Capítulo 4: Laços de mãe

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Voltamos pra casa, e eu sentei com meu pai no sofá, chamei a Laura e iniciei a conversa

- Então,vou ser claro, rápido e objetivo. Como você mesmo disse "Não quero que fique um clima pesado entre nós"... Pai, nunca rolou e nunca vai rolar entre nós quatro, sobre esse assunto. Eu e o Gustavo conversamos e os aceitamos bem. Ate por que queremos ver a felicidade de vocês dois, independentemente de com quem vocês estejam. Assim como eu e o Gustavo VAMOS TOMAR DECISÕES nas nossas vidas.- nfatizei bastante essa frase pra que no futuro eles entendam bem - E claro, a opinião de vocês dois, vão ser importante, e vai ser respeitada.

Eles me olhavam empalhados. Não sei o que se passavam na cabeça dos dois, mas quero colocar um ponto final nessa história. Eu entendo a preocupação deles, e não sei como Gustavo reagiu a essa mesma conversa, mas eu não quero chover no molhado por uma coisa que pra mim tanto faz. Mas quero fazer com que eles entendam isso, e pra fazer isso vou desenhar pra ser mais sucinto:

Pai, - Continuei - faça a Laura feliz, assim como você fez a minha mãe feliz, em seu tempo de vida. Laura, á mesma coisa. Antes mesmo de vocês morarem aqui, você já me tratava como filho, e eu já te tratava como mãe, não tem o por que de não gostar de ter uma mãe como você. Eu fui agraciado com o dom de ter duas mães, e em meu coração cabe as duas e sempre coube.

Mal acabei de fazer meu discurso e senti os dois me abraçarem, não sou muito fã de abraços ou toques físicos, mas aquele não era de se jogar fora.

Acabando aquele momento, meu pai e agora oficialmente mãedrasta, resolveram sair para ir a um shopping para esvaziar a mente e curtir o primeiro dia dos dois como um casal, agora oficialmente diante de todos.

Eu queria contar sobre mim e Gustavo, não teve tempo, e aquele momento era perfeito. Olhando agora, percebo que o destino nunca escreve errado. Eu não sabia se Gustavo curtiria contar à eles sobre nós. E eu, apesar de ter calculado bem no carro, cada palavra que eu ia dizer, entre elas, estava "Eu e teu filho, Laura, estamos ficando. E provavelmente vamos casar, ter dois cachorros e vários gatos". Até já tinha imaginado a cara de espanto deles, principalmente do meu pai. Mas infelizmente, por bem ou mal, nenhuma delas saiu na hora H.

Um tempo depois que eles saíram, Gustavo e eu ficamos assistindo INVOCAÇÃO DO MAL. Era engraçado ver as reações de medo dele. Um marmanjo daquele tamanho, que destrói o que quiser com um soco, com medo de um filme de terror. Deixa-lo na sala para fazer uma pipoca era mais que um desafio.

- Tem medo? - Disse eu

- Lógico, você me convence a assistir isso, e ainda me deixa sozinho na pior parte. -Disse ele.

-Guh, essa não é a pior parte. - digo rindo, vendo que ele está com medo de uma cena em que do nada vem um zoom na cara de lorraine warren. Filmes de terror sempre tem esse zoom exagerado, acompanhado de uma música chocante. Era isso que eu gostava neles.

-Você sabe bem que eu morro tenho pesadelo e me mostra isso - Disse ele com raiva.

É engraçado ver a expressão dele de bravo, pra mim, enquanto apertava a almofada contra o peito. Eu só ria e preparava o lanche, e o olhando de longe.

Parando pra pensar, eu já fiquei com nojo dele. Pois até aonde eu sei, não há uma área daquele corpo que uma certa pessoa não tenha explorado. Mas agora eu só sinto.. Sei lá, acho que amor. Nunca tive isso antes. Nem com Lucas, meu antigo ficante.

Quando chego na sala, recebo uma mensagem do meu pai, dizendo que o carro tinha quebrado e que eles iriam passar uma noite num hotel perto de onde eles estão. Posso ser ingênuo demais, mas o carro quebrar de uma hora pra outra... Assim? Não. Eu sei muito bem o que eles iriam fazer. Fiz o sonso, e disse que estava tudo bem, afinal estava ué.

Terminamos o filme, que pra mim com Gustavo, de terror passou a ser comédia. Fomos dormir. Antes decido olhar para o teto e pensar em quanta coisa aconteceu em tão pouco tempo. Semana passada mesmo, éramos quatro pessoas numa casa. Cada um com suas próprias vidas, e que se juntavam em pontos estratégicos do dia: Hora do café; do carro; da escola ou trabalho; mais uma vez no carro; e por fim em casa.

Hoje estamos entrelaçados. Nossas historias não são mais singulares. Eu gosto dessa sensação de déjà-vu. E parar pra pensar nessa linha curta do destino me cativava. O sono estava quase pegando, quando noto que Gustavo está inquieto na cama dele. Ou ele só quer chamar a atenção ou ele realmente está tendo um pesadelo.

Gustavo sofria de terror noturno, foi um erro meu ter dado a ideia de assistirmos o invocação. Não o culpo por não ter negado, ele nunca aceitou bem sofrer com isso. Sempre queria manter uma pose mais robusta quando o assunto era cinema comigo, com nossos pais ou com seus amigos. No final, sempre era o mesmo. Os gritos, os debateres inquietantes, mas ele nunca acordava.

- Nãaao! - Ele falava quase que sussurrando.

-Guh, você está bem? - Pergunto ascendendo a luz do abajur e sem saber oque fazer.

Ele já teve vários outros pesadelos, mais.. um assim, de gritar no meio da noite? Era a primeira vez.

Guh calma, eu estou aqui. - disse sentando na cama e alisando seu peito.

Aos poucos ele foi acalmando e acordando. Seus olhos eram lindos, principalmente apertados pela luz do abajur.

- Sim estou, ainda bem que foi um sonho - Disse ele

Acalmada a situação, desligo a luz e tento voltar a dormir, até que sinto um corpo bem suado deitar na minha cama. Já sabia quem era então disse:

- Gustavo, por que você veio? Eu quero dormir e a cama não dá pra nois dois - Digo trocando de lado olhando pra ele.

- Shh.. - Responde ele com seu dedo indicador nos meus lábios - eu tentei te falar, eu não vou conseguir dormir de novo, pelo menos não agora. Então, você vai ter que cuidar de mim essa noite...

Continua...

Desejos Profundos (Romance Gay) [L1] EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora