EPÍLOGO

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Terça-feira, 8 de agosto | Egito


Eram quase três da tarde e as ruas ainda estavam movimentadas. O calor do país começava a me dar náuseas, mas Camila tinha o desejo de conhecer Cairo e aqui estamos. O continente atual estava bem mais desenvolvido do que foi há cem anos, os avanços tecnológicos eram realmente magníficos.


Amor, a gente não deveria ir direto para o hotel? — falei em tom manhoso.

Daqui a pouco, nós temos que comprar umas roupas, avisei para não usar roupa pesada.

Certo, porque você sempre tem razão. — revirei os olhos. Paramos em uma loja qualquer e fiquei feliz por terem roupas leves. A capa de couro preta e jeans que eu estava usando me mataria.


Pude descansar um pouco enquanto Camila ainda estava no provador, comprei uma roupa simples e leve e logo estiquei as pernas que estavam cansadas de tanto andar e quase fiz besteira se não fosse o meu super reflexo, uma mulher com salto alto esbarrou no meu pé, por milímetros e ela quase foi ao chão. Quase.

Ficamos igual duas patetas nos olhando antes de eu sonorizar um pedido de desculpas, em um árabe desajeitado.

Ela riu.


— Não precisa falar árabe aqui, bem, 90% da população fala sua língua.

— Perdão, eu quase a fiz cair. Me chamo Lauren.

— Primeira vez na cidade? — ela me avaliou.

— Não e sim... já tive uma estádia na velha Cairo. Está bem mais...

Magnifica. — completou ela olhando em meus olhos.

— Isso. — olhei em direção ao provador e nada de Camila.

— Você me parece muito jovem para ter visitado a antiga cidade... bem, faz alguns anos segundo os livros de história.

Mordi a língua, para que eu fui comentar.

— Bem espero não assustá-la. Mas eu não sou tão jovem como aparento. Deixe-me apresentar novamente. Sou Lauren Jauregui. Bem, Cabello Jauregui agora.

Sorri.

— Desculpe, você disse Jauregui? — assenti. Em carne e osso.

— Sim.

— A Jauregui que enfrentou a família e até matou o próprio avô? — ela falou surpresa.

— Sou eu. Agora você pode não falar tão alto? — as pessoas começaram a me notar.

— Ah desculpe. Bom, eu tenho que ir. Estão me esperando.

E ela foi embora sem eu saber seu nome.

— Quem era? — Camila apareceu do nada me assustando.

— Não sei. Vamos? Eu ainda quero visitar as pirâmides.

— Nem morta, eu quero dormir Lauren, vamos para o hotel. — ela me puxou.

— Agora você quer descansar né.

Peguei as sacolas de compras e a segui. Camila ia na frente com o mapa da cidade para não nos perdermos.

— Acha que chegamos antes do anoitecer? — falei.

— Engraçadinha.

— Estamos perdidas. — provoquei.

— Não. O nosso hotel é logo após essa rua... eu acho. — ri e ela bufou batendo salto.

— Camila espera! Deixa eu ajudar.

Dez minutos depois, após várias voltas, as ruas eram todas iguais.

— Lauren, estamos perdidas.

Eu avisei. Peguei o mapa e parei um senhor na rua, nos deu as coordenadas e ele ria com nossa confusão.

— Tá vendo, era só perguntar. — Caí de costas na cama. — Meus pés, não sinto eles.

— Amor, não exagera.


Ela falou mais alguma coisa, mas eu não pude ouvir. Desmaiei de cansaço.

A primeira coisa que notei ao acordar foi o perfume. Lembrava dele, ela o usava no primeiro dia que nos conhecemos, nunca pensei gostar de um cheiro de alguém. Doce e quente, como torta recém-assada em um dia frio de inverno, deixava-me com água na boca toda vez que Camila entrava na sala. Era intoxicante, nauseante, e me deixava delirantemente faminta.

Minhas presas doíam e respirei fundo identificando outro cheiro, uma taça com sangue fresco na cômoda preparado por Camila. Era meu desjejum diário. Tomei-o apreciando cada gota e voilà, pronta para mais um dia.

— Pensei que não levantaria. Vamos, temos muitas pirâmides para visitar. — falou Camila.

Me pondo de frente a ela, beijo-a apaixonadamente. Seu pulso, pescoço, sua bochecha. Ah como a amo.

— Espere — Camila diz de repente, afastando-se para olhar em meu rosto. — Você não está tentando me comer, está?

Me faz sorrir. Camila vê meus dentes anormalmente afiados.

— Não da maneira que você está pensando, cariño.

The HybridOnde histórias criam vida. Descubra agora