Papai, não passe sermão.

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A propriedade Breckenridge, aninhada na parte campestre de Illinois, era uma sólida imitação de uma mansão francesa, baseada no modelo de Biltmore Vanderbilt depois que os antepassados dos Breckenridge incharam com os lucros, fizeram uma viagem de descobertas para Asheville, Carolina do Norte. Apesar da
propriedade dos Breckenridge nem de perto rivalizar com a casa de George Vanderbilt, a mansão de pedra pálida era uma homenagem sólida e assimétrica, completa com espirais pontiagudas, chaminés, e janelas altas pontuando o bem inclinado telhado.
Ethan estacionou, no longo percurso que passava pelo gramado do tamanho de um parque em frente à porta principal, onde um manobrista com luvas brancas fez um sinal para ele parar. Quando o empregado abriu minha porta, eu desci com cuidado, a
lâmina e a bainha um peso estranho na minha coxa. Enquanto a Mercedes, meu carro de fuga, ia embora, ergui o meu pescoço para olhar a casa. Fazia uns seis ou sete anos desde que eu estive aqui. Meu estômago deu um nó, uma combinação de nervos com
o pensamento de entrar novamente em uma vida que eu havia escapado na primeira oportunidade e a possibilidade de confrontar meu pai.
O cascalho fez barulho enquanto Ethan se posicionava ao meu lado. Nós entramos.
— Nós precisamos de um convite — ele discretamente me lembrou.
Eu havia esquecido. Diferentemente das histórias sobre crucifixos e fotografias, este mito vampírico era realmente um verdadeiro, “nós não poderíamos entrar em uma casa sem um convite.” Mas este mito não era sobre mágica ou o demônio. Era,
como muito dos outros problemas vampíricos, sobre regras e normas. Era sobre o paradigma vampírico. Nós esperamos mais ou menos um minuto, tempo suficiente para a Sra. Breck terminar de cumprimentar e conversar com o casal que havia
chegado antes de nós. Quando eles se afastaram, ela olhou para cima.
Eu vi uma piscada de reconhecimento enquanto ela percebia que nós
estávamos esperando do lado de fora. Sua face se iluminou, e eu esperava ser porque ela estava feliz em me ver obscurecendo a entrada da sua porta novamente. Ela andou em nossa direção, tão elegante e esbelta como a Princesa Grace, toda feminina apesar
de ter criado uma ninhada de meninos bagunceiros. Julia Breckenridge era uma linda mulher alta e graciosa, em uma roupa de cor champagne, cabelos loiros presos em um nó apertado na parte de trás do seu pescoço.
Ethan se curvou levemente.
— Madame. Ethan Sullivan, Mestre da Casa Cadogan. Minha companheira e guarda, Merit, Sentinela da Casa Cadogan. De acordo com seu convite — ele pegou o convite que eu havia dado ao Luc, em seu bolso e segurou-o entre dois dedos longos na frente dela, sua prova de legitimidade.
— Nós procuramos admissão para a sua casa. — Ela estendeu a mão, cuidadosamente e graciosamente, Ethan a levantou, seus olhos nos dela enquanto ele apertava os lábios
em sua mão.
A Sra. Breck, que provavelmente já havia jantado com Chefes de Estado e
estrelas de cinema, ficou vermelha, e então sorriu enquanto o Ethan soltava sua mão.
— A partir desta noite — ela disse. — Você e sua companhia podem entrar em nossa casa com a nossa benção — sua resposta foi interessante, seu convite formal e específico.
— O meu pessoal esteve pesquisando o protocolo apropriado. — A Sra.
Breck disse, movendo-se para o lado para permitir nossa entrada. Quando nós estávamos dentro da sala de estar, ela me alcançou e fez uma concha com as mãos no meu rosto, seu perfume era de jasmim subindo por seus pulsos.
— Merit, querida, você está linda. Estou tão feliz que você pôde se juntar a nós hoje.
— Obrigada. É bom ver você de novo, Sra. Breckenridge — deu um beijo na
minha bochecha direita, e então se virou para Ethan, um brilho de apreciação feminina em seus olhos. Eu podia entender isso. Ele estava daquele jeito irritante, bom o
bastante para morder.
— Você deve ser o Sr. Sullivan — ele sorriu devagar, faminto.
— Ethan, por favor, Sra.Breckenridge.
— Ethan, então. E você deverá me chamar de Julia — seu olhar se fixou em Ethan por uns segundos, um tipo de expressão vaga de prazer em seu rosto, até que um homem careca, meio baixo com óculos redondos se aproximou de nós e cutucou-a com uma prancheta.
— Convidados, Julia. Convidados — a Sra. Breck, eu não a chamava de Julia
quando corria por seus corredores quando criança, não era agora que eu começaria, balançou a cabeça como que para sair do estupor, e então acenou para o homem parado no seu cotovelo.
— Sinto muito, mas vocês têm que me dar licença. Foi um prazer conhecer você Ethan, e é adorável ver você novamente, Merit. Por favor, aproveitem a festa.
Ela indicou o caminho para o salão de festas e então voltou para a porta para cumprimentar um novo grupo de convidados. Dei um chute e imaginei que a expressão vaga no rosto dela havia sido um feito do Ethan.
— Ah! — sussurrei enquanto andávamos. — Será que consegue conquistar os humanos sem o recurso do glamour?
— Com ciúmes?
— Não enquanto você viver — nós estávamos quase chegando ao salão de festas quando ele parou e me olhou.
— É uma tradição.
Eu parei também, franzindo a testa enquanto tentava descobrir o contexto da frase.
— Aplicar o glamour em um anfitrião é tradição? Isso explica o porquê dos
vampiros estarem se escondendo por tanto tempo.
— A espada. Sua espada. A espada que eu te dei. Malik pesquisou no Canon. É tradição o Mestre presentear com uma espada a Sentinela da sua Casa.
— Ah! — eu disse com os dedos apertando o local do meu vestido que ficava em cima da espada.
— Bem. Obrigada.
Ele acenou rápido, e então ajustou a sua gravata, cheio de uma confiança
enérgica e suave.
— Algum conselho? — dei um suspiro e alisei a minha saia. — O quê?
— Lembre-se de quem e o que você é.
Aquilo me fez rir. Ele não tinha ideia onde estava se metendo.
— O quê? — ele perguntou, dando-me um olhar de lado.
— Com presas ou sem, nós ainda somo forasteiros — eu balancei minha cabeça em direção às portas do salão de festas.
— Eles são tubarões, esperando para nos circular. É como Gossip Girl lá dentro. Que eu venha da riqueza e que nós somos vampiros, não nos garante entrada.
Como se tivesse sido combinado, dois mordomos de terno abriram as portas para nós. Literalmente, eles nos deram acesso. Simbolicamente, nos deram acesso.
Mas o julgamento ainda não havia começado. Respirei fundo e adotei meu melhor sorriso digno do título de Merit, que valia a pena, e então olhei para a minha companhia.
Ele de olhos verdes e cabelo dourado, deu uma averiguada na cintilante festa perante nós.
— Então Merit, Sentinela da minha Casa. Vamos mostrar a eles quem
somos nós. — Sua mão nas minhas costas, causou um frisson de calor pela minha espinha, nós entramos.
                            ***
O salão de festas estava sendo banhado pela luz dos candelabros de cristal.
Debaixo deles, na luz, as pessoas estavam do jeito que eu me lembrava. As matronas da sociedade. As esposas amargas. Os maridos charmosos e infiéis. As crianças que eram paparicadas somente por que tinham nascido dos ricos. Tecnicamente, acho que o último grupo me incluía. Nós achamos um lugar no canto do salão e montamos acampamento. Foi lá que comecei a educar Ethan. Apontei para algumas famílias antigas endinheiradas de Chicago; os O’Brien, os Porter e os Johnson, que fizeram a
sua fortuna em trocas de mercadorias, pianos e carne, respectivamente. O salão também brilhava com os novos ricos, celebridades, magnatas da música que fizeram da Cidade dos Ventos a sua casa, membros da junta comercial, e presidentes de times esportivos. Alguns convidados, Ethan conhecia, alguns ele fez perguntas sobre suas
conexões, suas vizinhanças, a maneira que haviam formado suas fortunas. Sobre as famílias ele sabia, perguntei sobre o que eles achavam do sobrenatural: Eles tinham
laços com nossas comunidades? Tinham filhos e filhas nas Casas? Estava, sem surpresas, bem informado, dado a sua inclinação por conexões e estratégias.
Realmente, a conversa inteira poderia ter sido retirada de um livro de Jane Austen, nós dois avaliando e dando notas às matriarcas e aos patriarcas da elite social de Chicago.
N

Mordidas de sexta a noite 2Onde histórias criam vida. Descubra agora