Capitulo 1

30.5K 1.8K 92
                                    


10/10/2016

                                                                                   Cider

Iraque

 Mesmo no subsolo eu conseguia escutar o som de bombas e gritos, o calor infernal fazia meu corpo suar, e a cada bomba que caía por perto um pouco de poeira caía também sobre minha cabeça. Novamente som de metralhadoras foram ouvidas, só que dessa vez estavam mais perto. Me levantei com certa dificuldade, ainda me curando dos machucados que aqueles idiotas fizeram mais cedo em mim. Agucei minha audição tentando captar mais dos tiros, estava muito perto, e não estava em cima de mim na superfície, estava aqui. Aqui em baixo, junto ao subsolo. Ouço um estrondo no fim do corredor, e logo a porta de ferro está no chão. Vários homens entraram, todos armados e fardados de preto. Será que eram esses os tais terroristas que os idiotas aqui em baixo sempre falavam? Será que esse era o momento para a qual eles me treinaram a vida inteira? 

   Bem devagar fui andando para trás antes que esses homens percebessem que eu estava ali, peguei um cinturão que ali tinha. Nunca entendi porque os homens que me batiam tinham confiança em mim o suficiente para deixar um cinturão de bombas dentro da cela comigo, eles sabiam que eu podia simplesmente pegar aquilo e explodir todos nós, mas por algum motivo eu nunca o fiz. Talvez porque eu estava esperando o tal grande momento que eles sempre falavam. Enrolei o cinturão na minha cintura e fiquei quieto só esperando.

-Achamos! Achamos! -escuto e segundos depois vários homens estão me olhando. -Olá, somos a Organização Nova Espécie, estamos aqui para libertá-lo. -diz um dos homens fardados, ele devia ter quase o meu tamanho e era forte como eu. O vi esticar uma chave e destrancar minha cela.

-Venha, agora você está livre. -um outro disse, tinha a mesma fisionomia do anterior. Sempre me ensinaram que quando o momento chegasse eu tinha que parecer dócil para assim por o plano em prática. Eu não sei quem eram esses caras, mas eu sabia que precisava matá-los. Fui treinado para isso, que quando o momento chegasse tudo iria pelos ares.

   Dei um passo a frente saindo da minha cela, era estranho andar por esse corredor com meus próprios pés, sendo que sempre que passei aqui eu estava em uma maca. Escutei um rosnado atrás de mim e me virei já na defensiva.

-O que é isso na sua cintura, macho? -o primeiro que falou comigo pergunta e me esquivo de sua mão. 

-Não me toque! -digo rosnando de volta. Olho para a porta de ferro retorcida no chão, talvez desse tempo de correr antes da bomba explodir. Rosno mais alto quando cinto um dardo nas minhas costas e vejo vários homens segurando seringas, eles iriam me dopar! Mas não antes de eu matar todos eles. 

   Antes que o remédio fizesse efeito, conseguir correr e passar por alguns daqueles homens, em meio a socar e rugidos, quando eu estava já ultrapassando a porta arranquei meu cinturão e o joguei lá dentro. Sem olhar pra trás corri o máximo que conseguia até poder ver a luz do dia, eu escutava gritos atrás de mim, mas logo foram calados. O lugar na qual passei 20 anos da minha vida explodiu. Assim como todos aqueles homens que estavam lá dentro.

Cider - Novas EspéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora