Capítulo 5

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POV. Cider

Eu não aguentava mais morar aqui. Disseram que Homeland seria um lugar onde eu não precisaria mais ser maltratado ou ter medo, que eu teria irmãos com quem conversar e se divertir. Mas essa não era minha realidade desde que fui liberto. Ao que parece todos os Novas Espécies aqui me odiavam, ninguém queria conversar comigo e sempre que eu chegava eles se afastavam. Alguns sentiam raiva por eu ser tão novo, outros por eu ter matado os machos que foram me resgatar. Diziam que eu deveria ter morrido no lugar dos outros, que eu não sofrera o bastante. Mas eles não sabem como é a sensação de estar na mão de terroristas, de saber que meu corpo poderia explodir a qualquer momento.

Eu já tinha ido falar com Justice várias vezes sobre eu querer me mudar para a Reserva e me manter longe de todos, mas ele sempre dizia para que eu esperasse e que logo as pessoas se acostumariam comigo. Saí do prédio explodindo de raiva que nem vejo que tinha uma fêmea na minha frente, acabo a derrubando no chão. Escuto um rosnando e vejo Vengeance me encarando. Ah, então ele estava encarregado de cuidar dessa fêmea? Não pude deixar de soltar uma risada. Eu estava morando há dois meses em Homeland e já sabia das histórias de Vengeance com as fêmeas.

Só queria ir embora para minha casa e ficar sozinho, ms o macho começa a querer arranjar briga e como já estava sem paciência acabo atacando-o. Pude escutar os gritos da fêmea para que alguém nos afastasse, mas eu estava com um ódio de 20 anos acumulado em mim e resolvi descontar tudo em Vengeance. A fêmea continua gritando e olho para ela. Seus olhos pequeninos estavam arregalados enquanto me olhava. Os cabelos lisos e finos balançavam com a brisa que passava. Sinto uma raiva ainda maior, mas não por ela, mas por Vengeance, que iria infernizar a vida de mais uma fêmea. Voltamos a luta e nem percebo quando a garota não está mais ali.

***

Quando conseguem nos separar eu corro para a floresta para tentar esfriar a cabeça. Começava a pensar se foi bom ou não eu ter sido liberto, talvez eu realmente devesse ter morrido naquela instalação. Sentei-me no chão e tentei esvaziar minha mente, mas a única coisa que aconteceu foi o rosto da tal fêmea. Os olhos puxadinhos e pequenos, os lábios pequenos e pintados de rosa claro. Queria saber quem ela era e o que estava fazendo em Homeland, será que trabalharia aqui?

Levantei do chão e segui para o prédio principal novamente. Eu esperaria ela sair e a seguiria para saber onde iria. Não precisei esperar muito, vejo a fêmea saindo com um sorriso no rosto. Ela vem para o meu lado da calçada e sinto que esse era o momento que eu deveria me aproximar dela. Quando passou na minha frente dei um puxão eu seu braço a puxando para floresta, ela solta um gritinho e tampo sua boca e solto um rosnado. A pressiono contra uma árvore e vejo seus olhos me encarando assustados, logo depois me reconhecendo.

-Olá, olhinhos puxados. -digo sarcástico e ela se encolhe.

-O que você quer? -pergunta tentando fingir que não tem medo, mas eu conseguia sentir seu cheiro de desespero.

-Só queria conhecer você, não posso? -digo encostando meu nariz em seu pescoço para que pudesse sentir seu cheiro.

-Esse não é exatamente um bom jeito de conhecer alguém...

-Na verdade, esse é um ótimo jeito. -sussurro a puxando, fazendo-a enrolar suas pernas em volta de minha cintura. Encosto minha ereção entre suas pernas e sinto suas unhas apertando meu pescoço.

-O que pensa que está fazendo? Pode me soltar! Onde está Vengeance?! -ela olha para os lados, mas não faz nenhum esforço para se afastar de mim. Solto um rosnado de raiva só de pensar que ela queira ficar perto do outro macho.

-Você gosta de Vengeance? -pergunto passando meus dedos por entre seus cabelos.

-O que?! Não! Mas ele é meu segurança, ele tem que me proteger de ataques.

Solto uma risada e a aperto mais contra mim.

-Estou te atacando? Você não parece estar querendo se afastar. -esfrego meu nariz no dela e lhe dou um selinho.

-Para que vou gastar minhas forças tentando me afastar de você se sei que sou fraca. -diz suspirando e sorrio.

-Garota esperta... Eu te solto se você me prometer uma coisa...

-O que?

-Que vai me dar um beijo. Um beijo bem demorado. -falo beijando seu rosto. Sinto seu corpo se encolher de baixo do meu e sorrio. Agora eu não sentia mais o cheiro de medo, mas uma pequena pitada de excitação surgia.

-Não vou te beijar! -ela vira o rosto tentando desviar dos meus beijos.

-Ok, então te levarei para minha casa. Você mesma sabe que não pode lutar contra mim. É melhor me dar um beijo aqui agora do que ir para minha casa. Lá tem uma cama e não sei se conseguirei te manter afastada dela.

Seus olhos puxados me olham indignados.

-Ok, então! -diz de má vontade e a pressiono contra a árvore. Seu rosto se aproxima do meu e seus pequenos lábios encostam na minha boca. Sinto um gosto de cereja e aprofundo o beijo querendo sentir mais desse gosto, logo depois descobrindo que vinha de seu batom.

Seus dedos enrolam em meus cabelos e aperto sua bunda. Ela morde meu lábio inferior e solto um rosnando, uma de minhas mãos sai de sua bunda e segura seu pescoço como se fosse asfixiá-la. Quando mais nos beijávamos mais minha mão apertava seu pescoço tomando todo seu ar. Ela afastou o rosto do meu e lutou em busca de ar. Solto minha mão e sua cabeça tomba para trás enquanto ela tossia e o oxigênio entrava em seus pulmões.

-Você queria me matar?! -grita e rio.

-Matar é a última coisa que quero fazer com você. Qual seu nome, olhinhos puxados?

-Bora... -responde massageando seu pescoço.

-Quando você se olhar no espelho, Bora, você verá a marca de meus dedos em você e se lembrará de quem você pertence. Se você olhar para outro macho você saberá o que posso fazer com você.

A solto no chão e ela me encara assustada.

-Melhor ir embora antes que eu repense sobre levá-la para casa. -respondo dando um tapa em sua bunda. Sinto o cheiro de raiva e mágoa vindo em minha direção e sorrio.

-Idiota!

Cider - Novas EspéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora