Capítulo 18: Eu ainda te amo.

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Aquele dia tinha sido maravilhoso. O nascimento dos meus irmãos, a minha  "noite romântica".. era tudo maravilhoso. Isso até um bendito sonho:

- Filho, filho acorda...

- Mãe ?

- Sim, quem mais seria

- Mas.. mas..

- Shh.. não diga nada. Eu sei que você está cansado, vim só te desejar boa noite. A mamãe tem que sair com o tio Ricardo mas amanhã eu prometo que vou passar o dia todo com você tudo bem?

- Mãe... Mãe... Não vá!..

Por algum motivo eu voltei lá naquela noite. Onde tudo parou para mim.
Tudo era confuso. Aquela situação me perturbava. Minha mãe, seu cheiro, seus cabelos, Sua voz. Era tudo tão real e tenebroso. Quanto mais eu gritava para minha mãe não ir, não adiantava ela seguia caminho cada vez mais rápido. Como um flash, eu não estava no meu quartinho azul claro com desenhos do Mário bross como de costume, mais sim no carro, junto na hora do acidente

- O paciente do 412 so melhorou por que você cuidou bem dele não é - Disse meu tio Ricardo rindo.

- Verdade - Disse minha mãe - eu vi a situação dele, e como aquela bendita da Andressa o deixou, diante disso eu não poderia ficar parada. Ele me olhava de uma forma

- É. - Diz meu tio.

- Assim que eu resolvi ajudar ela vem brigar comigo. Como se eu estivesse ali para competir com ela e não para ajudar no trabalho dela ou até mesmo uma vida - Disse minha mãe com um ar de indignação pela sua companheira de trabalho.

- Eu gosto do jeito em que você trata os nossos pacientes. - Elogia meu tio.

- Eu os trato como trato o Felipinho. Como meus filhos, só que machucados. - Disse minha mãe encostando a cabeça no vidro da janela do carro.

Eu via o amor em que minha mae tinha pela profissão dela. Enquanto eu estava observando a cena, não havia como não chorar. Meus olhos marejados de lágrimas ao ver a declaração de amor da minha mãe pelo trabalho. Me perdi no tempo e quando olhei para o lado, vi ao longe o caminhão que iria bater no carro. Colocando um ponto final em tudo. Eu queria alerta-los sobre o que estava acontecendo, mais eles nao escutavam... Ou será que minha voz não saía? Era tudo perturbador.

A cada toque do relógio de pulso do meu tio, a cada respiração ofegante que eu soltava, o fim estava mais próximo. As luzes do caminhão desgovernado iluminando o rosto do meu tio e da minha mãe, parecia não me afetar, até que tudo ficou escuro. E eu não me encontrava mais no carro, e sim na multidão de pessoas que estava ao redor só observando a cena. Os cabelos loiros da minha mãe já não era mais os mesmos, estavam vermelhos, banhados a sangue. Eu sentia uma vontade enorme de gritar para aquilo tudo acabar, mais não dava, era como se algo tampasse minha garganta com força e eu não sabia o que fazer. O que eu acho realmente estranho, e que quando meu pai me disse qual foi o estado em que minha mãe estava, eu não acreditei de cara, pois ele havia dito que ela já foi achada já morta e agora nesse "Sonho" ela está olhando para mim. Esse olhar, essa situação, tudo o que esta acontecendo é perturbador. Ao ver o carro caído no chão TODO amassado, e ver só a cabeça da minha mãe na janela esquerda do carro, eu fico trêmulo mais escuto uma voz que disse:

- AGORA VOCÊ SABE O QUE ACONTECEU. NÃO FIQUE COM MEDO,  APENAS AME A SUA MÃE MAIS DO QUE ELA JA TE AMOU. OU AINDA AMA.

Por um acaso essa tal voz sabia que bem no fundo, eu tenho um "remorso" por não "ter uma mãe". Pelos dias das mães ao qual eu não pude declarar meu amor pela minha mãe. E a voz terminou dizendo:

- NÃO SE ESQUEÇA, ELA SEMPRE ESTEVE COM VOCÊ EM TODOS OS MOMENTOS. VOCÊ FOI O ÚNICO BEM QUE ELA SE ARREPENDE DE TER DEIXADO PARA TRAZ. NÃO SE ESQUEÇA, ELA AINDA TE AMA.

Com o passar do tempo, essa voz se distanciou, e em um instante eu pude ver minha mãe sorrir, em meio a toda correria por socorro, os bombeiros, ambulancia, os paramédicos... Ela ainda pode sorrir.
Agoniado eu finalmente consigo gritar, e acordo no meu quarto, chorando, suado ( desta vez não pelo sexo louco ). De alguma forma, ontem no nascimento dos meus irmãos, eu acho que pelo meu pai ter iniciado uma nova vida por completo, e eu ainda sentir alguma coisa pela minha mãe, aquela voz veio me avisar que minha mãe sempre esteve e sempre vai estar comigo. Eu sinto isso.
Ao ver meu estado, Gustavo entra em desespero:

- Feh, o que aconteceu, me conta! - Pergunta ele já em estado de choque.

Eu estava perturbado mais com a respiração ofegante mais ainda consegui responder:

- Ela esteve aqui... Eu estive lá. - Falo.

- Ela quem? Você esteve aonde? Me diz - Pergunta sem reação.

- Minha mãe! Eu vi, eu estava no carro. Na hora do acidente. - Falo inquieto.

- Sério? E.. e oque aconteceu - Pergunta ele.

- Eles conversavam e... Um caminhão vinha... Eu tentava gritar para que eles desviassem do perigo.. mas eles não escutavam.. ou minha voz não saía... Enfim, eu pude escutar uma voz falando que minha mãe ainda me ama. - Expliquei.

- Como assim ainda te ama? - Pergunta ele confuso pelo susto.

- Por algum motivo..- penso - não conta pra ninguém mais... Eu ainda tinha remorso por não "ter legivelmente uma mãe" mais agora, eu sei que ela sempre esteve presente comigo. - Respondo.

Ele me olhava de um jeito que era estranho, como que não estava entendendo nada do que eu estava falando...
Tentando parar com aquele assunto o mais rápido passível, eu falo.

- Enfim, foi só um sonho. Nada mais - Disse eu

Ele acena com a cabeça em sinal de concordância e então voltamos a dormir ou melhor, ELE voltou a dormir por que eu... não mais.
Meu único desejo, era de "acordar" amanhã, e esquecer de tudo o que rolou está madrugada. Por mais que seja difícil ou melhor impossível, esquecer o que aquela voz me disse, eu queria realmente saber quem era aquela voz que falou comigo nesse sonho, como que ela me conhecia tão bem assim? Já que eu nunca havia contado isso para ninguém. E o por que desse sonho logo agora. Por que de tanto mistério na minha vida?

Eu ainda irei encontrar todas as soluções a qual eu preciso. Disso eu tenho certeza...

Continua...

Desejos Profundos (Romance Gay) [L1] EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora