Com o tempo, Eve e André começaram a aprender a lidar com os horários deles e começaram a planejar inclusive, escapadas durante a semana para se verem.
Uma noite eles resolveram ir ao Thier-Galerie. Evelin alegou que precisava passar em algumas lojas e também distrair a cabeça, já que a proximidade com o fim de ano estava enlouquecendo-a no escritório.
André a ajudava com as sacolas de compras da Primark, enquanto ela tomava um café. Eles eram diferentes. Eve era a favor de gastos menores, onde ela poderia levar mais. André preferia comprar algo extremamente caro e de qualidade. Ele a levava para ver vitrines de lojas exclusivas. Ela preferia puxá-lo para dentro de lojas de departamento.
Os dois então estavam em mais uma loja popular quando encontraram uma longa fila pelo lugar. A curiosidade de Evelin foi maior e ela acabou descobrindo que era para uma cabine de fotos instalada na loja.
- Vamos? - os olhos dela brilharam.
Como recusar? Eve era uma apaixonada por fotografias. No caso, ser a modelo delas. E André não costumava recusar os pedidos dela.
- Vamos! - ela decidiu antes dele responder e o puxou para a fila.
Ele gostava da presença da namorada, gostava de estar com ela. De falar sobre aleatoriedades. Um dia falavam sobre futebol. Outro dia ele a ouvia desabafar que um de seus projetos não havia sido aprovado. Em outro momento estavam falando da corrida presidencial americana. Em outro, Eve reclamava que a combinação de roupas de André estava ridícula. Ou até mesmo, falavam sobre a música da rádio.
Eve tinha aquele jeito que André gostava. Mulher independente, auto confiante. Ela era carinhosa, tinha um quê de doçura que às vezes fazia ele querer abraçá-la e "levar embora". Tinha sua teimosia, suas crenças e batia o pé pelos seus direitos. Era quase que uma princesa dos dias atuais, mas perdia a nobreza, a delicadeza da realeza, quando eles estavam na cama, apresentando seu lado autoritário. Ele estava ficando cada dia mais louco por aquela mulher.
Eles eram André e Eve. E quem estava de fora, costumava dizer que era muito fácil assistir o relacionamento deles.
- Sem fazer caretas - André pediu para Eve antes que chegasse a vez deles de entrar na cabine.
- André, é uma cabine de fotos, a graça delas é tirar foto fazendo careta.
- Você pode sorrir, ficar séria, piscar... Tem várias outras poses.
Eve o abraçou pelo quadril. A diferença de altura entre eles era pouca e sumia quando Eve resolvia usar salto alto. Mas naquele dia ela estava usando uma bota baixa, e ela gostava de ter que olhar para cima para encontrar os olhos dele.
- Você podia deixar de ser sério, sabia? - ela beliscou a costela dele - Toda aquela pose de mau, aquela cara de bravo que você faz em campo, pode sumir quando nós estamos juntos - e então ela ficou na meia ponta para se aproximar do ouvido dele - Eu sei que é fachada para amedrontar os jogadores do outro time.
Dito e feito. A expressão séria dele sumiu ao ouvir aquela última frase e André abriu um sorriso.
- Você sabe o poder que você tem sobre mim? - ele perguntou para a namorada que deu de ombros.
- Agora você podia fazer uma careta. Mostra a língua.
Para sorte de André, chegou a vez deles de entrar na cabine. Uma moça os ajudou, e deu a instruções, de que eles poderiam fazer quatro poses.
A tela fazia uma contagem regressiva, e antes que o número um virasse zero, André instruiu a namorada.
- Sorri, Eve!
Logo a contagem começou novamente, e ele repetiu.
- Agora faz cara de séria.
A terceira contagem se iniciou e ele gritou.
- Agora pode piscar!
E na última, em vez dele gritar, ele virou o rosto e beijou a bochecha dela. Quando a tira de fotos saiu, ele olhou para as quatro e depois para a namorada, que tinha um olhar sapeca.
- Evelin!
- André, é uma cabine de fotos - ela fez birra e bateu os pés.
- A gente vai tirar de novo.
- Não, a fila está imensa, vamos embora!
Realmente, a fila estava imensa. Mas talvez ninguém ligaria se eles quisessem ficar mais um tempo lá, ligariam?
- A gente vai de novo - André disse assim que a moça puxou a cortina da cabine, e ele sorriu para ela. Eve franziu os olhos e balançou a cabeça em negação. Ele estava usando o poder que tem sobre ela, seu sorriso, para conseguir convencer outra pessoa do que ele queria.
A moça então programou novamente o computador e fechou a cortina.
- Sem fazer caretas.
- Tudo bem - Eve sorriu para ele e então virou para a tela à frente deles.
Evelin manteve o sorriso enquanto a contagem regressiva chegava ao fim, e André sorriu ao lado dela. Quando o um virou zero, ela simplesmente deixou seus olhos vesgos e deu a língua.
- Você é impossível.
- Tá, tá bom, agora eu faço direito.
Eve entortou a boca, mas não percebeu que André não tinha olhado para a câmera.
- Ich liebe dich - ele simplesmente falou.
Eve então virou para o namorado, um pouco confusa, um pouco sem entender, e aos poucos um sorriso foi abrindo nos seus lábios.
- O que você falou? - e então, virada para ele, com um largo sorriso, a câmera disparou a foto seguinte.
- Eu te amo - André repetiu.
Eles então esqueceram que estavam em uma cabine de fotos. Eve puxou o rosto dele para perto do seu e beijou o namorado. Mais uma foto foi disparada. André amava ela, que percebia então, que amava ele há algum tempo também, mas não sabia que nome se dava para aquele sentimento estranho no estômago.
- Eu também te amo - ela repetiu para ele e sorrindo um para o outro, a última foto foi tirada.
Provavelmente aquelas últimas quatro fotos foram as mais bonitas que aquele photobooth já viu.
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Erstes Mal
FanfictionErstes Mal, expressão em alemão que significa 'primeira vez', em português. Em um relacionamento existem diversas fases, mas em todas elas, sempre existe uma primeira vez. Primeiro beijo, primeira festa, primeira crise de ciúmes. André Schürrle, ca...