No fim, todos os ministros carregados de desprezo e humilhação se curvaram e saíram da sala do trono murmurando sobre como as regras estavam sendo pisadas sem o menor pudor.
Elisie olhou Marta, uma pontada de culpa lhe perfurou o peito, respirando fundo se levantou e se aproximou da mulher ferida, disse em tom solene:
― Sinto muito pelo o que te aconteceu. Eu fui muito relaxada ao te por no comando apenas com palavras, portanto dessa vez o príncipe regente lhe dará uma carta real com o selo do rei, assim apenas mostre a quem não acredita.
― Alteza, perdoe essa sua serva que não soube reverter a situação, por minha incapacidade mereço a morte. ― chorou a mulher se curvando várias vezes.
Elisie tocou em seu ombro, e sorriu amavelmente.
― Pode erguer a cabeça, não se culpe. Vamos! Eu irei acompanhá-la de volta ao orfanato.
Dixon as acompanhou na carruagem, com a desculpa de que tinha assuntos a tratar, por isso iria até a vila, disfarçado. No entanto, estavam andando pelas ruas sem assuntos a tratar. O estômago dele roncou.
― Por que mentiu?
― Eu sempre quis andar pela cidade assim. Sem aquela coroa, sem ser D... o Cordial. ― ela balançou a cabeça compreensiva.
― Eu também... desde pequena fui perseguida por bruxos, eles sempre tentavam me sequestrar, esse último foi o mais forte e que meu pai não conseguiu rastrear e matar. Por isso que eu sempre saia escoltada por muitos guardas, era sufocante.
― Então vamos comer alguma coisa? Aquele lugar parece ter sopa de repolho. ― Elisie fez uma carreta e o seguiu até o lugar, era apenas um telhado largo de madeira e palha, com mesas de troncos lisos espalhados ao redor, alguns homens gordos usando roupas de pele de animais comiam porco assado com as mãos e bebiam cerveja derramando metade do líquido por sobre seus peitos gordurosos. Dixon pediu uma sopa de repolho e Elisie um guisado de carneiro ao molho de hortelã.
Ao final da tarde, eles passaram por várias barracas, compraram roupas prontas, espelhos, Dixon comprou para Elisie um lindo par de brincos de ouro, eram redondos com pequenos círculos ao redor. Ele os entregou a ela dizendo que a deixaria linda sem precisar usar tantas coisas na cabeça para parecer digna do trono e quando estavam prestes a retornar ao orfanato e seguir para o castelo, um vendedor de falcões, corujas e pombos passou gritando pela rua, Elisie cutucou o marido para que ele comprasse para ela, depois mostrou os dedos vermelhos. Ele comprou uma coruja pequena de penugem cinza e branca de olhos enormes e negros como um abismo, e um falcão fêmea por que segundo Elisie o Cladx era mal humorado por não ter uma companheira, e nomeou o novo animal de Sra. Cladx, e a corujinha de Abis
Por fim, retornaram ao castelo. Alex os esperava no hall de entrada, com o maxilar travado e os olhos frios penetrando o mais profundo da alma deles, Elisie tremeu e desfez o sorriso que carregava nos lábios.
― Vamos até a bruxa, preparem uma mala pequena, apenas com o necessário, nada espalhafatoso ou caro demais, teremos que ir por Senlin, e como devem saber aquele lugar tem bandidos em cada curva de estrada. Se formos rápidos podemos chegar a Florkya em menos de três meses.
― Três meses?
― Teremos que viajar nas embarcações de carga, para não corrermos o risco de sermos mortos por alguém que reconheceu o temido Cordial e resolveu se vingar. ― as palavras de Alex eram sérias e rápidas, como se ele estivesse louco para sair do mesmo lugar que Dixon.
― Eu gostaria de ir com vocês. ― disse Melinda surgindo detrás de uma coluna.
― Você não tem motivos para ir conosco. Além do mais você está... ― Ela interrompeu o Cordial que se fosse o mesmo de meses atrás a teria matado ao abrir a boca.
― Eu desejo ir, por favor, eu prometo que não atrapalharei vocês. ― Dixon resmungou um tudo bem e seguiu para o corredor atrás de Ramon.
Ramon estava no escritório, reescrevendo os documentos que precisariam do carimbo do príncipe. Dixon entrou.
― Vamos atrás dela. Possivelmente amanhã nos partimos.
― Oh! Isso é maravilhoso, só me preocupo com o reino, quantos meses vocês demoraram?
― Provavelmente seis meses, no entanto te entregarei meu carimbo, resolva os problemas em meu lugar. Quando eu retornar serei um humano como você e como Elisie. ― os olhos de Ramon brilharam por causa das lágrimas e um sorriso se formou naquele rosto de pedra.
― Sim, finalmente será um humano.
♦♦♦
Dixon foi até o jardim naquela noite, o lugar estava bem iluminado pelas tochas, se sentou na cadeira dentro da estufa e assobiou.
Perverso foi o primeiro a chegar correndo todo animado, depois foi Tirano latindo e abanando o rabo, seus cachorros durante muito tempo foram seus únicos companheiros, não quer dizer que Ramon não fora, ele foi de certa forma, mas os cachorros de Dixon eram leais e silenciosos e nunca reclamavam, e ele gostava de ficar longe de reclamações.
― Não acreditei quando Ramon disse o nome dos seus cães. Você é maldoso. ― ele olhou Elisie parada na porta. ― Por que Tirano e Perverso?
― Eu não sou muito bom com nomes, e eu ouvia algumas cozinheiras chamando-me assim pelas costas, então... ― Elisie soltou um riso incrédulo e se sentou ao lado dele, acariciando a cabeça de Tirano. ― O que faz aqui? Pensei que já estivesse na cama.
― Estava sem sono, pensei em vir aqui antes de irmos, passaremos seis meses fora... eu sentirei saudade desse lugar, desse cheiro.
― Entendo. Então eu irei agora, não demore muito aqui, está tarde e é perigoso, notei que você quase nunca é acompanhada por suas damas. ― ele se levantou, e um desespero confuso atravessou o peito de Elisie, ela não queria que ele fosse, queria que continuasse ali com ela. Elisie se levantou bruscamente, sem notar que Perverso brincava com a bainha de seu vestido e a puxou rosnando, ela foi jogada para Dixon que a agarrou pela cintura, a princesa envolveu seus braços entorno dele, os rostos quase se colando, podia sentir o cheiro dele, o mesmo cheiro que percorria todo o jardim. Aquele cheiro que ela encontrava nas camisas dele e a fazia dormir tão bem, se aproximou um pouco, e mais um pouco e o desejo veio tão depressa que quando ela percebeu já o estava beijando, ele a apertou sentindo o peito se contrair, mas não a soltou, queria aquele beijo. Tentou com todas as forças não deixar Gomon surgir, no entanto foi esforço demais e acabou desabando com Elisie. Ela gritou e sem perceber chamou seu nome.
― Dixon...
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Príncipe Cordial
FantasíaEle surgiu quando o nome podre de seu hospedeiro foi dito em lábios ingênuos e puros. Era uma fera, um monstro que necessitava roubar a pureza de vidas jovens e belas. Buscou a cura em todos os cantos, mas essa parecia mais e mais inexistente, exaus...