# Nove #

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Depois de saber que eu vou ficar três dias internado pra fazer exames e tirar chapas, a enfermeira da minha escola foi embora, não antes de eu agradecer muito a ela.

Eu ainda estava cheio de fios grudados em mim, quase encubado.

Quando aqueles meninos chamarem perto de mim, eu vou correr, mas correr muito, eu tenho pernas e elas podem me ajudar a fugir deles, pelo menos tentar, Harry é uma girafa, imagine se eu fujo deles e no final eles me alcançam ? To morto.

Os médicos disse que não chamaram meus pais porque não tem nenhum registro deles na escola, pois é, minha mãe mandou a vizinha fazer minha matrícula, ela não queria que soubessem de quem o gay era filho, Minha mãe ainda mandou a mulher deixar documentos e números falsos, por isso os médicos não conseguiram avisar eles que eu estou aqui. De novo.

Bom, é melhor assim.

- Mas você não é o menino que esteve aqui esses dias todo machucado porque te baterem ? - o médico perguntou.

- Sim, aquele dia foi um, hoje foram vários, mas é normal, eles me batem todos os dias, só que a maioria das vezes eu consigo ir pra casa, mas as últimas vezes, eles bateram muito - respondi  dando leves gemidos por conta das fisgadas em todo o corpo.

- Porque eles te batem tanto ? - perguntou o médico novamente.

- Se eu falar, você promete que não vai colocar nenhum veneno no lugar no soro ? - perguntei e ele sorriu.

- Prometo, agora fale.

- Okay, na primeira escola,  eu tinha muito amigos, só que aí no meio do ano, tudo mudou, eu me assumi, é desde então não tenho mais amigos, naquele ano, meus próprios amigos me baterem - respirei fundo.

- Na segunda escola, alguns já sabiam que eu era gay, e então não perderam a chance de me humilhar e espancar - continuei.

- Na terceira, eu já estava acostumado a chegar na escola e apanhar, na quarta, no primeiro dia eu parei no hospital, e fiquei o resto do ano sem estudar, por medo - Fui lembrando daqueles tempos e meus olhos se encheram de lágrimas.

- A quinta, é a atual, a qual está impossível de sobreviver, eu estou seriamente em desistir mais uma vez, só que agora é primeiro ano, logo eu tenho faculdade, e eu já estou muito atrasado, acho que seria melhor se eu morresse - Solucei e o medico se aproximou.

- Mas porque você não pede ajuda pra sua família ? - Ele perguntou.

- Eles não gostam que eu faço parte da família, eles me odeiam mais do que os meninos que me batem - Parei de chorar, pois estava difícil de respirar.

- Eu... eu sinto muito rapaz, Não sei oque dizer - ele disse e abaixou a cabeça.

- Estar tudo bem, não vale a pena se preocupar comigo, e doutor  eu vou ter que ir pra escola ? - Perguntei olhando os fios grudados em mim.

- Você não pode ir, provavelmente se ficar de pé, você cai, uma placa de seu cérebro está solta, você preciso no mínimo de três dias de repouso, e deixando mais claro, é como se seu corpo não tivesse comando, conhecido também como invalidez, creio que eles bateram muito na sua cabeça - Ele sorriu e afastou minha franja da testa.

- Foram tantos chutes, eu achei que eu ia morrer, eles são tão ruins comigo, minha mãe disse que eu mereço tudo isso - Disse tentando mostrar que estou bem.

Então é isso, eles descolaram uma placa craniana, sinal que eles não se importaria se me matassem.

- Oh, doutor, o senhor não precisa ficar aqui, eu sei que os outros médicos vão fazer piadinhas depois, eu acho que consigo ficar vivo - Falei tristonho, as pessoa tem que se afastar de mim para não sofrer.

- Não claro que não, isso é meu trabalho, eu sou filho do dono, acho que nenhum dos funcionários teriam coragem de fazer piadinhas - Respondeu sorrindo.

- Olha doutor, eu não quero causar problemas,  mas muito obrigado por tudo, eu serei muito grato pro resto da vida, eu consigo contar quantos pessoas foram boas comigo durante toda minha vida, foram apenas duas, você é a enfermeira da minha escola, muito obrigado - Agradeci.

- Espero que tudo isso passe logo, desejo muita felicidades na sua vida, continue forte - Disse o doutor.

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A Triste Historia De Um Gay. - L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora