4

13 1 0
                                    

Se existe uma coisa que me irrita

Isso se chama: ser acordado aos berros

— Acorda! — Um grito me espanta. Era a Rafaela.

— Amiga... — eu digo com aquela voz de preguiça — você me odeia... por que meu Deus tenho uma amiga doida?

— “Você é eternamente responsável por aquilo que cativas!” Então queridinho você está ferrado porque eu sou pior que ex-mulher!

— Égua não! — Começo a rir descontroladamente — Conrado me ajuda!

— Conrado o que? Quem é Conrado? — Ela olha para os lados e eu também, mas meu primo não está no quarto.

— É o meu primo, sua louca! — Ela me olha com uma cara de espanto — É, até eu estou espantado, mas me ajude a me levantar porque eu preciso escovar os dentes.

Me levanto, me sinto com menos dor do que no dia anterior. A medicação fazia efeito muito bem e desde criança sempre tive uma boa reação a medicamentos. Explico toda história, desde o meu pai e minha mãe e a “treta” com a minha avó. Explico sobre o Conrado e contei o que havia acontecido com ele.

Quando acabo de tomar banho e trocar de roupas, Conrado entra na enfermaria e fica sem graça por me ver com a minha amiga. Rafaela olha para ele com uma cara de “estou desprezando você”.

— Rafa, esse é o meu primo, Conrado. Conrado essa é minha amiga Rafaela.

— Oi — disse a Rafa, forçando ser legal.

— Oi, desculpa pelo seu carro. Prometo que vou pagar o concerto.

— Tudo bem, sorte sua que meu amigo é legal e você é primo dele.

— Eita! Para de ser amarga, você nem é assim.

— Verdade, mas é bom certas pessoas começarem a me conhecer logo pelo meu lado Maleficent.

Conrado fica olhando para nós. Sem muita reação ele apenas senta na maca dele e puxa um livro de dentro da mochila. A Cidade e o Rio de Thomas Keneally. Pede licença e começa a ler. Rafaela olha para ele e fez uma cara engraçada e depois voltou a falar comigo.

— Ah, falei com o médico. Você sai à tarde! — Diz a Rafa toda alegrinha.

— Como você conseguiu saber disso?

— Minha mãe trabalha aqui seu leso! Esqueceu?

— Verdade. Você veio com ela?

— Sim, e meu pai veio junto também. Ele está conversando com o seu pai lá fora até. Deve ser sobre o caso. Já que prestamos queixa e estávamos esperando você se recuperar para fazer isso também, mas não sei... eu acho melhor retirar a queixa. Depois de tudo o que você disse e por ter sido você quem mais saiu lesionado.

— Ontem eu estava falando com o Thulio, quero dizer, meu pai. E ele falou para eu fazer o que fosse melhor na minha opinião, mas resolvi deixar de lado. Estou bem amiga. Melhor do que nunca!

— Percebi quando vi seus olhos brilhando. E ontem você estava triste por nunca ter conhecido seu pai e agora tem um pai, um primo e uma família. Nossa fiquei até emocionada! — Ela me abraça de repente e bem forte.

— Caramba, Rafa! Meu braço!

— Desculpa amigo — ela começa a rir — agora preciso ir. Sorte a nossa que não tem aula, apenas entrega de notas.

— Verdade! Se você encontrar com o, meu, pai, avisa que eu quero falar com ele?

— Tudo bem! — Ela se levanta da maca e sai, mas antes faz uma careta quando olha para o Conrado. Provavelmente esqueceria de dar o recado que pedi.

Ainda Sem TítuloOnde histórias criam vida. Descubra agora