Epílogo: Lágrimas de Lírio.

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Hoje tenho 20 anos e Gustavo também. Mudamos para a Flórida pois Gustavo conseguiu seu sonhado intercâmbio que proporcionou um trabalho maravilhoso. Nossa vida é perfeita: temos um cachorro da raça Samoiedas chamado Toddy, uma Border Collie chamada Lisa, e estamos pretendendo comprar um Husky...
Ja que não podemos ter filhos, cachorros são nossa melhor opção, principalmente eu que amo cachorros.

Hoje dia do meu aniversário acordo cedo para arrumar minha casa enquanto Gustavo dormia.

- Que manhã chuvosa né?... - Escuto a voz de Gustavo vindo de trás de mim.

- Você acordou, pensei que ainda estivesse dormindo - Respondi o abraçando.

- Claro que não. Quero ser o primeiro a te dar os parabéns

- Que fofo, Obrigado. Mais mesmo sendo meu aniversário eu tenho faculdade sabe! - Respondo.

- Ah amor por que, Tirei o dia de folga para ficar com você!! - Disse ele me abraçando por trás.

- Eu sei, por mais que eu queria ficar aqui com voce, mais ainda tenho um futuro esqueceu? - Pergunto.

- Eu já disse que você não precisa trabalhar. - Disse ele sentando no sofá mostrando seu volume por debaixo de seu short havaiano.

- Gustavo, eu não nasci para ser ser sustentado, amor eu não faço nada o dia inteiro, nas minhas férias você continua trabalhando... E tudo o que eu sempre quis, foi abrir um consultório aqui! - Respondi virando para ele.

- Tá bom. É sua decisão!! - disse ele e deu de ombros

- Vou tomar banho e já volto - Respondi dando um beijo em seu rosto.

- Posso ir também? - Perguntou.

- Pra onde? - Rebato.

- Pro banheiro contigo? - Rebate ele.

- Ah se você tivesse acordado um pouquinho mais cedo... Você poderia mais já que não.... - Disse eu.

- Ah... - Respondeu boceijando.

Tomei um banho rápido e me Arrumei pra ir a faculdade.
Acho que eu não disse muito sobre isso, faço faculdade de psicologia (meio clichê, parece que hoje em dia no século XXI, de 100 jovens 90 querem ser psicólogos) mais é uma profissão que eu sempre quis fazer.

Na portaria do meu prédio, trabalha Augusto, ele é muito legal, além de um gay super afeminado, o que me fazia querer ser mais amigo dele ainda.

Ao sair a neve me abraça mais ai mesmo tempo me entristece.

Do lado da porta de entrada do meu prédio, uma garotinha de aproximadamente 7 anos, cabelos castanhos longos, usando um vestidinho rosa com um lacinho branco nas costas.. Me parte o coração saber que ainda existem pessoas que não tem como cuidar de uma criancinha desse jeito e a larga na rua, a mercê de sua sorte.

- Oi, tudo bem - Pergunto.

Ao me aproximar, percebo sua pele clara, trêmula e magra. Ela não respondia apenas me olhava com um olhar triste e sem vida.

- Você está com fome? - Pergunto.

Ela balançava a cabeça em sinal de concordância

- Vamos ali na padaria.. eu pago um lanche pra você. - Afirmo.

Com o tempo ela se levantou com dificuldade e me deu os braços para que eu a pegasse.
Estava frio mais eu não poderia deixa-la passando frio desse jeito. Tirei meu casaco e meu cachecol e a embrulhei. Peguei-a no colo e a levei para a padaria do outro lado da

- Tá bom ? - Pergunto com um no na garganta.

- Uhum - Disse com uma voz meiga.

Sua voz fofa e baixa me deu um nó na garganta e me fez ter uma vontade imensa de chorar..
Deixa-la ali iria ser a pior coisa que eu faria.. mais eu não poderia deixa-la de volta a esse frio.

- Amor, o que você.. - Pergunta Gustavo confuso.

- Ah oi amor.. é longa história! - Respondo.

Ela se assustou um pouco com o Gustavo mais se acostumou com ele rapidamente. Eu amo o jeito em que Gustavo trata as crianças, Ana teve um filho com Rafael chamado Arthur, ele tinha mais ou menos a mesma idade que a tal garotinha.

- Quantos anos você tem? - Pergunto.

- 7 (sete) - Respondeu.

- E qual é o seu nome? - Perguntei novamente.

- Anna - Respondeu baixinho.

- Bom então Anna, precisamos achar seus pais urgentemente - Disse eu.

- Não... Não... Papai não.. não... - Disse ela entrando em completo desespero.

Ela sentou no chão desesperada. Era visível suas lágrimas. Fiquei pensando no que aquela garotinha. Suas lágrimas molhavam no chão e quando olhei, vi um pequeno Lirio, no chão próximo ao local onde ela estava.
Esse Lirio estava encharcado por suas lágrimas, mais ainda há uma dúvida que não para de me deixar perturbado...

Qual é o passado dessa garota?

Fim...

Desejos Profundos (Romance Gay) [L1] EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora