Então em um segundo tudo volta ao normal, as pessoas voltam a conversar, as garçonetes voltam a anotar os pedidos, os carros voltam a passar e o mundo volta a girar. Minha visão fica embaçada e percebo que é por causa das lágrimas que estou segurando.
Thomas me vê e o sorriso iluminado que estava em seu rosto some, eu pisco e as lágrimas caem, no mesmo instante as limpo e saio da lanchonete. Desço os degraus com pressa e atravesso a rua. Estou procurando as chaves do meu carro na bolsa quando sinto uma mão apertar meu braço. Thomas. Ele me vira e ficamos frente à frente.-Precisamos conversar. Não é o que você está pensando.-Ele fala suplicante e vejo verdade em seus olhos.
-Eu...eu não estou pensando nada Thomas.-Falo e lágrimas escorrem dos meus olhos.
-Só...por favor, só me ouve.-Thomas espera alguns segundos e como eu não digo nada ele recomeça.-Aquela mulher que você viu sentada comigo é a Teresa, minha irmã. E o garotinho, ele é meu filho Ingrid, é o Max.
Ouvir que Thomas tem um filho despertou coisas diversas em mim e eu não soube o que fazer nem o que falar, então eu apenas chorei.
-Não chora meu amor.-Thomas olha para mim e limpa as lágrimas que rolam por minhas bochechas.-Por que você está chorando? O Max é um amor de criança, eu...eu tenho certeza que ele vai te adorar!-Ele parece um pouco desesperado.
-Ah, meu Deus Thomas! Você tem um filho, Thomas! Um filho.
-Eu sei, mas ele é uma criança incrível! E...
-Eu ia ser mãe Thomas!-Interrompo ele.-Eu ia ser mãe!
-Como assim? Ia?-Thomas procura por meu rosto respostas que procura.
-Eu estava grávida no início do ano, mas eu perdi.-Olho no fundo de seus olhos.-Eu perdi meu filho.
-Oh!-Ele começa a chorar e me abraça.-Eu sinto muito, muito mesmo.
Me aconchego no abraço de Thomas e deixo todas as minhas dores saírem de mim. Ficamos assim por um bom tempo até eu me afastar.
-Preciso ir embora.-Digo limpando meu rosto.
-Eu vou com você.
-Não.-Nego com a cabeça.-Você tem que ficar com o Max.-Sorrio ao me lembrar do garotinho sorridente que eu vi momento atrás.
-Não. Eu vou com você. Precisamos conversar.-Ele pega meu queixo e o ergue.-Vou avisar a Teresa para levar ele para casa, me espere aqui.
Espero Thomas dentro do carro, a noite está estrelada, casais e famílias passeiam por toda parte, alguns fazendo compras, outros apenas aproveitando a brisa fria. Após esperar alguns minutos Thomas entra no carro e eu arranco com o mesmo.
*
Sento no sofá e tiro as sapatilhas puxando as pernas para cima, Thomas senta do meu lado.-Era o Simon, o pai?-Ele me pergunta. Assinto com a cabeça.-E como...como você perdeu?
-Estava com três meses. Foi em uma noite em que chegamos de uma festa, eu fui para o banho e parece que minha pressão baixou ou coisa do tipo, então caí. Tentei chamar o Simon mas ele já estava dormindo por causa da bebida, pouco depois eu desmaiei.-Minhas lágrimas voltaram a cair.-Eu acordei no hospital e soube da notícia.
-E como ele reagiu?
-Nada.-Olho seriamente agora.-Ele não queria o bebê.
Thomas me puxa e me abraça, volto a chorar em seu peito. Como no estacionamento, ficamos assim por um bom tempo, digerindo todas as palavras ditas e verdades desvendadas.
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A Proposta
Roman d'amourApós uma decepção amorosa e um acontecimento marcante, Ingrid agora está focada em seus estudos e na carreira. Com o coração ainda machucado e sem conseguir confiar em ninguém, o seu foco é fugir de qualquer envolvimento que se possa parecer com mai...