Capítulo 25

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O verão se foi... 

E o outono já estava no meio, e ela continuava adormecida para o desespero de muitos que chegavam a pensar que ela não iria mais acordar. Então em uma tarde de outono nublada e triste, Elisie abriu os olhos, piscou algumas vezes antes de chamar seu nome, estava fraca, a voz saiu como um miado de gato desnutrido: —Dixon... Nada aconteceu, ele não lhe abraçou ou perguntou o que foi; apenas o silêncio lhe soprou aos ouvidos: Ele se foi... Ela com a fraqueza de muitos dias imóvel em uma cama sacolejante tentou se levantar, o choro entalado na garganta, o coração se lembrando vagamente dos lindos olhos de seu marido lhe fitando com medo, com dor, havia barulho de chuva, havia sangue; porém os últimos momentos

antes de desmaiar de dor não conseguiu se fixar em sua mente. —Você acordou. — disse alguém atraindo a atenção dela que virou o rosto para o lado. Alex estava sentado próximo a cama, carregava bolsas profundas debaixo dos olhos, a barba crescera, dando a ele uma aparência ainda mais séria do que já era. Ele ergueu a mão para tocá-la, no entanto recuou como se ela fosse queimá-lo.

—Onde ele está? —Dói em algum lugar? Espere aqui vou trazer o curandeiro para lhe examinar. — disse ele se atrapalhando com as palavras, e então sumiu, escondeu-se do outro lado da porta, sem forças para encará-la, sem coragem de ver as lágrimas causadas por outro. Elisie suspirou, olhando o teto de madeira do navio. E passados minutos tentou mais uma vez se levantar, a barriga doeu, alguns pontos se repuxaram, ela tornou a se sentar. Então notou que estava grávida... estava grávida de um filho do terrível Cordial. E acariciando a barriga costurada e dolorida, soltou seu grito antes de chorar convulsivamente. A porta se abriu, e um par de braços fortes a envolveu em um abraço de consolo.
—Alex... por favor... diga-me o que aconteceu. Eles... eles se foram?

—Se acalme, Lize, se acalme.
—O que aconteceu Alex? O que?— perguntou novamente, a voz uma nota mais alta. Alex se afastou o suficiente para olhá-la nos olhos e enquanto secava as lágrimas disse suavemente:

—Mercúrio conseguiu sua vingança... ele... — ela ergueu a mão para tapar um soluço.

— Deixe-me... ver seu corpo...— Alex mordeu o lábio inferior, entrelaçou os dedos, relutante, todavia não negou, se levantou, pegou-a pela mão e a levou até um quarto pequeno quase no porão do navio. E assim que entraram, ele a soltou e abriu uma gaveta, depois tirou de dentro dela uma grande caixa quadrada de veludo vermelho e azul, e a estendeu para Elisie que fitou o objeto com incredulidade, medo e desconfiança.
— O que é... —A única coisa que conseguimos recuperar. O coração do Cordial. — ela se sentou na cama ignorando a pontada na barriga, observou atentamente aquela caixa. E no fim foi você que me deu seu coração. Pensou ela abalada, engoliu em seco, apertou a caixa ao peito e com os olhos ainda mais vermelhos e molhados murmurou tentando parecer controlada:

—C-como assim foi tudo o que conseguiram recuperar? —Ele sumiu, Elisie, quando chegamos até vocês, os bruxos atacaram os soldados de Bartram, para distraí-los quando fizeram Mercúrio e a mulher desaparecer, o corpo do príncipe também desapareceu. Sem mais perguntas, ela voltou para o quarto, à caixa em suas mãos, ficou parada olhando-a por um bom tempo, até que o balançar do navio parou. Estavam em terra, observou ao surgir na pequena e redonda janela, estavam em Vrisan.
— Me pergunto se Ramon já soube... —É claro que soube, ele está desolado, e ordenou a Bartram que a matasse. Oh! Quão miserável você aparenta estar. Pobre menina, pobre alma que vive repetindo os mesmos erros passados...
— Intrometeu-se Dora, surgindo na parta, Elisie não se surpreendeu ao ver a velha em seu navio. —Bom, creio eu que Ramon ficará muito contente por poder me matar pessoalmente.
― Tola! Você não sabe o que deseja. Desejar morrer é a pior de todas as fugas. É a fuga de um covarde. E você é covarde? Eu pensei que não. Elisie a ignorou e voltou para a cama.

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