The Hybrid

Capítulo 2 - The Beginning

Terça-feira, 22 de Outubro | Província de Alberta, Canadá

Lauren Pov

Era noite, caia uma chuva torrencial e o vento chocava-se contra o meu rosto. As gotas gélidas não me incomodavam, já vivi coisas piores do que um ser humano poderia suportar. Chamo de momento mágico, o momento no meio da noite onde nenhum humano se mantém acordado, quando as criaturas da noite podem perambular, ouvir suas respirações, observar seus sonhos. É o momento quando o mundo é nosso, quando podemos matar, caçar, proteger.

É a hora que mais anseio para me alimentar. Mas eu tenho que me conter. Por que contenho-me apenas caçando animais cujo sangue não desperta o desejo por mais sangue, eu posso controlar o meu destino contanto que eu fique longe do sangue humano.

A lua quase cheia banhava minha face enquanto eu corria em meio a mata densa, as árvores passavam como um vulto enquanto eu me focava na tarefa de despistar os capangas de Marcus, já era comum ele mandar seres inferiores atrás de mim.

Nascida ao mesmo tempo vampira e lycan, tinha ambos os clãs como meus protetores, minha família. Nada poderia me atingir, eu não temia percorrer as partes mais sombrias da cidade em que vivia.

Entretanto, nesta noite, ao me aproximar da rodovia, o único cheiro que eu sentia era de morte. Reduzi o passo, olhando em volta, em busca do que havia de errado. E eis que constatei que não estava mais sendo perseguida. A escuridão da noite jamais poderia me enganar, com um pé na frente do outro me pus a caminhar, aproximando-me da encosta da estrada.

Avistei um carro parado com os faróis desligados, nem mesmo com minha afiada visão consegui localizar uma alma sequer. Um clarão iluminou o céu por um instante e pude ver no interior do veículo. Suspirei abaixando a cabeça, cobrindo meu rosto com a capa que me protegia da chuva. A pequena família que provavelmente voltava de sua casa de praia, agora era cenário de mais uma morte brutal. Já imaginava as histórias que os humanos usariam para encobrir esse caso sem solução.

"Família inteira sofre ataque animal" essas manchetes se tornavam cada vez mais comuns desde que me mudei para cá. Era como se por onde eu passasse, o caos viesse de brinde.

O luar cintilou na pele clara e no cabelo negro de um homem que se esgueirava por trás do carro, ele se deslocava com velocidade e força inumanas conforme puxava um homem para fora do carro. Um grito ergueu-se na noite. O ar cálido da noite ficou quase sufocante e me fez tremer. O cheiro acobreado de sangue vagou pelo ar em minha direção, senti meus sentidos se eriçarem e antes que eu perdesse o controle, sai dali.

Algo novo chegara na cidade e a noite jamais seria segura.

Quarta-feira, 23 de Outubro | Toronto, Canadá

Camila Pov

Verificar o soro da senhora do quarto 23 se tornara mais comum do que gostaria, ela era uma senhora de pele clara, grandes olhos castanhos, cabelos grisalhos. Os sinais da idade lhe davam em torno de 65 anos, embora seu prontuário denunciasse 70 anos.

Eu, uma jovem formada em medicina, trabalhava no hospital de Nova York, um grande e caótico hospital, as emergências eram das mais pequenas, como uma criança com um arranhão a uma extremamente grave como alguém que sofrera um acidente de carro ou um tiro por arma de fogo, esses eram os mais comuns.

Agora, transferida para o St. Michael Hospital no Canadá, passei de cirurgias e suturas; para cuidar de pequenos ferimentos, cuidar da ala infantil e dos idosos. Foi uma mudança significativa e muito apreciada por mim, aqui no St. Michael eu não fico sobrecarregada e tenho mais tempo para mim.