O centro não resistirá.

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Despertei feliz, ao menos até que recordei o que tinha reservado para a noite. Agarrei o convite para a festa na casa dos meus pais. Esta era um programa de gala na tutoria de adolescentes. Não era que a causa não fosse legitíma, mas sempre me perguntei as motivações do meu pai. Seu interesse em estabelecer conexões, e os apertos de mão eram ao menos tão grande como qualquer interesse que ele tinha em realmente juntar a organização? As crescentes ondas levantam todos os botes, pensei, e coloquei o convite em cima da cama. Sentei e tirei meu cabelo dos olhos, logo estendi minhas pernas e toquei o chão. Não me incomodei de tomar banho, sabendo que acabaria suada novamente durante minha sessão de treinamento, mas troquei
meu conjunto aprovado por Catcher - uma faixa tipo sutiã e um short quase inexistente - lancei um casaco esportivo por cima para parecer decente durante a viagem.
Nem bem subi o zíper do casaco, ouvi uma batidinha na porta. Abri e encontrei Helen no corredor com um terninho Tweed arrumado.
— Olá querida — disse ela, segurando um saco de trajes em azul real que
levava o logotipo de uma loja muito elegante da zona El Bucle.
— Estava somente trazendo seu vestido.
Peguei a bolsa de suas mãos, não era tão pesada como havia esperado pelo tamanho da bolsa. Com suas mãos livres, pegou um pequeno caderno rosa do bolso de seu arrumado traje rosa. Assentindo ela leu.
— Esta noite é um evento black-tie. A cor do tema é branco e preto — ela leu e levantou seu olhar para mim. — Isso ajudou em meu processo de seleção, claro, mas tomou mais que um pouquinho de artimanhas para obter um vestido de festa com esta velocidade. Foi entregue há alguns minutos.
Incomodei-me mais do que deveria que ela tivesse escolhido o vestido. Que não foi Ethan que tenha escolhido o vestido.
Que me incomodasse era simplesmente mau em tantas formas.
— Obrigada — disse. — Aprecio o esforço. — É uma pena que não pode pegar o meu lugar.
— Claro — Hellen disse. — Preciso voltar para baixo. Há muito trabalho para fazer. Desfrute da festa. — Ela sorriu e guardou o caderno no bolso. — E tenha cuidado com o vestido. Foi um grande investimento.
Franzi o cenho em direção à bolsa.
— Defina investimento.
— Por volta de doze, na verdade.
— Doze? Mil e duzentos dólares? — fiquei olhando fixamente a bolsa do
vestido, horrorizada pelo pensamento de que ia ser responsável por quatro cifras de investimento de Cadogan.
Helen soltou umas risadinhas.
— Doze mil dólares, querida — atirou essa bomba, e logo se encaminhou pelo corredor perdendo por completo minha careta de horror.
Com muito cuidado, como se portasse a Bíblia de Gutemberg, coloquei a bolsa do vestido sobre a cama.
— São preciso dois — murmurei, e abri o zíper da bolsa. Um suave som
escapou de mim.
Era de seda preta, um tecido tão delicado que mal podia senti-la em meus dedos. E era de fato um vestido de gala. Um pescoço reto, que caía em uma dispersão de seda delicioso.
Limpei as mãos em meus shorts, retirei o vestido da bolsa e o mantive no alto contra meu peito, girando apenas para ver o movimento. E que movimento fazia. A seda fluía como água negra, o tecido de um tom mais escuro que o preto que já tinha visto alguma vez. Não era o tipo de preto que se confunde com azul marinho no clube.
Era preto. Um perto de meia-noite sem lua. Era impressionante.
Meu celular tocou, eu abracei o vestido contra meu corpo, com a mão livre olhei o identificador de chamadas, e o abri.
— Oh, meu Deus, deveria ver o vestido que vou usar esta noite.
— Por acaso acaba de dizer algo sobre um vestido? Onde está minha Merit? O que tem feito com ela?
— Falando sério Mallory. É impressionante. Esta coisa de festa, black-tie — fiquei parada em frente ao espelho, meio de lado. — É belíssimo.
— Certo, estou totalmente pasma pela natureza feminina desta conversa. E, no entanto, é um pouco como você tem amadurecido. Acredita que Judy Blume tenha feito um livro sobre vampiros adolescentes? “Está aí Deus, sou eu, Merit?” — Mallory grunhiu obviamente satisfeita consigo mesma.
— Tá, tá, tá — disse colocando cuidadosamente o vestido sobre a bolsa. —Tenho um convite a um evento dos meus pais, então estaremos dirigindo de volta a Oak Park por um tempo.
— Oh, isso é típico de vampiros. Esquecer-se de seus amigos agora que está completamente na alta sociedade.
— Estou em conflito entre duas respostas. Primeiro, a óbvia: acabei de te ver ontem à noite. Também aceitável: éramos amigas? Pensei que você estava me usando para alugar marcas gratuitas.
— Minha vez de rir — disse ela, ao invés de realmente rir. — É sério, estou na estrada, dirigindo para Schaumburg, e queria ver como estava. Assumo que você e Darth Sullivan regressaram a Cadogan bem?
— Não fomos perseguidos por vampiros raivosos, então eu diria que é uma viagem de retorno bem sucedida.
— Morgan estava bem com ter que partir a noite passada?
Com o telefone apertado entre o ombro e a orelha, disse.
— É provável que não esteja emocionado de ser substituído por Ethan, mas não tive tempo nem
oportunidade de falar com ele.
— Ao que se refere que não tem falado com ele? Ele é praticamente seu namorado.
Franzi o cenho ante a desaprovação no tom de sua voz.
— Ele não é meu
namorado. Ainda estamos apenas..., saindo. Ou algo assim.
— Bem, semântica, como seja, mas não acredita que deveria ter ligado?
Não estou certa se foi por achá-la muito intrometida ou porque, em algum ponto, concordava com ela, mas a direção da conversa me incomodou. Tentei sair rindo.
— Você está me dando palestra pela minha escolha de namorados?
— É somente..., ele é um grande cara, Merit, e vocês parecem ficar bem juntos. Simplesmente não quero que passe por isso...
— Por? — não precisava instigá-la, não precisava perguntar. Sabia exatamente ao que se referia exatamente, a quem estava se referindo. E enquanto sabia que ela se preocupava por mim como ninguém fazia, o comentário me irritou. Muito.
— Merit — disse, aparentemente meu nome entrando no lugar do que queria dizer em voz alta.
— Mallory, eu realmente não estou com humor para isso neste instante.
— Porque tem que sair correndo para brincar com Ethan?
Estávamos fazendo isso, disse a mim mesma. Minha melhor amiga e eu
realmente íamos ter essa discussão.
— Estou fazendo o que tenho que fazer.
— Ele está apenas te manipulando para que passe tempo com ele.
— Isso não é verdade, Mallory. Apenas se eu gostasse. Somente estamos
tratando agora de lidar com este problema de festas.
— Não me dê desculpas por ele.
Minha ira elevou-se, o vampiro elevou-se, fechei a porta do meu armário com uma pancada com força o suficiente para abalar a estrutura de metal de uma fotografia de Mallory e eu colocada sobre a cômoda.
— Você sabe que não sou uma das grandes fãs de Ethan, mas enfrentemos os fatos. Não estaria na terra se não fosse por ele. E para o bem ou para o mal, ele é meu chefe. Eu realmente não tenho muito
espaço para lidar com isso.
— Bem. Lide com Ethan pelos seus próprios termos. Mas pelo menos seja honesta com Morgan.
— O que supõe que isso significa?
— Merit, se você não gosta do Morgan, então bem, deixe-o. Não é justo. Ele é
um cara bom, e merece mais que isso.
Fiz um som que foi em partes iguais de comoção e dor.
— Eu estou incentivando? Isso é algo realmente muito feio de se dizer Mallory.
— Precisa decidir.
— E você precisa se meter em seus próprios assuntos.
Escutei a profunda inalação de ar, sabia que a havia ferido. Imediatamente me lamentei, mas estava muito irritada, muito cansada de não ter controle sobre meu corpo, minha vida, meu tempo, para desculpar-me. Ela havia me ferido, e eu lhe devolvi o golpe.
— Precisamos terminar esta conversa antes que digamos algo que vamos
lamentar — disse calmamente. — Tenho o suficiente com o que lidar, sem mencionar o fato de que tenho que estar com meu pai em um par de horas.
— Sabe o que Merit? Se a sua vida amorosa não é meu problema, então os assuntos com seu papai, tampouco são.
Não podia falar, não podia compreender como responder isso. E incluso se quisesse fazê-lo, a emoção estrangulava minha garganta.
— Talvez seja a genética — ela continuou, aparentemente não estava disposta a abandonar a discussão.
— Talvez seja a pessoa que ele está pedindo que seja. Ambas temos vidas diferentes agora, vidas maiores que tínhamos há poucos meses atrás. Mas a Merit que eu conhecia não alienaria esse cara. Pensa nisso.
O telefone ficou mudo.
                          
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Mordidas de sexta a noite 2Onde histórias criam vida. Descubra agora