Capítulo 7

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Eu tinha dito que só ia postar no meio da semana porque achei que ficaria de recuperação, MAS ADIVINHA QUEM PASSOU DIRETO? Uhuul! Partiu terceirão!


POV. Cider

   Depois de levar as caixas de Bora para o quarto, ela se sentou no chão e começou a separar as roupas. Seu cabelo liso e fino estava preso em um rabo de cavalo, eu conseguia perceber que ela tentava evitar olhar para mim, e eu só pude sorrir. Na verdade, desde o momento que tirei minha camisa alegando estar com calor ela começou a tentar me evitar até fisicamente.

-Precisa de ajuda? -pergunto me ajoelhando ao seu lado.

-Não, pode ir embora se quiser. -diz dando as costas à mim. Como eu não me importava com a opinião dela, enfiei a mão em uma das caixas e comecei a tirar as roupas e colocá-las ao seu lado para que o trabalho ficasse mais rápido.

-Se você ia me ajudar porque foi me perguntar se podia ou não?

-Porque gosto de escutar sua voz. -digo e ela me olha e solta um riso sarcástico.

-Você só está querendo me levar para a cama... Já me avisaram que isso aconteceria, mas me disseram que quando eu dissesse não vocês iriam se afastar.

-É, mas não é como se eu desistisse de algo assim tão fácil. Ainda mais algo tão lindinho assim. -respondo passando meus dedos em sua bochecha em uma pequena carícia.

-Eu realmente não consigo te entender, tem horas que você resolve ser normal e tem horas que você me irrita completamente. -fala enquanto dobrava alguns casacos.

-Isso vai de acordo com meu amor, se Vengeance não tivesse me irritado naquele dia eu te juro que eu teria me aproximado de você de um modo mais calmo.

-E agora você está de bom humor? -questiona se levantando e levando a pilha de roupas para o guarda-roupas. Vê-la se esticando para alcançar a parte de cima do armário só me fez perceber o quão pequena e magrinha ela era, e pela primeira vez desde que a vi, a única coisa que eu queria fazer no momento era abraçá-la. 

   Levanto-me do chão e tiro as roupas de sua mão e ponho no lugar que queria.

-Obrigada. -sussurra com um sorriso tímido.

-O que eu ganho em troca? -pergunto cruzando os braços e ela me encara.

-Por ter colocado minha roupa no armário? Nada. Eu poderia ter pego uma cadeira e subido em cima.

-Nem um abraço? -vou me aproximando dela e sorrio quando vejo seus olhos me encararem cautelosamente. -Juro que só vou tocar na sua cintura.

Por  mais que meu lado animal estivesse implorando para jogá-la na cama que estava tão próxima e prendê-la em baixo de mim o resto do dia, eu precisava me aproximar dela calmamente até tê-la realmente na cama.

   Seus braços se esticaram em minha direção e me surpreendo ao ver que ela realmente iria me abraçar. Me aproximo dela e passo meus braços em volta de sua cintura a puxando para perto de mim. Seus braços me apertam pelas costas e encosto meu nariz em seu cabelo, puxando seu cheiro para dentro de mim. Sinto meu corpo inteiro despertar enquanto eu subia minhas mãos por suas costas até chegar em seus cabelos.

-Lembra do que eu disse para você ontem? -pergunto com meu rosto apoiado em seu pescoço.

-Quando?

-Quando você estava indo embora...

Ela fica em silêncio e suspira.

-Cider...

-Diga, eu sei que você se lembra.

-Você disse que eu era sua. -sinto seus braços se afrouxarem a minha volta e ela se afasta me olhando.

-Quero que se lembre disso. Como você mesma disse, há vários outros machos que vão querer se aproximar de você. Quero que se lembre que é só a mim que você pode recorrer.

-Eu não sou nada sua, Cider... -ela diz se afastando completamente, e sinto um nervosismo estranho ao ver seu corpo longe do meu. Pego sua mão e a puxa para o banheiro mais próximo. -O que está fazendo?

-Te lembrando.

   Encho minha mão com água e jogo em seu pescoço e passo a esfregá-lo. Quando encostei meu nariz em seu pescoço pude sentir o cheiro de maquiagem, ela havia passado aquilo para esconder minha marca. Agora eu tiraria aquilo.

-Está vendo essas marcas? -digo forçando-a a se olhar no espelho. -Foi eu que fiz. Fique feliz de ter sido meus dedos e não meus dentes. 

Seus olhos mostravam raiva enquanto ela olhava para os hematomas.

-Como você consegue estragar tudo tão rápido? Vai embora da minha casa, já usufrui da sua ajuda. -ela me empurra pra longe e volta para o quarto para arrumar suas coisas. Sinto o cheiro de raiva exalando dela e resolvo ir embora.


POV. Bora

   Como ele conseguia ser tão idiota assim? Estava tudo indo tão bem, ele tinha me ajudado com as caixas e até com as roupas. Quando ele me pediu um abraço eu ia negar prontamente, mas como ele tinha cumprido a promessa dele em não fazer nada que eu não quisesse eu resolvi ceder esse desejo à ele. E quando ele me abraçou... Pareceu como se ele não fosse tão escroto assim. A pele musculosa era quente, ele era cheiroso. Mas então ele resolveu abrir a boca para estragar tudo. Cider seria o homem perfeito se fosse mudo. E agora eu teria de refazer toda a maquiagem novamente no meu pescoço.

Daqui a pouco meu trabalho começaria, então resolvi esconder só um pouco dos hematomas e logo saí de casa. Hoje eu seria acompanhada de Brawn que fazia parte do pequeno conselho de Justice North, ele me explicaria o que eu teria de fazer. Quando saí de casa, Brawn já estava me esperando no famoso carrinho de golfe que andava por Homeland.

-Bom dia, Bora. Gostou de sua casa? -pergunta começando a guiar o carrinho assim que entrei.

-Sim, ela é perfeita. Não é grande demais, perfeita para uma pessoa que mora sozinha.

-Bom, o seu trabalho por aqui vai ser mais ou menos isso. O número de casais entre humanos e Novas Espécies vem aumentando bastante aqui em Homeland e na Reserva, e estamos começando a ficar sem casas. Justice comprou uma nova área aqui em Homeland para construir as novas casas, o problema é que a área tem várias árvores centenárias, e nos proibiram de derrubá-las. Precisamos de um bom arquiteto que possa dar um jeito de fazer essas casas sem destruir a natureza.

-Vocês têm demarcadas as árvores que não podem ser derrubadas? 

-Sim, elas estão com linhas de tinta branca em seu tronco, as que não estão podem ser derrubadas. Te levarei até o terreno e você poderá ver com seus próprios olhos.

-Tenho que dizer, que para construir casas assim custa muito dinheiro, ainda mais se partes do território não podem ser utilizadas. Como vocês pretendem fazer caminhos até lá.

-A mata já tem uma trilha feita, só iremos deixá-las mais largas para que carros possam passar e jogar cimento. E Justice ganhou uma ação na justiça e recebemos uma boa quantia em dinheiro e todo esse dinheiro será usada na construção das novas casas para os casais.

   Sempre que ele dizia casais eu lembrava de Cider, por mais que eu não devesse. Mas quando ele falou que o número de casais entre humanas e Novas Espécies aumentavam, eu só pude pensar em como Cider cismava que eu era dele.

-Quando NE's dizem que uma fêmea é deles, o que isso significa? -pergunto descaradamente e Brawn me olha enquanto estacionava o carrinho.

-Significa que ele a quer como companheira. É muito raro um NE dizer isso e não querer nada com a fêmea. -explica e engulo em seco. Será que Cider poderia entrar nessa rara parte.

-Entendo.

-Tem algum NE te dizendo isso? -Brawn questiona e abaixo a cabeça.

-O que?! Não!

-Tem certeza? Porque antes de você sair eu vi Cider sair da sua casa, e ele parecia meio irritado.

Cider - Novas EspéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora