O vento fustigava-lhe os cabelos compridos e soltos como de costume, mas Elisie não ousou entrar para seu quarto, apenas cruzou os braços e ergueu a cabeça sentindo o vento do anoitecer. Precisava desse tempo sozinha. Uma lágrima se arrastou por sua pálida bochecha lhe dando um susto. Por que chorava? Era saudade de seus dias tranquilos e seguros em Margoth? Era talvez saudade dos ataques de sua mãe quando a via correr pelo palácio, ou era das conversas curiosas de Cássio? Ele sempre lhe contava histórias de suas viagens. Não, não era isso.
Ela se sentia sozinha, desnorteada e insegura naquele castelo estranho, Dixon não era totalmente desagradável, nesses três meses que se passou, ele lhe ensinara a plantar crisântemos e lhe mostrou o jarro de pedra polida onde deviam ter nascido cactos e não capim, e lhe contou com irritação como odiava capim desde então, mas fora esses poucos momentos ele sempre era vago em suas conversas, e tinha Alex, ele era um bom amigo realmente um bom amigo, no entanto ele não era suficiente para lhe preencher, lhe fazer sentir em casa. Sentir-se segura.
Sentia falta de seu pai, de Kalena, de Jhon, sentia falta de conversar com amigos, naquele castelo não havia ninguém além deles e dos servos, ninguém que não fosse sério e temesse por suas vidas.
Uma mão pousou sobre seu ombro lhe cobrindo com um casaco.
― Não devia estar se preparando para dormir, alteza?― perguntou Alex colocando os braços para fora da janela. Ela negou com a cabeça e se cobriu ainda mais.
― Não sinto sono. E você? Vai sair? ― perguntou ela lançando um olhar para as roupas dele.
― Vou ao festival da meia-noite.
― Festival da meia-noite? Eu não ouvi falar.
― O reino não se importa com esse tipo de festivais criados pelo povo. Você gostaria de ir comigo? É para comemorar o dia em que Sorina e Argius tiveram Bruxins, a magnífica. ― Elisie enrugou a testa analisando o homem ao seu lado, os cabelos escuros caindo de lado sobre a pele macia, o olhar obscurecido pela rigidez do rosto. Estava sério quando a olhou de volta. Os olhos pareciam dizer tantas coisas, mas Elisie não conseguia entende-las ou somente não tinha a curiosidade de entendê-las. Ele sorriu estendendo a mão para ela que a encarou. Indecisa e ansiosa, curiosa e cautelosa. Devia ir? Seu marido iria sentir sua ausência? Não, ele nunca notava, Ramon poderia notar e brigar como um búfalo, ela mordeu o lábio inferior e pegou a mão áspera e quente de Alex que a apertou contra a sua. Ela sorriu sendo puxada por ele, iria se divertir, seu marido sempre dizia para ela fazer o que quisesse. Bem, se ele tentasse falar algo, ela saberia o que responder:
"eu fiz o que eu quis"
♦♦♦
― Alteza, um de nossos guardas de confiança já está a caminho da cidade para entregar o bilhete. ― relatou Ramon para Dixon que se encontrava dentro da enorme e redonda banheira. O príncipe resmungou um entendo, e recostou a cabeça no apoio de madeira, a água já estava ficando fria, as servas eram sempre despreocupadas no verão. Ele sacudiu a mão e a estendeu para pegar um dos bilhetes, analisando o carimbo de uma pequena flor de lótus rosa.
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Príncipe Cordial
FantasyEle surgiu quando o nome podre de seu hospedeiro foi dito em lábios ingênuos e puros. Era uma fera, um monstro que necessitava roubar a pureza de vidas jovens e belas. Buscou a cura em todos os cantos, mas essa parecia mais e mais inexistente, exaus...