Seguindo as instruções de Ramon, assim que o sol atravessou o quarto Elisie se levantou, arrumou a cama, organizou as enormes almofadas nela, transformando a cama em um sofá largo e confortável, pois apesar de tudo precisavam manter as aparências. Por fim soltando o ar pela boca encarou seu marido, observando-o respirar tranquilamente. Era bonito, admitiu indo para debaixo das cobertas da cama de casal.
Os cabelos caiam sobre os olhos, estava pálido e gelado quando Elisie tocou-lhe a testa, seus olhos desceram até os lábios bem desenhados e os únicos naquele rosto branco que parecia ter sangue circulando, era rosado e chamativo.
Os dedos involuntariamente o tocaram, e puxada pela curiosidade de uma jovem ingênua se abaixou lentamente e pousou a cabeça no peito do homem adormecido, queria ouvir seu coração, todavia ela não conseguiu escutar nada, absolutamente nada.
Ergueu a cabeça perplexa, olhou o rosto do marido, ele respirava, ela podia ouvir o som baixo de sua respiração, também podia ver o mover de seu peito impulsionado pelos pulmões trabalhando, mas o coração, esse parecia morto. Ele mexeu a boca e virou o rosto na direção dela, deixando-a hipnotizada por aquele rosto adorável, e se esquecendo do macabro coração parado ela colocou os cabelos atrás da orelha e se abaixou lentamente para sentir aqueles belos lábios junto aos seus.
Alguém bateu na porta, os olhos dele se abriram assustadoramente rápidos, como se estivesse todo o tempo acordado e então se sentou, ignorando a existência de Elisie que tinha dado um pulo para trás e fingia dormir escondida debaixo do cobertor branco.
― Entre. ― disse ele com a voz neutra, quase recuperada Elisie fingiu acordar, deu um bocejo forçado, esticou os braços e olhou para ele, depois para a mulher que entrou.
―Alteza, eu preparei seu banho quente, devo encher a outra banheira agora? Para compartilharem o banho? ― tinham um tom significativo em sua voz. Dixon se levantou, abotoou os botões da camisa folgada de algodão e seguiu até a porta.
― Não, eu irei primeiro. ― e pela primeira vez naquela manhã encarou Elisie, iria perguntar se ela não se incomodaria, mas parou com os lábios entreabertos e enrugou as sobrancelhas antes de completar:
― Acho melhor ela ir depois, e prepare para ela um banho bem quente.
― Por que bem quente? Nem está fazendo frio. ― perguntou Elisie arrumando os cabelos embaraçados para evitar olhar nos olhos do Cordial.
― Seu rosto está vermelho, você deve estar febril. ― disse dando de ombro e sumiu pela porta. Elisie corou ainda mais e a serva antes de dar as costas e sair disse contendo o riso:
― Não se envergonhe, pois a primeira vez sempre é desconcertante. ― e se retirou, deixando a jovem ainda mais constrangida se escondendo debaixo dos lençóis.
♦♦♦
Elisie mordeu o lábio inferior, tentando decidir se apenas terminava seu desjejum em silêncio ou iniciava uma conversa com seu marido, que mastigava calmamente um pedaço de pão com doce de cereja. Coçou a garganta, ele nem sequer ergueu os olhos.
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Príncipe Cordial
FantasyEle surgiu quando o nome podre de seu hospedeiro foi dito em lábios ingênuos e puros. Era uma fera, um monstro que necessitava roubar a pureza de vidas jovens e belas. Buscou a cura em todos os cantos, mas essa parecia mais e mais inexistente, exaus...