CAPÍTULO 16: A primeira discussão deles.

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Evelin estava praticamente morando no apartamento de André. Depois da lesão no tornozelo, ele, que ainda estava imobilizado e impossibilitado de colocar o pé no chão, estava aprendendo a ser dependente da namorada. Ele tinha muletas e conseguia se deslocar bem em casa, mas não fazia sentido o esforço, já que ela fazia para ele, sem menor dificuldade.

A situação estava ficando irritante, principalmente para ela, que por muitas vezes, tinha que parar de digitar alguns relatórios ou até mesmo, ver suas redes sociais, para simplesmente ir pegar um copo de água para ele. Ou o controle da televisão.

Como de costume, Eve chegou do trabalho e foi preparar algo para eles comerem. André estava no sofá, fazendo maratona da enésima série que tinha o interessado no Netflix. O móvel já tinha a forma do corpo dele, pois era lá que passava a maior parte dos seus dias.

Ela estava cansada. Passava o dia no escritório, se dividia entre relatórios, reuniões, tomadas de decisões e à noite, cuidava de André. Por isso, naquele dia, Eve se permitiu cortar alguns frios, colocar tudo em uma tábua, e ir para o sofá, fazer companhia para ele, enquanto tomavam um vinho.

O casal ria para a televisão. Ela não estava entendendo o andamento da série, já que não acompanhava, mas com certeza aquela cena foi divertida. André tinha um dos braços em volta dela, que estava praticamente deitada sob seu peito.

- Esqueci de te falar - Evelin se levantou ao fim de mais um episódio - Você tem consulta amanhã de manhã.

André torceu o nariz. Estava se aproximando do meio do tratamento e já não aguentava consultas. Fisioterapia. Remédio para dores. Ele só queria voltar a Brackel e chutar uma bola. Ou dormir com as pernas entrelaçadas nas de Eve, sem sentir uma dor descomunal por isso.

- Que horas vamos? - seus olhos seguiram Evelin que ia até a cozinha em busca de um copo de água.

Não demorou muito para que ela voltasse com um copo já na boca, e fazia um sinal negativo com a mão livre. André arqueou uma sobrancelha.

- Não vamos.

- Mas você disse… - ele estava confuso.

- Você vai na consulta às onze horas. Amanhã é o pior dia para sair da empresa para mim, você vai ter que ir sozinho.

- Mas… - ele fechou o cenho, fez bico com os lábios, e tinha quase certeza de que aquilo derreteria a namorada - Você me acompanhou em tudo até agora.

- Liebe, você não consegue imaginar o quão complicado para mim vai ser sair do escritório amanhã, você vai ter que me desculpar.

- E como eu vou, sem você para me dirigir até lá?

- Pede para o Marco te levar. Aposto que ele é mais experiente nesse assunto que eu - Evelin gargalhou, achando graça em sua própria frase e ao encontrar os olhos azuis de André, ele não parecia ter achado engraçado - Não sei André, existe táxi, Uber… Aposto que o Mario também não se importaria em te levar.

- Ah sim, eu vou entrar em um carro mesmo onde o motorista vai, depois de surtar, querer trinta selfies, vídeo meu dizendo oi até pro papagaio e tirar foto da minha perna engessada. Tá certo Evelin, mais fácil sugerir que eu vá de metrô, quem sabe assim, eu fico mais exposto.

Ela não podia acreditar que estava ouvindo aquilo. André estava realmente se fazendo de vítima? Aplicando o coitadismo para tentar convencê-la a largar o seu trabalho, para ir em uma simples consulta? Evelin apoiou o copo na mesa da sala e cruzou os braços.

- Não, metrô vai por baixo da terra. Vai de ônibus, que assim a cidade inteira te vê.

André analisou a expressão no rosto da namorada, e ela de braços cruzados não podia significar coisa muito boa. A conhecia há tempo suficiente para entender sua expressão corporal.

Erstes MalOnde histórias criam vida. Descubra agora