25 - Última Esperança

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"Não é que eu não sinta a dor

Apenas não estou mais com medo de me machucar"


Uma vez que os sombrios estavam esperando que nós aparecêssemos e deviam ter se preparado para nos atacar, não fazia muita diferença o plano que arquitetássemos para invadir o castelo. De um jeito ou de outro acabaríamos em um embate com os sombrios. Mas mesmo assim, tentamos bolar um plano.

O Denis e o Rubens – um dos nossos melhores em lutas – entraram primeiro, do mesmo modo que eu havia feito duas noites antes. Eles pularam o muro e alcançaram a porta da ala proibida do castelo. Os outros e eu não podíamos ver o que estava acontecendo, mas assim que escutamos um estrondo gigantesco, soubemos que era um sinal. Um segundo depois, um pequeno batalhão de guardiões saltava o muro do castelo sob às minhas ordens.

Eu também escalei o muro e observei do alto, um grupo de sombrios aparecendo de todos os lados para atacar os guardiões que invadiam o jardim. Aqui e ali, guardiões e sombrios entravam em brigas de soco. Saltei ao chão e orientei um grupo de guardiões, que me seguiu, passando em disparada entre as lutas em andamento no gramado. Durante o percurso até a porta, vários dos homens que me seguiam ficaram envolvidos em brigas com sombrios. Por fim, só a metade chegou à entrada.

O Denis e o Rubens haviam conseguido abrir a pesada porta, que agora pendia das dobradiças precariamente. No meio do corredor do corredor, o Denis terminava de exorcizar um sombrio e nos seguiu pelo corredor — o Rubens estavam exorcizando uma sombria loira, ao lado da porta.

Estanquei um metro depois. Na outra ponta do corredor, uma horda de sombrios vinha na nossa direção, não havia lugar para onde correr e eles estavam muito mais perto da entrada das masmorras do que nós. Haveria um combate, com certeza. Eles começaram a correr em nossa direção, objetivamente. Todos nós entramos em posição de ataque simultaneamente. Em seguida, ficou difícil de acompanhar tudo que acontecia ao mesmo tempo.

Só foi possível ver uma massa de pessoas que provavelmente nunca havia feito uma aula sequer de karatê na vida, avançar sobre nós desferindo golpes ao melhor estilo Jet Li. Um cara enorme, tipo Andersom Silva, vestindo um terno preto preparou um soco para ir direto ao meu rosto. Desviei bem na hora e apliquei um soco no seu queixo. Eu acertei o soco. Mas enquanto meus dedos doíam, ele parecia não ter sentido nada. Ele me acertou um golpe na lateral esquerda do corpo e senti uma dor lancinante nas costelas.

Cambaleei de lado e bati na parede. Desviei em tempo de receber outro soco no rosto — qual era a obsessão dele com meu rosto? Daí eu comecei a me afastar na direção oposta, me defendendo com dificuldade da sequência de chutes e socos. Cara, vou te contar, estava bem difícil. Eu estava lutando igual o Rafael lutava contra mim — pura defesa e zero ataque. Tentei tirá-lo da minha mente.

Desviei de outro soco e consegui correr em direção à entrada das masmorras. Alcancei o primeiro degrau, mas o cara estava em meu encalço e me puxou violentamente pelo braço. Ele me soltou e eu caí de costas no chão, tomando em seguida um chute nas costelas. Juro que vi estrelas.

Com muita dificuldade, me levantei. A dor irradiou por todo meu tronco. Senti-o me puxar outra vez, dessa vez, reuni toda a minha força e me desvencilhei, dando uma cotovelada no estômago dele. Isto pareceu enfurece-lo, Ele me empurrou com força contra a parede. Praticamente voei e bati as costas contra a porta oposta a entrada das masmorras. A porta cedeu com o impacto e eu caí dentro do quarto.

Senti o ar escapar dos meus pulmões e juro que achei que tinha morrido. Cada parte de mim parecia doer. Com o canto dos olhos vi o cara continuar se aproximando devagar. Ele parecia se deleitar com a minha derrota.

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