Robbie

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Fim de expediente. Quase sempre eu era um dos últimos a sair, então eu via todo mundo se despedindo, apagando as luzes e loucos pra chegar em casa, para esticar as pernas. Mas valia a pena, afinal, eu não fui promovido indo embora mais cedo.
E para minha sorte, Darla ficava até que eu saísse. Eu sempre a mandava embora, mas ela insistia em ficar.
Eu não tinha do que reclamar,afinal.
E aquele momento era extremamente oportuno, diante do que havia acontecido mais cedo. Quando notei que só havia o zelador na agência, mandei uma mensagem para Hadley,avisando que chegaria tarde. Ela nunca me perguntava sobre horários – ela confiava em mim.
-Darla? – chamei, da minha porta. Ela se virou, e a luz amarela da pequena lâmpada de mesa dava um tom diferenciado ao seu azul elétrico.
-Robert.
-O que acha de...tomarmos alguma coisa?
-Eu acho ótimo . – ela logo se levantou, e pegou sua bolsa. Eu apaguei a luz do meu escritório, e fechei a porta. Estendi o braço,e ela cruzou o braço dela no meu. Saímos com um sorriso besta no rosto, como um típico casalzinho em início de namoro.
Esqueci completamente que era segunda-feira e não teria nada aberto. Então tive a brilhante ideia de passar num supermercado e comprar o primeiro vinho que encontrasse.
-Espero que não se importe com a ausência de uma taça decente. – eu disse a Darla, dando a ela um copo descartável com vinho pela metade.
-Na época da faculdade o que eu mais tomei foi vinho barato, não se preocupe.
-Então sua vida acadêmica foi um tanto agitada...? – não era pra ser uma pergunta.
-Bom, eu não tenho do que reclamar. Foi tudo maravilhoso.
-Isso é ótimo...eu na faculdade era o esquisitão que não aprecia nas festas.
-Ora, você não era esquisito...o que não é normal é a galera que acha que a vida acadêmica é um episódio de Skins.
-Sabe que...você me lembra muito Effy Stonem?
-Eu lembro, é? – ela riu, e deu um longo gole em seu vinho.
Estávamos sentados em no capô do meu carro, no estacionamento do mercado. Ventava um pouco, então ofereci meu cardigã para ela, que hesitou um bocado antes de aceitar.
Continuamos a beber, em silêncio, e observando Londres tentar adormecer.
Londres era uma cidade com um problema grave de insônia.
-Como isso vai ficar, Robert? – ela perguntou,com a voz mais rouca que nunca.
-Por favor, não estamos no trabalho...me chame de Rob.
-Ok,Rob...como isso vai ficar?
-Isso o quê? – eu perguntei,um tanto cínico.
-Nós.
-Eu ainda...não fiz esse projeto.
Ela me olhou, e ainda que estivesse escuro, eu sentia a descarga elétrica de seu olhar.
-Sem pressa. – ela sussurrou,antes de dar mais um enorme gole em seu vinho.

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