"É só minha humilde opinião
Mas é uma na qual eu acredito"
Isso aí. Hector. O líder dos sombrios em pessoa – ou em espírito, sei lá eu – bem ali. Ele nos encarava com uma expressão irônica. Ele parou de aplaudir, mas ficou com as mãos unidas na frente do corpo.
— Ora, ora. O que temos aqui? Uma guardiã. – Ele me olhava fixamente, parecendo fascinado. – E não uma guardiã qualquer, certo? Temos aqui a herdeira do Conselho.
Que droga! Eu estava tão ferrada. Senti minhas pernas fraquejarem por um instante, mas me obriguei a me manter concentrada – essa definitivamente não era a hora certa para perder o controle ou para fraqueza.
— Hector – a voz do Rafael soava mais fria do que eu jamais havia escutado, mesmo que eu não pudesse ver seu rosto por causa de sua posição –, o que você está fazendo aqui?
— A convenção acabou mais cedo e resolvi fazer uma surpresinha para o meu conselheiro favorito. — Claro que ele era o único conselheiro do Hector, então não era uma disputa muito acirrada. – Mas quem diria que seria eu o surpreendido?
Notei o Rafael se retesar, mas ele não respondeu. Em vez disso, o Hector continuou:
— Eu sabia que você conseguiria trazê-la. Nunca tive dúvidas.
Senti mesmo que parava de respirar. Que papo era esse de "trazê-la"? Ele estava falando de mim? Certo... As coisas começavam a se encaixar muito rápido na minha mente. Tudo fazia sentido só com aquela frase.
— Hector... – A voz do Rafael estava realmente estranha, mas eu não conseguia identificar o que era.
— Você me deixou imensamente satisfeito. Agora podemos prosseguir com as experiências.
— Experiências? — O Rafael ecoou. — Do que você está falando?
O Hector pareceu ficar entusiasmado. Aparentemente falar sobre isso o deixava animado. E eu não tinha um bom pressentimento.
— Ora, as experiências com os guardiões.
— Você estava usando guardiões formados nas suas experiências.
Minha cabeça rodava a mil quilômetros por hora. Como eu podia ter sido tão burra? E agora eu estava pagando pela minha idiotice. Meu Deus, eu estava frita!
— Mas você sabe que não estavam funcionando! — O Hector esclareceu, ficando histérico. – Eu pensei em tentar uma coisa diferente – de repente a voz dele ficou taciturna.
Vi o Rafael soltar o ar de uma forma tensa. Eu nunca quis tanto poder ver o rosto dele. Eu tinha certeza que estava deixando passar alguma informação importante.
— Não me diga que você está pensando em... – a voz do Rafael virou um sussurro.
O Hector abriu um sorriso de orelha a orelha de um jeito maníaco, e, juro, ele virou uma espécie de Coringa ou sei lá o quê. Ele era psicótico, com certeza. Ele respondeu, agitado:
— Sim! O que você acha da ideia? Nós podemos ter outro sombrio como você!
— O quê!? – Rafael e eu reagimos ao mesmo tempo.
Porque o lance era o seguinte: se eu estava entendendo corretamente, o Hector estava pensando em me transformar em uma sombria! Cara, por que ele não me matava e acabava com tudo de uma vez? Naquele momento nem me parecia uma má ideia.
— Isso! – O Hector desviou os olhos como se pensasse em voz alta. — Imagina só, um outro sombrio com os seus poderes, suas habilidades...É genial!
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Além das Sombras
Teen FictionTudo que Vicky queria era ser uma garota normal de dezesseis anos. Ter um monte de amigos, ir ao cinema de vez em quando, frequentar apenas uma escola por dia... Mas, não. Em vez disso ela tinha de fazer parte de um seleto grupo de pessoas que, não...