Dê uma chance à paz.

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Eles discutiram via fone de ouvido na volta a Casa Cadogan, mas eu
permaneci quieta, a pressão na minha cabeça forçando meu silêncio. Eu descansei minha cabeça contra o vidro frio da janela do lado do passageiro e ouvi enquanto eles
discutiam a luta, o e-mail, eventos no histórico de Peter que podia ter provocado sua deserção para o lado de Celina. A perda de alguém querido. Uma luta com um metamorfo. O poder natural de Celina.
O aguaceiro de chuva começou bem quando Ethan colocou a Mercedes dentro do porão. Malik nos encontrou na porta do porão.
— Eles estão aqui — ele disse. — No escritório. Breckenridges e Mestres.
Ethan assentiu, e nós tomamos as escadas para o primeiro andar.
— Você fez bem — ele disse em voz baixa, enquanto nós virávamos o corredor em direção ao seu escritório.
Eu assenti meu obrigado. Luc nos encontrou no corredor, tendo voltado para a Casa com Lindsey, bem enquanto Ethan entrava em seu escritório.
O quarto estava cheio de vampiros e metamorfos.
Nick, em calças cinza e uma pólo preta justa, estavam com seu pai bem do outro lado da porta. Ele me ignorou, mas lançou um olhar duvidoso pelo escritório.
— Eu não sabia que chupadores de sangue pagavam tão bem.
— Disse o homem que recorreu à extorsão para lidar com seus problemas familiares — Ethan apontou.
Dor de cabeça ou não, eu segurei um sorriso. Quem sabia que ele tinha isso nele?
— Sentem-se, cavalheiros — Ethan disse, estendendo sua mão em direção à mesa de conferencia. Scott, Noah e Morgan já estavam lá. Depois que os Brecks foram até o fim do quarto e sentaram em lugares opostos aos dos vampiros, Ethan tomou sua cadeira na cabeça da mesa. Luc, Malik e eu seguimos, e permanecemos de pé.
— Obrigado a todos por concordarem em se reunir — Ethan disse. — Como
Malik, sem dúvida, explicou a vocês, nós identificamos e anulamos a suposta ameaça contra Jamie Breckenridge. — Ele olhou para Papai Breck, cujas feições estavam colocadas em uma carranca.
— Um vampiro em nossa Casa pereceu sob a influência de uma sobrenatural, com nada menos do que uma reputação estelar. Ao fazê-lo, ele foi convencido a emitir uma falsa ameaça contra Jamie, enquanto, ao mesmo tempo, nos avisando de uma ameaça dos Breckenridges contra nós. — Ethan pausou, então apertou suas mãos na mesa, entrelaçando seus dedos. — Sua intenção, nós entendemos, era estimular a animosidade entre vampiros e metamorfos.
Eu tive que dar crédito aos Brecks. Eles nem piscaram ao fato de que tinham sido pegos.
— Graças aos esforços de nossa corporação de guardas e nossa Sentinela, nós fomos capazes de deter o vampiro — Ethan continuou. — Ele foi excomungado e está atualmente a caminho da U.K. para ser sentenciado, assim como nós fazemos. Eu quero enfatizar que não há nenhuma indicação que alguém, vampiro ou a Casa Cadogan, pretende seguir com a ameaça contra Jamie. Porém, sendo real ou não, a ameaça foi neutralizada.
— Quem? — Nick perguntou. — Quem fez a ameaça, e quem deu a ordem?
Ethan arqueou uma sobrancelha imperiosa para Nick, que conseguiu,
impressionantemente, devolver a ele um olhar igualmente teimoso.
— Sullivan, você não pode achar que eu vou simplesmente pegar a sua palavra e ir embora. Não depois
do que a minha família tem passado.
— Então talvez — Ethan disse. — Nós podemos alcançar um acordo.
Então, silêncio.
— Estou ouvindo.
— A informação a respeito de ambos, o perpetrador e o indivíduo que
acreditamos ter emitido a ordem, é muito preciosa para nós — ele cruzou seus dedos juntos na mesa, então olhou para Nick. — Isso significa que, no interesse do bem entre nossas respectivas organizações, nós estamos dispostos a considerar uma trégua. Nós iremos fornecer a informação a você, sobre sua palavra de que essa informação não saia do quarto. Que a informação não será fornecida a outros metamorfos, outros humanos, assessores, oficiais, etc. Nem, é claro, será fornecida para a imprensa, em
hipótese alguma.
Nick ladrou uma risada e olhou para longe antes de levantar seu olhar para o de Ethan novamente.
— Eu sou um jornalista. Você honestamente espera que eu concorde com isso?
— Eu espero que se você concordar com isso, nós não teremos a necessidade de investigar mais profundamente por que os Breckenridges, Jamie especificamente, estava identificado como alvo nesse incidente em particular. Nós não teremos razão — Ethan disse. — Para investigar mais profundamente por que sua família estava tão ávida para pular em defesa do jovem Jamie.
As narinas de Nick se alargaram. Claramente, mesmo não sabendo os detalhes, algo estava inoportuno com Jamie. – Chantagem, Sullivan?
Ethan sorriu de volta para Nick, com dentes.
— Eu aprendo do melhor, Breckenridge.
Houve silêncio no quarto.
— De acordo — Papai Breck disse. — Nos termos que você especificou. —
Quando Nick abriu sua boca para falar, Papai Breck o silenciou com um dedo. — Nós vamos fechar isso, Nicholas — ele disse. — Nós vamos fechar isso, e nós vamos fechar isso essa noite. Nós temos vivido pacificamente em Chicago por três gerações, e mesmo que eu ame você, eu não vou permitir seu orgulho como um jornalista trazer isso a um fim. Família ganha essa, não carreira.
Ele retornou seu olhar para Ethan.
— Isso está feito.
Ethan assentiu.
— Nesse caso, todos nós somos testemunhas dos termos do acordo que atingimos.
Tiveram acenos pelo quarto.
— Antes de terminarmos essa confraternização ridícula — Nick disse, sarcasmo espesso em sua voz.
— Podemos ir à carne do problema? Quem mandou o email?
Ethan olhou para ele. — Peter — ele disse. — Um dos nossos guardas da Casa. Em relação ao instigador, nós temos evidências circunstanciais, embora somente circunstanciais a esse ponto, de que o esquema em si foi preparado por Celina.
— Celina? — Nick perguntou, olhos repentinamente arregalados. Eu dei pontos a ele por entender que ter Celina como um inimigo era uma causa para preocupação.
— Como?
— Ela foi solta — Ethan terminou suavemente. — E baseado no fato de que ela tem negócios inacabados — ele inclinou sua cabeça na minha direção. — Nós esperamos que ela vá retornar a Chicago. Nós não temos, contudo, nenhuma evidência de que ela porta qualquer má intenção particular em relação à sua família.
Você parece ter sido escolhido porque era, digamos, estrategicamente conveniente.
— Com qual evidência você diz que ela está envolvida? — Scott perguntou, sua cabeça inclinada curiosamente para o lado.
— E-mails foram mandados de um endereço que acreditamos ser seu
pseudônimo. E Peter confessou o fato — ele adicionou, com naturalidade.
Scott fez um assobio baixo. — Isso não pega bem. Não pega bem, mesmo.
O quarto ficou silencioso. Morgan, surpreendentemente, ficou quieto, mas um olhar em sua direção mostrou uma sombra anormalmente pálida nas suas bochechas.
Seus olhos estavam arregalados, seu olhar intenso e centrado na mesa na sua frente, como se ele contemplasse coisas graves. Eu acho que mais crimes praticados pelo seu ex-Mestre, o vampiro que fez você, eram coisas muito graves para contemplar.
— Bem — Papai Breck disse, levantando-se da sua cadeira. — Eu acredito que isso conclui o problema.
Nick interrompeu o silêncio.
— Espere, eu quero dizer algo.
Todos nós olhamos na sua direção.
— Chicago tem três Casas — ele disse. — Mais do que qualquer outra cidade nos Estados Unidos. É onde os vampiros anunciaram sua existência para o mundo, e está se tornando o centro de atividade vampíricas nos Estados Unidos. Chicago é o local, o foco, dos vampiros Americanos. Eu sei sobre as Raves. — Nick continuou, e o quarto ficou quieto o bastante para ouvir um alfinete cair.
— Talvez vocês tivessem uma desculpa antes. Quando vocês ainda estavam se escondendo, quando vampiros eram mito e tema de filme de terror, talvez fosse apropriado fingir que Raves não eram nada mais do que assunto da imaginação exagerada de algum humano solitário. Mas as coisas mudaram. Essa é a sua cidade. O PG sabe disso. Os vampiros sabem disso. As ninfas sabem disso. As fadas sabem disso. Metamorfos sabem disso. — Ele quietamente, gravemente, disse, então levantou seus olhos azuis para os meus. Eu não sei exatamente o que vi ali. Eu não tenho certeza se tenho palavras para a emoção.
Mas era insondável – um poço de experiência, de vida, de amor e perda. Uma riqueza de história humana, ou talvez história de metamorfo, e um cansaço do mundo resultante, na profundidade dele.
Nick ergueu-se e ficou de pé perante a mesa, mãos nos quadris.
— Limpe a sua maldita cidade, ou mais alguém irá limpá-la para vocês.
Com esse pronunciamento, ele empurrou sua cadeira de volta e foi embora.
Papai Breck seguiu os vampiros silenciosos até Luc ter levado-os para fora do quarto e a porta estar fechada novamente.
Ethan colocou suas palmas abertas na mesa. — E com isso — ele disse. — Eu acredito que nós trouxemos essa crise particular à sua solução.
— Eu não tenho certeza de quanta solução nós temos — Scott disse,
empurrando sua própria cadeira para trás, se levantando, e retornando-a ao seu lugar na mesa de conferência. — Eu não estava pronto para ir a uma rodada com Trib ou com Tate, mas essas notícias de Celina não são exatamente reconfortantes, também. Quero dizer, bom trabalho em amarrar essa coisa tão rápido, mas eu preferiria que Peter tivesse agido sozinho.
— Embora eu preferisse que Cadogan não servisse como terreno de
recrutamento para Celina — Ethan disse sombriamente. — Eu pego o seu ponto maior. Eu também quero propor que fiquemos em contato no evento da informação a respeito do retorno de Celina a Chicago – ou qualquer futuro esquema – venha à tona.
— De acordo — Scott disse.
— De acordo — Noah disse.
Todos nós olhamos para Morgan. Ele ainda olhava distraidamente para a mesa, dor em seus olhos. Talvez ele finalmente tenha levado com o coração a verdade sobre Celina – sobre a devastação que ela aparentemente estava disposta a causar. Aquela não devia ter sido uma pílula fácil de engolir.
— De acordo — ele finalmente e em voz baixa disse.
Ethan ergueu-se e andou até a porta do escritório enquanto o resto dos
vampiros fez o mesmo. Ele a abriu despediu-se educadamente de Noah, Scott e Morgan, e quando Luc, Malik e eu sobramos no quarto, nos liberou.
— Eu acredito que tivemos drama o bastante por alguns dias — Ethan disse. — Pegue a noite, aproveite-a. Nós nos falaremos ao anoitecer, amanhã.
Luc, Malik, e eu rimos um para o outro, e sorrimos para Ethan.
— Obrigado, Chefe — Luc disse, e foi para a porta.
— O que ele disse — eu ofereci com um sorriso cauteloso, e o segui para fora.
Eu fui até o canto do corredor antes de Morgan chamar meu nome. Ele estava no saguão, mãos nos bolsos, alguma mistura de raiva e derrota na sua expressão e postura.
— Podemos conversar?
Eu assenti, meu estômago repentinamente se enrolando em antecipação a batalha. Ele abriu a porta, e eu o segui para fora. Névoa subia das ruas, uma brisa fria
soprando através do Hyde Park.
— Por que você não me contou? — ele perguntou quando tínhamos alcançado à calçada, sua voz estranhamente alta na quietude da noite.
— Sobre a ameaça, a história? Você podia ter vindo até mim com isso. Você podia ter me falado quando nós estávamos na casa dos seus pais.
Eu olhei ao redor, notei que qualquer vampiro perto das janelas da frente seria capaz de ouvir nossa conversa, e peguei seu pulso. Eu o levei pela calçada e através do portão, então para a esquina, que estava vazia de paparazzi. Talvez eles derreteram na
chuva como tantas bruxas bizarras.
— Eu estava agindo como Sentinela — eu disse a ele, quando pareceu que
estávamos longe o bastante de vampiros xeretas para providenciar alguma privacidade. — Isso era assunto de Cadogan.
Morgan cruzou seus braços. — Era assunto das Casas. Todos nós tínhamos o direito de saber.
— Direito ou não, essa foi à decisão de Ethan, não a minha.
— Você permanece Sentinela. Você age na maneira que é melhor para sua Casa. E o que é melhor para a sua Casa é a sua determinação, não a de Ethan.
Eu não discordei com o sentimento a princípio, mas não ia admitir isso para Morgan.
— Mesmo que fosse minha decisão para tomar — eu disse. — Era minha
decisão, não sua. Eu entendo que essa é uma informação que você gostaria de ter, mas esse não é o meu problema. Eu não permaneço Sentinela para a Casa Navarre.
— Oh, eu acho que todos estamos de acordo com isso, Merit — sua voz caiu com sarcasmo. — É muito óbvio onde está a sua lealdade.
Eu estava cansada de levar pancada pelo time, então eu atingi de volta.
— E sua lealdade não estava com Celina?
Um lampejo de carmesim cruzou suas maçãs do rosto.
— Me olhe nos olhos e me diga que seu Mestre não tomou decisões que
envolviam assuntos da Casa. E se você soubesse qualquer coisa, sobre o que ela fez ou como completamente desestabilizada ela é, você com certeza não compartilharia isso
com o resto de nós.
Ele me olhou furiosamente.
— Eu não sabia nada que colocaria qualquer um em perigo. Eu fiz o que achava que era melhor.
— E eu fiz o que achava que era melhor.
— É, consentindo com Ethan.
Eu revirei meus olhos.
— Jesus, Morgan. Ele é o Mestre da minha Casa. O que você quer que eu faça? Comece uma rebelião? Se você estivesse tendo essa conversa com um dos seus Novatos sobre desobedecer a suas ordens, você ainda estaria
sugerindo um motim?
Morgan balançou sua cabeça.
— Isso é completamente diferente.
Era minha vez de bufar em desdém, e eu levantei minhas mãos, alimentada por uma irritação completa com a conversa.
— Como é diferente?
Dessa vez, ele respondeu com fúria, em palavras altas e raivosas.
— Porque é Ethan, Merit, por isso!
Trovão explodiu na distância, uma explosão de um raio espetacular
ziguezagueando seu caminho através do céu.
Eu olhei para ele, senti o tropeção responsável do meu próprio coração, e vi a repentina diminuição das suas pupilas.
— Ele é o meu Mestre. E eu sei o que você pensa. Você deixou claro o que pensa — é o que todo mundo pensa, eu adicionei silenciosamente. — Mas ele é meu Mestre, meu chefe, meu empregador. Ponto final.
Morgan balançou sua cabeça, olhou para longe.
— Você é ingênua.
Eu fechei meus olhos, coloquei minhas mãos nos meus quadris, e tentei contar até dez para não cometer vampirocídio aqui, na calçada legal que a cidade de Chicago trabalhava tão duro para manter livre de cinzas.
— Você acha que eu não sou capaz de julgar por mim mesma se estou ou não tendo um relacionamento com alguém?
Ele se virou para mim novamente, e me encarou com olhos que pulsaram, porum momento, prata nos cantos.
— Francamente, Merit, não.
Eu perdi as entrelinhas, o fato de que ele tinha circulado bem de volta para nós, e respondi com sarcasmo, ironia. — O que você quer que eu diga, já que você não vai acreditar no que eu te digo? Que eu estou apaixonada por ele? Que nós vamos nos casar e começar a bombear crianças vampiras?
— Vampiros não podem ter filhos — foi à única coisa que ele disse, e o
nivelamento da sua voz – e o fato de que ainda não tinha considerado o impacto da minha mudança em eu me tornando uma mãe – sugou o vento das minhas velas.
Murcha, eu olhei para o chão, e quando outro trovão rolou atrás do Park Hyde, eu coloquei meus braços ao redor de mim mesma.
— O que estamos fazendo, Merit?
Eu pisquei e olhei para ele. — Você estava me insultando porque você acha que eu manejei mal os assuntos da Casa.
A expressão de Morgan não mudou, mas sua voz suavizou.
— Não foi isso que eu quis dizer — ele descruzou seus braços, enfiou suas mãos nos seus bolsos. — Eu quero dizer nós. O que estamos fazendo?
Eu descobri que não podia respondê-lo.
Como uma deixa, a chuva começou a cair novamente, começou a derramar em lençóis, uma cortina prateada que refletia a barreira emocional entre nós. A chuva veio forte e rápida, e nos ensopou em segundos.
