela.

- Ela gritou meu nome e estava usando uma camisa do time.

- Talvez ela tenha gritado até o meu nome, mas você foi o único quem olhou. Sobre a camisa, ela é torcedora do Dortmund, mas você André, fala há três dias que essa garota te deu sorte. Vai falar com ela – Pierre disse a última frase pausadamente.

André deu de ombros e ouviu o amigo reclamar sobre como ele era teimoso e chato. Ele era tímido, não podia simplesmente chegar em uma garota em plena luz do dia, sem uma gota de álcool em seu sangue e conversar com ela. E se ele fosse rejeitado?

Ele continuou a tomar seu sorvete e quando olhou novamente para a garota, ela estava tomando a conta da mão da amiga, que reclamava, e levando a bolsa ao ombro, enquanto procurava algo dentro da mesma, e foi em direção ao caixa.

- Poxa cara, que chato. Ela está indo embora e você vai perder seu amuleto da sorte mais uma vez.

A voz de Aubameyang entrou pelos ouvidos de André e como se fosse câmera lenta, ele via a menina dar as costas para o caixa, guardar sua carteira em sua bolsa e ter o olhar fixo na porta de saída, caminhando até a mesma.

- Scheiße, Pierre! – André se levantou e novamente, toda a sorveteria levou os olhos aos passos que aquele homem de mais de 1,80m dava.

Schürrle simplesmente parou ao lado da porta, para não impedir a entrada e saída das pessoas, e quando ela, ainda distraída, colocou a mão na maçaneta para sair, ele segurou em seu pulso, fazendo-a olhar para o intruso que estava a impedindo.

- André! – a garota levou os olhos até ele e sorriu, fazendo com que ele sorrisse junto e seus olhos azuis brilhassem.

- Você não é o.... – a amiga de Eve perguntou enquanto tentava lembrar o nome daquele homem – Espera, vocês se conhecem?

- Sim... Não. Quer dizer... – Eve sorriu com a sua confusão – Sis, esse é o André Schürrle, ele é jogador do Borussia Dortmund e da seleção da Alemanha.

- Isso eu sei – Ana, a melhor amiga de Eve, respondeu – Eu sei quem ele é. Eu quero saber de onde vocês se conhecem.

- Qual é o seu nome? – André perguntou para Eve.

- Evelin, mas todo mundo me chama de Eve.

- Eve, certo – ele então se virou para a amiga dela – E essa é a Eve, ela me desejou boa sorte no jogo dessa semana e eu acabei marcando três gols.

- Você... – Ana olhava para a amiga ainda em confusão – Sua danadinha! – e com essas palavras, Eve simplesmente corou na frente da amiga e de André – Eu vou esperar você ali fora, tá bom schön?

Ana se afastou da amiga e de André e saiu da sorveteria, deixando a amiga um pouco tímida na frente do homem.

- Eu honestamente nem sei direito o que eu vim falar pra você – André coçou a nuca sem graça – Mas eu vi que você estava indo embora e quis dizer... Obrigado? – Eve o olhou confusa, sem entender pelo que ele estava agradecendo – Por desejar boa sorte.

- Ah, claro! – Eve não conseguia não demonstrar a timidez – Não foi nada, você faria o mesmo se eu não tivesse gritado para você.

- Talvez, mas eu quero acreditar que foi uma garota bonita que gritou pra mim quando eu entrei em campo e me desejou boa sorte.

- Certo, eu estou ficando sem graça – Eve sorriu para André – Sendo assim, que bom que eu gritei.

- Me deu a oportunidade de te conhecer – involuntariamente Eve abriu a boca para as palavras que André havia lhe dito. Aquilo não podia estar acontecendo com ela – Olha, meu amigo não parece estar muito feliz e se sua amiga for como ele, logo vai reclamar da sua demora – Eve não pode deixar de rir. Ana com certeza iria reclamar – Eu posso ter o seu número de telefone e a gente pode, sei lá, marcar de sair qualquer dia desses?

Eve não sabia dizer como aquilo tudo havia acontecido, mas o seu jogador preferido estava à sua frente pedindo seu telefone, com o celular esticado para ela. O destino era algo muito estranho.

Ela pegou o telefone das mãos de André e digitou seu número e devolveu para ele. André aproveitou a tela no celular e tocou uma vez no dela.

- Agora você tem o meu também – e sorriu – Eu vou te ligar, Eve.

- Tudo bem. Eu vou esperar. Acho que eu – e um pouco atrapalhada, apontou para fora onde Ana já parecia estar bufando de tédio.

- Entendo, também preciso ir – André se aproximou dela e beijou sua bochecha, colocando, propositalmente, uma mão na cintura dela – Até breve.

- Até, André – e de forma tímida, Eve saiu da sorveteria, para uma Ana irritada.

André voltou para a mesa balançando o telefone em suas mãos, com um sorriso satisfeito para Pierre.

- De nada?

- O nome dela é Eve e nós vamos marcar de sair qualquer dia – André sorriu satisfeito.

Jogava em um bom time e na sua seleção. Sorte no jogo e quem sabe no amor também.

Erstes MalOnde histórias criam vida. Descubra agora