Capítulo 19 - Dia do julgamento final

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Capítulo 19 - Dia do julgamento final

As arbóreas floriam elegantemente as margens daquele rio. 

Robert recuperava o fôlego e estava muito distante de casa. 

Tornou-se desesperançoso ao vê-la não sair pela tubulação. Olhava para trás na expectativa de vê-la ainda sair do hospital. Cambaleava caindo ao chão devido atrofiação dos músculos da perna. A luz do dia perturbava seus olhos e a garganta arranhava por um sede imensurável. O estômago gritava em fome.

Em uma longa caminhada permaneceu uns dois quilômetros longe do hospital. Era possível observar a equipe de reportagem no helicóptero circular a região.

Destacava-se, sendo notável, pelos curiosos que o viram vestindo uma camisola azul hospitalar.

Sentia dores nas juntas de seu corpo assim como nos músculos, pois não utilizava-os muito tempo.Era um fantasma que tivera voltado de um sono profundo.

Parou próximo a uma barraca de cachorro-quente. 

Uma mãe afastou sua filha de 8 anos ao vê-lo aproximar-se como um morto-vivo.

— O que foi garoto!? — Ralhou, o vendedor ambulante, repudiando sua presença. — Vai espantar a minha freguesia! 

 Desculpe-me... mas eu estou com muita fome...

—  São R$ 8,50 com linguiça e ...

Robert sacou a salsicha crua com as mãos e a pôs toda na boca.

 Moleque insolente ... ! — Exclamou furioso. — O que pensa que está fazendo !?

O homem o segurou pela gola da camisa.

— Eu estou com fome...— Robert mencionava a resposta com a boca cheia cuspindo partes da carne triturada. 

Uma buzina de um veículo próximo foi acionada duas vezes. 

— Robert, aqui!   Lucas gritou ao chamá-lo do volante. Estava surpreso, mas uma segunda figura, sentada no carona, arrebatou abrindo a porta do cartona com o veículo em movimento.

 Meu irmão! — Júlia saltou aos berros. Não tinha fôlego. 

Alguns veículos frearam ao vê-la atravessar a pista desnorteada.

 ROOOBERT! — Gritava ela correndo em sua direção.  

Seus passos foram precipitados demais; vinha com demasiada euforia empurrando os pedestres da calçada com expressiva grosseria, pois em seu coração, só almejava abraçá-lo. 

 Robeeeert! — Júlia gritou aos prantos nostálgicos.  

Alguns pedestres próximos dirigiam seus olhares apreensivos . O cão que estava na pequena praça latia. Um vento forte passou levando as folhas em seu caminho. Pássaros que alimentavam-se das migalhas de pipoca voaram ao vê-la passar tão desesperadamente.

Ela salta, sem cálculo, dando-lhe um forte abraço instantaneamente. Tão forte, mas tão forte, que ambos giraram pelo impacto que aprisionavam seus espíritos. 

— Meu irmão... ! — As lágrimas soluçadas de alegria desabavam de sua face. 

— Está tudo bem, Julinha... está tudo bem...  Robert sorriu, acariciando sua irmã, tentando acalmá-la. — Está tudo bem...

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