12

2 0 0
                                    

Seria muito injusto quebrar o seu coração.

Eu fico pensando nisso até o Tess cair no sono. Eu também durmo, mas não o bastante, porque sou acordado com o som da campainha. Isso me faz lembrar de confirmar os pratos do buffet e de fechar a decoração do baile desse ano.
Explicando rapidamente: a cada ano nossa família faz um baile aberto no hotel de Gramado. Quando digo aberto, quero dizer que funcionários e clientes podem desfrutar da festa. E também é quando comemoramos nosso primeiro hotel, onde hoje funciona o RH e escritório.
Voltando ao momento atual. Eu sinto que ainda tenho algo a resolver com Antônio. A gente não conversa há dias. Ele trabalha no setor financeiro do hotel e nos conhecemos em uma dessas festas. Ainda lembro de o ver todo bem vestido, com terno de alfaiataria e aquele lindo sorriso e barba bem feita.

PQP! POR QUE PENSAR NELE DESSA FORMA?

A verdade é que a cada dia que passo aqui, eu penso nele. E o que mais me confunde e ter essa aproximação com o Tess. O jeito que ele vive e age com as pessoas. É tão doce e perfeito, tal como uma personagem de filme. Eu sinto que posso protegê-lo e ficar ao seu lado. Sem falar no quanto ele é lindo.
Eu me encontro tão dividido por duas pessoas. Primeiro que devo conversar com Antônio sobre o que aconteceu e segundo que não quero sair da cama. Não quero acordar o Tess.
Alguém bate na porta. É a Tête me chamando — Conrado, o Antônio está aqui para resolver algumas coisas do jantar.
Meu Deus! Ele sempre aparece nesses momentos. Penso comigo mesmo. Começo a me levantar e vejo que o Tess não se acorda de jeito algum. Provavelmente está tão cansado da viagem que não vai acordar tão cedo. Vou até o banheiro e escovo os dentes, tomo um banho quente bem rápido e visto algo mais casual.
Desço e encontro com Antônio no escritório. Ele veste roupas mais informais (é bem difícil vê-lo assim). Eu posso descrever ele como estonteantemente lindo. Principalmente por ter olhos de cores diferentes (verde no olho direito e azul no esquerdo), cabelos castanho escuro e barba sempre bem feita.
Ele me olha assim que entro no escritório e vem ao meu encontro. É difícil não resistir a ele ou ao selinho que ele me dá, junto de um abraço apertado.

— A gente precisa conversar, Conrado — vejo seu rosto se curvar para baixo e em seguida ele senta na cadeira em frente a mesa. Sem falar nada eu vou para o outro lado da mesa e começamos a discutir e fechar tudo sobre o jantar do próximo final de semana.
— A gente fechou tudo! — Antônio diz com certo ânimo — formamos uma bela dupla no trabalho, certo?
— Sim — solto um riso leve — formamos.
— Conrado... eu... é... — ele começa a tentar juntar as palavras certas. Ele tem isso quando erra ou pisa na bola com alguém.
— Você quer falar sobre ter ido pra cama com outro? — interrompo friamente.
— Sim; — ele me olha um pouco assustado — Eu imagino que sinta raiva pelo o que aconteceu e que não adianta eu tentar justificar nada. Eu fiz porque me sentia só e carente...
— Só e carente? — será que ele está tentando culpar o fato de eu viajar sempre a trabalho.
— Você não tem culpa alguma. Eu quis. Eu fiz. E... — por favor não diga me arrependo — me arrependo pelo o que aconteceu. Na minha cabeça seria apenas uma vez e que não me sentiria mal, mas eu me sinto. Ainda mais porquê você sofreu o acidente e eu tive tanto medo de te perder — Antônio começa a chorar e eu fico sem saber o que fazer. Então levanto da cadeia e vou até ele e o abraço. Eu queria saber disso! Queria ouvir essas palavras! — Me perdoa, Conrado!? — ele segue chorando e molhando meu ombro com as lágrimas.
— Eu te perdoo, amor — essas palavras saíram naturalmente. Nos beijamos e em seguida ele se tranquiliza. Me sento no chão em frente a ele. Eu preciso ser sincero quanto ao Tess, mesmo que não tenha acontecido nada além de beijos. Eu preciso falar disso.
— Você deve ter ouvido falar que meu tio encontrou o filho...
— Sim! — ele me interrompe — Eu soube pela Cecília. Essa história parece de novela mexicana! — Ele ri um pouco. Amo isso nele: o riso suave.
— Eu só sei ser direto, Antônio. Então vou falar. A gente se aproximou nessas semanas e eu estou confuso.
— Confuso? — Antônio me olha sério — Ah... vocês...
— Não tivemos nada além de dois beijos e ele está no meu quarto.
— Eu confio em você Conrado, mas não posso insistir em algo que você está com dúvidas. Só quero que pense se você e eu vamos ficar juntos ou se é melhor seguirmos nossas vidas separados...
— Sim. Você tem...
— Razão eu não tenho. Só estou sendo minimamente sensato após tudo isso que nos aconteceu. E é melhor eu ir. Preciso passar no escritório e deixar essas deliberações com as meninas. Ele se levanta, me beija na testa e eu continuo sentado no chão do escritório. Sem saber o que fazer.
Preciso conversar com o Tess.

Ainda Sem TítuloOnde histórias criam vida. Descubra agora