Eu não tinha uma resposta para sua pergunta, e ele não falou, então ficamos ali, silenciosamente juntos, nossos cabelos emaranhados pela água, gotas de chuva pingando pelos nossos rostos.
Gotas grudaram nos cílios de Morgan, e o brilho da água pareceu acentuar suas já esculpidas maças do rosto. Cabelo grudado à sua cabeça, ele parecia, eu pensei, um guerreiro antigo que tinha sido pego em uma tempestade, talvez depois da queda de algum inimigo final em batalha.
Exceto, nesse caso, o último guerreiro de pé parecia... Derrotado.
Minutos passaram enquanto nós ficamos lá, na chuva, silenciosamente encarando um ao outro.
— Eu não sei? — eu finalmente disse, tentando dar às palavras o tom de
desculpas.
Morgan fechou seus olhos, e quando os abriu novamente, ele usava uma
expressão de resolução cruel.
— Você me quer?
Eu engoli, olhei pra ele com olhos que sabia que eram arregalados e pesarosos, e me odiei por não ser capaz de responder com toda a convicção que eu sabia que ele
merecia, “Meu Deus, sim, eu quero você”. Eu abri minha boca para dar uma resposta reconfortante, e fechei-a de novo, decidindo honestamente considerar a pergunta.
Eu queria o que a maioria das pessoas queria – amor, companhia.
Eu queria alguém para tocar. Eu queria alguém para me tocar de volta.
Eu queria alguém para rir, alguém que riria comigo, riria de mim.
Eu queria alguém que olharia e me veria. Não o meu poder, não a minha posição.
Eu queria alguém para dizer meu nome. Para chamar, “Merit,” quando era hora de ir, ou quando chegarmos. Alguém que queria dizer para mais alguém, com orgulho, “Eu estou aqui com ela. Com Merit.”.
Eu queria todas essas coisas. Indivisivelmente.
Mas eu não as queria de Morgan. Não agora. Talvez fosse muito cedo depois da minha conversão para vampiro para tentar um relacionamento, talvez nunca fosse a época certa para nós. Eu não sabia o porquê disso, mas eu sabia que não sentia o tipo de emoções que deveria sentir.
Eu não falharia com ele, mas não podia mentir para ele. Então eu respondi em voz baixa.
— Eu quero querer você.
Era a resposta evasiva mais insultante que eu já tinha ouvido, e tinha saído dos meus próprios lábios inconstantes.
— Jesus Cristo, Merit — ele murmurou. — Que jeito de ser confusa. — Ele balançou sua cabeça, chuva caindo pelo seu rosto, e olhou para o chão por o que pareceu uma eternidade. Então ele levantou seu olhar e piscou água dos olhos azuis
estreitos.
— Eu mereço uma resposta melhor do que esta. Talvez você não seja a que
possa me dar, mas eu mereço uma resposta melhor.
— Por que você iria querer mais de mim? Você nem confia em mim.
— Eu podia ter confiado em você, se você tivesse confiado um pouco em mim.
— Você me chantageou para namorar você.
— Tudo bem, Merit. Tudo bem. Você só chama do que é certo? — ele me deu um último olhar de nojo moderado, então se virou. Eu o deixei ir, assisti ele andar pela calçada e através da chuva até desaparecer dentro da sua névoa.
Eu não sei por quanto tempo fiquei lá, no meio da rua, chuva caindo pelo meu rosto, ponderando o que tinha feito, como eu consegui ferrar o primeiro relacionamento potencialmente real que tinha tido em anos. Mas o que eu podia fazer? Eu não podia fingir emoções que não sentia, e eu não era ingênua o suficiente para negar a conexão entre Ethan e eu, mesmo nós dois lamentando a atração. Ethan tinha me beijado, tinha querido me beijar, e eu tinha permitido. O que quer que eu
sinta pelo Morgan, embora o quanto eu gostasse da sua companhia, a força não era a mesma.
Lamentavelmente.
A chuva diminuiu, então se dissipou, névoa nublando a vizinhança. Eu tirei o cabelo molhado dos meus olhos e estava me preparando para voltar a Casa quando ouvi.
Click.
Click.
Click.
Click.
O som de saltos altos no concreto.

Mordidas de sexta a noite 2Onde histórias criam vida. Descubra agora