Prólogo

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A madrugada está fria quando fecho a porta atrás de mim,saio pela calçada com lágrimas pelo rosto.Ando o mais depressa que posso mas os saltos não ajudam,tiro o celular da bolsa e procuro na agenda o contato que preciso,assim que acho clico em chamar.Atende...antende...penso enquanto ouço o telefone chamando.Na quarta chamada ele atende.

-Pai?-Faço o que posso para minha voz parecer estável.

-Ingrid?Aconteceu alguma coisa filha? Você está bem?-Meu esforço foi atoa,sua voz era de preocupação.

-Estou bem pai,tem como você me buscar por favor?-O vento está frio,meus pés doendo e as lágrimas rolando pelo meu rosto como uma correnteza sem fim.

-Claro meu bem.Onde você está?

-Me busca na praça.-Olho para os lados,as ruas vazias e escuras,ao longe uma música toca, provavelmente de alguma festa.-Esterei lá em alguns minutos.

-Tudo bem.Já estou saindo de casa.

Chego o mais rápido que posso na praça,vejo o meu pai encostado no carro,abro a porta do passageiro e entro.Assim que ele se senta atrás do volante percebo que olha para mim,estou com a cabeça baixa,as lágrimas não cessaram.

-O que aconteceu?-Ele pergunta com ar preocupado mas ao mesmo tempo sério.-Foi o Simon?

-Ele me traiu.-Respondo ainda de cabeça baixa e assim que fecho a boca sinto a força daquelas palavras me atingindo.Percebo que meu pai dá um soco no volante,em seguida liga o carro e acelera.

Quando conheci Simon ele já estava na faculdade e eu tinha acabado de fazer dezessete.Nos apaixonamos rapidamente,mas foi pouco o tempo que nosso relacionamento ficou estável,logo vierem as brigas e as discussões.No início do ano demos um tempo e em seguida resolvemos voltar,mas continuou a mesma coisa.Até hoje,depois de chegar de uma festa,ouvi seu celular que estava em cima da cama tocar,ele estava no banho e nunca gostei de mexer em suas coisas, o celular tocou até ir parar na caixa postal.A pessoa resolveu deixar uma mensagem "Simon,sou eu Heliza,temos que conversar.Eu sei que você deve estar com a sua namorada agora,mas não dá mais.Você tem que decidir entre mim e ela.Já estamos assim a um bom tempo e você sabe dos meus sentimentos.Me ligue assim que puder."  A porta do banheiro se abre.Minhas lágrimas rolam pelo rosto.Encaro o celular,que pisca com a mensagem,ouço Simon falar "droga",e por alguns segundos tudo parece ficar em câmera lenta.Levanto os olhos e vejo que ele está me olhando,vem em minha direção,eu me afasto,limpo as lágrimas que escorrem; saio para o corredor e Simon me segue,me pede desculpas e diz que precisamos conversar,pego meu casaco que está pendurado perto da porta.Ele me segura pelo braço e fala que foi um erro dele e que podemos continuar,me desvencilho.Lembro das últimas palavras que eu disse,minha voz fria e vazia: "Não podemos continuar com uma coisa que já não existe há muito tempo." Fecho a porta e entro na madrugada fria.

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