Eu entrei no quarto, coloquei minhas malas no chão, e olhei ao redor.
O quarto era pequeno, quadrado e com uma decoração simples. Painéis de madeira que chegavam à altura das cadeiras, sua cor da mesma cor escura dos brilhosos pisos de madeira.
De cara para a porta estava uma janela coberta com persianas. Do lado esquerdo do quarto havia uma cama em uma armação de ferro forjado. Um pequeno criado-mudo estava do lado e uma cadeira localizada abaixo da janela. Do lado direito do quarto havia duas portas. Um espelho de corpo inteiro estava preso em uma das portas. Uma cômoda estava no meio delas e uma estante de livros ocupava a parede do lado direito da porta que dava para o corredor. Era basicamente um dormitório.
Para uma vampira de vinte e oito anos.
— Há algo mais que você precisa?
Eu sorri para Helen.
—Não, obrigada. Eu agradeço por ter me arrumado um quarto tão rápido. ― minhas retinas, já chamuscadas pelas imagens dos encontros de
Catcher e Mallory, também estavam agradecidas.
— Sem problemas, querida. A comida é servida na cafeteria ao anoitecer, meia noite e duas horas antes do amanhecer.
Ela me olhou.
— Não, obrigada. Eu comi no caminho para cá. — não só qualquer coisa, mas o melhor bolo de carne feito em casa deste lado de Chicago. Céus.
— Bem, se você precisar de qualquer coisa, as cozinhas de cada andar estão sempre com estoque cheio, e há sangue nos refrigeradores. Se você precisar de algo e você não conseguir achar na cozinha, avise a equipe de plantão.
— Claro. Obrigada novamente. — Helen deixou o quarto e fechou a porta atrás dela. Eu ri escandalosamente do que ela me revelou. Atrás da porta estava pendurado um pôster da Casa Navarre, uma imagem em tamanho real de Morgan em jeans e uma
confortável camisa térmica, botas pretas em seus pés, seus braços cruzados, faixas de
couro nos pulsos. Ele estava deixando seu cabelo crescer e estava bagunçado na foto, se balançando em torno do seu rosto rudemente lindo, bochechas cortadas e seu queixo rachado, seus olhos azuis marinho olhando ao longe, sobrancelhas escuras e cílios ridiculamente longos.
Aparentemente Helen havia coordenado mais com o contato de Navarre do que somente um piquenique no verão. Isto requeria uma boa tirada de sarro, então eu
puxei meu celular do bolso e disquei o número do Morgan.
— Morgan.
Ele atendeu.
— Sim?
Eu disse. — Eu gostaria de falar com alguém sobre um pedido de um pornô Navarre, por favor. Talvez um pôster de dois metros de altura com aquele lindo vampiro Mestre, aquele com os lindos olhos?
Ele riu.
— Achou meu presente de boas vindas, não é?
— Não é um pouco estranho que um vampiro Navarre deixe um presente de boas vindas para um vampiro Cadogan? — eu perguntei, enquanto checava as portas do lado direito do quarto.
A primeira porta abria para um pequeno closet, dentro estava pendurados uma dúzia de cabides de madeira. A segunda abria para um pequeno banheiro — um banheiro com pés de garra, com um chuveiro e uma pia em formato de pedestal.
— Não se ela é a vampira Cadogan mais bonita.
Eu funguei e fechei a porta novamente, e então movi minhas malas para a cama.
— Você não pode achar que essa cantada vai funcionar.
— Nós acabamos com um prato fundo de torta sábado à noite?
— Isso é o que eu lembro.
— Então minhas cantadas funcionam. — eu fiz um som sarcástico, mas o
menino tinha um ponto.
— Eu preciso ir. Eu tenho uma reunião daqui a pouco. — ele disse. — E o Mestre daqui é um verdadeiro bastardo administrativo.
— Aham. Eu aposto que ele é. Aproveite a reunião.
— Eu sempre aproveito. E em nome da Casa Navarre e do Registro Norte
Americano dos Vampiros, nós desejamos que os seus dias na Casa Cadogan sejam muitos e frutíferos. Que a paz esteja com você. Vida longa e próspera.
— Tchau, Morgan. — eu falei com uma risada, desligando meu celular e deslizando-o novamente para o meu bolso.
Era discutível se o Morgan havia ou não me manipulado para o nosso primeiro encontro, que foi o resultado de um compromisso político (em frente a nada menos que cinqüenta outros vampiros). Mas nós passamos deste encontro oficial há algumas
semanas atrás, e como ele apontou, nós dividimos uma pizza ou duas desde então.
Eu claramente não fiz nada pra suprimir seu interesse; por outro lado, eu não tentei realmente o encorajar. Eu gostava de Morgan, claro. Ele era engraçado, charmoso, inteligente e ridiculamente bonito. Mas eu não podia me sacudir do
sentimento que eu estava saindo com ele detrás de uma parede de indiferença, que eu
não baixei totalmente minha guarda. Talvez fosse química. Talvez fosse questão de insegurança, o fato de que ele fosse Navarre e que, como uma Sentinela, supostamente eu teria que estar sempre de guarda, sempre de plantão, para a Casa Cadogan.
Talvez fosse o fato de ele ter conseguido o encontro número um por ter forçado minha mão na frente do Ethan, Scott Grey, Noah Beck (o líder dos vampiros independentes de Chicago), e metade da Casa Cadogan. Sim, poderia ser isso. Ou talvez fosse algo ainda mais fundamental: por mais irônico que fosse o pensamento de namorar um vampiro – com todas as complicações políticas e emocionais implicadas – não me animavam.
Eu acho que qualquer uma dessas razões poderia ser o motivo da estranheza, o motivo de eu gostar de sua companhia, mas não conseguia me envolver demais, apesar do entusiasmo do Morgan. Como eu não conseguiria encontrar soluções hoje,
eu tirei este pensamento da cabeça e voltei para as minhas malas, ainda fechadas em cima da pequena cama.
Eu as abri e comecei a trabalhar. Eu comecei tirando os livros, materiais de escrita e enfeites, e os organizei na estante. Artigos de higiene pessoal foram para o armário de remédios do banheiro, e roupas dobradas foram para a cômoda. Camisetas e calças foram penduradas nos cabides de madeira no closet, embaixo, sem cerimônia, joguei meus sapatos. Quando eu esvaziei as malas, eu comecei a fechá-las novamente,
mas parei quando eu senti algo no interior da minha mala de tecido. Eu coloquei minha mão dentro do bolso e encontrei um pequeno pacote coberto em papel marrom.
Curiosa, eu cortei a fita e desdobrei o invólucro. Dentro havia uma peça de linho moldurada com uma cruz costurada que se lia: VAMPIROS SÃO PESSOAS TAMBÉM. Embora eu não tivesse certeza se acreditava na mensagem, no que concerne a presentes de boas vindas, não era dos piores. Eu com certeza apreciava a
intenção, e fiz uma nota mental de agradecer Mal na próxima vez que eu a ver. Eu dobrei as malas e as guardei na última gaveta da cômoda quando o bip na minha cintura começou a vibrar. Bips é um instrumento necessário para os guardas Cadogan,
o objetivo era garantir que nós pudéssemos responder rapidamente às emergências vampirescas.
Agora que eu era uma residente oficial da Casa – ao invés de ficar a vinte minutos ao norte – eu podia responder em tempo recorde. Eu desprendi o bip e chequei a tela. Nela lia-se: OPS RM* 190. Nenhuma poesia, mas a mensagem foi clara
o bastante. Havia algum tipo de emergência, então teríamos que nos mover para a Sala de Operações, o QG dos guardas era no porão da Casa Cadogan.
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Mordidas de sexta a noite 2
VampireSinopse: Dez meses após vampiros revelarem sua existência aos mortais de Chicago, estão desfrutando de um status de celebridade normalmente reservados para a elite de Hollywood. Mas se as pessoas aprendem sobre as festas Raves, alimentação em massa...