Capítulo 03

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No jardim se ouvia os instrumentos e as gargalhadas dos convidados

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No jardim se ouvia os instrumentos e as gargalhadas dos convidados. Muitos passeavam por entre as peônias e jacintos fascinados pela beleza do jardim norte do castelo. O lugar estava cheio, nobres que tinha sido convidados e outros nobres intrusos descarados. Talvez isso se sucedesse pela notícia do casamento do príncipe regente. Bisbilhoteiros. Muitos dos homens buscavam ver a face do príncipe que sempre se manteve escondido como um morcego com medo de gente, já às mulheres se encontrava ali para ver pela primeira vez o jardim do Cordial. Ramon titubeou atrás de Dixon, que com as mãos nos bolsos do terno negro, fuzilava os indesejados convidados passeando despreocupados por entre suas flores. Ele queria matar um por um como insetos. 

― Não seriam apenas dez pessoas? E no salão de baile? 

― Bem... Elisie desejava que o fizesse no jardim. ― Dixon soprou com força e se virou para o servo. ― Ramon, eu estou com dor... Você é o culpado, você me incitou a sentir. E se eu ficar inconsciente no meio da cerimônia? E se...

― Não seja pessimista, vai ficar tudo bem, coloquei guardas para vigiar suas plantas, além disso, antes de cada convidado entrar, foram informados de não tocar ou machucar as flores. ― explicou o servo se dirigindo à saída do escritório.

― Vamos... Percorrer o caminho para a sua cura. ― o jovem enrugou o nariz cético e o seguiu. Desceram as escadas a passos largos. Dixon se posicionou no lugar do noivo, sem se preocupar em cumprimentar as demais pessoas que o fitavam com curiosidade. O sacerdote sorriu tentando passar confiança ao noivo que o ignorou. Passaram-se alguns segundos, estava começando a ficar desconfortável, ele se inclinou para sussurrar o porquê da demora de sua noiva quando os músicos mudaram a música, querendo fazer daquele momento um acontecimento romântico e apaixonante.

 Ela surgiu na outra ponta do tapete. Usava um vestido azul de mangas longas e renda com pequenas pedras brilhantes. Seu rosto era coberto por um espalhafatoso véu grosso, e suas mãos seguravam um buque de rosas brancas. Ela deu alguns passos e quando finalmente encarou seu noivo, parou. Ficou parada no meio do caminho como uma estátua. Até que uma mulher bem vestida se aproximou dela séria e após sussurrar algo, a moça recomeçou a andar. Observou Dixon. Viraram-se para o sacerdote que deu início a cerimônia, começou mostrando a eles três vasos de vidro, em um tinha areia vermelha, no outro a areia preta e o terceiro estava vazio. Ele entregou o de areia vermelha para Elisie e o outro para Dixon

― Vocês são como essa areia ― explicou tocando na boca dos jarros e pedindo que eles escorressem dentro do vazio. E continuou observando as cores se misturando e preenchendo o vaso. ―, de agora em diante vocês estão ligados e misturados como um só. Do mesmo modo que as areias distintas se misturaram tornando-se inseparáveis, esse será seu destino. Eu os bendigo em nome dos deuses que morreram para dar vida a esse mundo onde vivemos. ― disse assim que eles colocaram toda a areia no recipiente vazio. 

― O noivo pode retirar o véu que os separa e selar esse momento com um beijo. ― Dixon se virou para sua noiva que tentava disfarçar o pânico de ser exposta. Ele ergueu o véu e sua face não conseguiu disfarçar a incredulidade.

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