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                Lisa Stone

       Entrei no salão com o queixo erguido, encarando abertamente qualquer um que ousasse me desafiar.
       Penny estava ao meu lado, igualmente obstinada.
       Juntas marchamos até a frente da mesa enorme de madeira polida, que reluzia misteriosamente contra as luzes da vela.
— Vossa Alteza, Elisabeth e Penny chegaram.
        Todos na mesa se levantaram imediatamente e se curvaram para nós, alguns com evidente repulsa e outros apenas designados.
— Sentem-se — pedi.
       Eu mesma me sentei à cabeceira, com Penny à minha esquerda e Ashley à direita. Ashley se levantou e tomou a palavra.
— Segundo nossas leis, antigas e tradicionais, Elisabeth Stone, descendente real direta de Kayla Stone, tem por direito o trono, e conforma anuncia sua aura, deve despojar-se de tal.
— Isso se ela quiser e estiver preparada para tal encargo e dificuldade — um homem ao meio comentou.
        Ele era baixo, com uma barbicha branca e tufos de cabelo nas orelhas. Sua pele estava marcada pela idade, embora seus olhos parecessem jovens e divertidos.
— Como se chama?
— Gregório Kneller, Alteza.
       Assenti, impassível.
— Estou preparada para tal situação. Creio que estou mais preparada do que aparento, não acha?
— Como disser, Milady.
— E quanto à vossa irmã?
       Dessa vez a pergunta foi feita por uma mulher de cabelos castanhos, ar superior e jeito imponente.
— Penny será minha princesa. Toda rainha deve ter a sua — comentei.
— Acha que ela vai se contentar com isso?
      Penny olhou Gregório de uma forma assustadora.
— Não me compare aos meus antepassados, senhor. As coisas mudam, as pessoas são diferentes.
        Todos se entreolharam surpresos com essa declaração, e um pouco aliviados.
— A cerimônia deve ser marcada — Ashley falou para todos. — Quanto mais cedo tivermos alguém para nos governar, mais cedo nosso povo sentirá de novo a segurança e paz de ter um líder forte e capaz.
— Podemos fazê-la no fim do mês, e então a rainha terá duas semanas para preparar-se para ingressar nos assuntos políticos e éticos do cargo.
— Concordo.
        Olhei em volta, concordando.
— Eu apoio.
        Ashley dispensou todos, e até Penny se mandou, dizendo ter mais assuntos a resolver. Só sobramos eu e Ashley no salão.
— Precisamos ter algumas aulas de rainha — confessei divertida.
— Na verdade, você terá que descobrir o seu próprio caminho. Cada rainha tem um ano para descobrir seu caminho, antes de que os Conselheiros possam te destituir do cargo.
— Isso... Pode acontecer?
— Depois de um ano, se suas ações não forem em nada benéficas para nosso povo, então sim.
— Minha nossa.
— Pois é. Felizmente, nesse prazo de um ano, todas as rainhas tem a possibilidade de fazer algo bom, o que releva seus possíveis erros.
        Concordei, quieta.
— Mas, se quer mesmo a minha opinião, eu aconselharia Milady a buscar medidas para dar um basta nesse conflito entre Darks e Fusion.
          Era uma boa ideia, mas como fazer isso sem uma guerra que levantaria o caos completo no mundo?
— Vou trabalhar nisso.
— Se precisar de ajuda, como sua conselheira, estarei aqui para qualquer coisa. Assim como amiga.
— Muito obrigado, Ashley. Não sabe o quanto estou grata por ter você aqui.
         Ela sorriu, olhando-me com carinho.
— Bom, acho que agora eu tenho um encontro marcado com Percy. Estou louca para saber onde ele me levará depois do jantar.
— Milady, esse talvez seja seu ultimo encontro com esse vampiro. As leis são bem claras, e a senhorita verá que mesmo para as rainhas, nem tudo pode ser relevado.
        Soltei um suspiro.
— Eu sei. Mas trabalharei para mudar isso.
— Espero que a senhorita realmente consiga.
        Lancei-lhe um sorrio enviesado.
— Vindo de alguém que odeia vampiros, até que soou verdadeiro.
        Ashley riu, e me lancei porta afora, para ir encontrar meu vampiro preferido.

Alma SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora