Capítulo 23

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—Alteza, não me aperte tanto, os outros vão ver. —pediu Elisie constrangida olhando por cima do ombro do marido, eles estavam montados no mesmo cavalo, já estavam na metade da estrada, se acelerassem poderiam chegar à cidade portuária antes do anoitecer; era o que Elisie desejava fervorosamente: que eles saíssem daquele lugar o mais rápido possível. 

— Me chame pelo meu nome, e não vejo problema nenhum em abraçar de modo protetor minha bela esposa. — retorquiu ele em um tom relaxado, como se não tivessem por momentos aterrorizantes dias atrás. Ela fez careta. 

—Quando chegar a Vrisan, meu marido, você pode me abraçar como quiser, mas aqui não podemos perder um segundo com carícias e romance, você não faz ideia de como eu estava aterrorizada, passamos um mês presos, você está mais pálido e magro do que antes, Alex mal conseguia ficar de pé, e os bruxos que usaram seus poderes enfraquecidos para conseguir fugir quase morreram de exaustão. Foram os dias mais horríveis que eu tive. —Dixon beijou a bochecha da esposa que começava a ficar rígida pelas lembranças da sala escura. 

—Esqueça isso, estamos livres, você foi valente o suficiente para nos livrar da morte, contudo isso já é passado. Vamos focar no futuro. O que deseja fazer quando voltarmos para Darkeng? 

—Eu contratarei pessoalmente amas de leite para Jeremy, e também farei com que limpem a sala de descanso do terceiro corredor à esquerda e transformarei aquele em um quarto de brinquedos, ele gostará dele, não é? 

— Sim, mas não era sobre ele que eu falava, era sobre nos. Quer ir a passeios, disfarçada de plebeia comigo? E também quero te mostrar o vale que fica do outro lado do castelo; tenho certeza que você nunca foi para aquele lado, bem adiante é onde o rio Tristeza desce. Você vai achar belo, eu costumava ir lá quando criança.

 —É o mesmo lugar da história do rio? — perguntou ela ligeiramente curiosa, ainda desejava saber o que acontecia no fim. Ele coçou a garganta e fingiu que tinha visto um Mermyos e gritou para os demais se apressarem enquanto disfarçava olhando algo atrás deles. Ela iria insistir na pergunta, porém no meio da estrada encarando-os estava um homem, ele sorriu, todos os bruxos caíram adormecidos. Ela puxou as rédeas das mãos de Dixon que se assustou e deu à volta, o cavalo relinchou e correu veloz. Dixon gritou em meio ao som dos cascos contra a terra e do vento forte batendo em seu rosto: 

—Quando chegarmos a cidade eu vou pular e você corre para outro lugar, vamos ter que nos separar. 

—Nunca! Não irei para outro lugar, ficarei aqui junto com você. Eu sei o que você está pensando. E não! Não vou permitir que você se entregue para que eu seja poupada. Se fizer algo assim eu o odiarei para sempre. A cidade estava cheia de comerciante, era dia de feira, quando tinham saído àquela manhã o lugar estava quase vazio, apenas alguns comerciantes montando suas barracas de comidas e ervas. O Cordial soltou um suspiro de alívio, puxou as rédeas de Elisie e parou o cavalo, depois saltou, bateu no lombo do animal que correu desembestado, em seguida ele pegou Elisie pelo pulso e correu entre a multidão. 

— Vamos! Precisamos nos esconder no meio de toda essa gente. — eles correram entre os clientes e seus vendedores. Dixon olhou para trás, no início da cidade o bruxo olhava para o cavalo deles que corria entre a multidão. Eles se abaixaram em uma loja de tintas, ofegantes e amedrontados, olhando atentos para Sorkan bem distante com cara de derrotado. 

— Vocês são ladrões? — perguntou um homem sentado atrás deles, Elisie arfou pelo susto. — Não, somos apenas pessoas fugindo de bruxos malignos, eles querem minha mulher. — mentiu o Cordial, todavia isso não era de todo mentira. O homem de pele escura e barba branca; balançou a cabeça, engoliu com dificuldade e apontou com o dedo indicador que não tinha pele, nem carne, era apenas um esqueleto seco e branco para Elisie e ficou por um bom tempo até falar pausadamente: 

Príncipe CordialOnde histórias criam vida. Descubra agora