Penny Stone
A luta estava pegando fogo, literalmente. Pilares de chamas estavam espalhadas pelo campo, onde os corpos eram jogados indistintamente.
Joguei algumas facas em uns vampiros do mal ali perto, e voltei para lutar com uma bruxa que me derrubou no chão e apertou minha garganta.
Usando toda a minha força descomunal, herdada do meu pai, soquei a garganta dela, sentindo meus dedos atravessarem de um lado para o outro.
Sangue respingou em meu rosto, e dentro da minha boca aberta, e tossi e cuspi aquilo fora.
Levantei e vi Vladimir lutando ali perto de mim, Melinda logo ao seu lado. Hayna era um poço de calma e observava tudo de um canto, intocável.
Corri em direção à ela, pulando em cima dela. Hayna até tentou se livrar, mas eu peguei-a totalmente de surpresa, e caímos no chão, esparramadas.
Ela se recuperou primeiro, e me jogou longe. Rolei algumas vezes, arranhando braços e pernas, e me descabelando toda.
Hayna já estava em cima de mim novamente, e ergueu-me pelos cabelos no ar, meus pés flutuando inutilmente no vacuo. Fui jogada contra o chão mais uma vez, sentindo o ar fugir dos meus pulmões.
— Você não é párea para mim, criança. Nem a sua magia você encontrou ainda, acha mesmo que pode vencer uma bruxa como eu?
Fiquei de quatro, engatinhando na grama. Levei outro chute, que me fez tossir sangue e engasgar.
— Olhe para você. Fraca como a sua mãe. Kayla nunca aguentou mais do que dois raunds comigo. As mulheres Stone me decepcionam às vezes, sabe?
Levei outro chute, caindo a alguns metros. Rolei de barriga para cima, tentando respirar loucamente. Hayna caminhava em minha direção, e eu não conseguia me levantar. Ela ia me matar. Não. Não.
Tentei levantar, mas minhas costelas gritavam em protesto, e minhas pernas falharam miseravelmente.
— Ah, Penny, Penny, Penny.
Desisti de tentar levantar, e caí no chão de costas, as pernas abertas em ângulos tortos e braços abertos.
— Desistiu tão cedo?
Fechei os olhos, minha consciência me escapando aos poucos. Abri eles, e Hayna estava a cinco passos de mim, me encarando com a expressão divertida.
Gritei quando aquela tortura me tomou. Parecia que por dentro de mim tudo estava se rompendo, estourando, virando suco. Gritei e gritei. Meu corpo se arqueou, minhas mãos curvadas em garras.
Então a dor se foi. Graças as minhas costelas quebradas e agora essa tortura, eu não estava conseguindo respirar direito. O ar entrava entrecortado, superficial demais para ser o suficiente.
Então gritei ainda mais alto quando aquela dor voltou com reforços. Lágrimas me escapavam, e eu me debatia como um peixe fora d'água.
A dor parou, e comecei a tossir sangue. A tosse virou vômito, e com certeza eu estava colocando meus órgãos ensopados para fora naquele momento. Outra enxurrada de sangue passou pela minha boca, bem no momento que tentei respirar, e engasguei, colocando sangue pelo nariz e pela boca, tossindo e tentando respirar.
Vou morrer, pensei. Vou morrer bem aqui, arrebentada por dentro e à mercê de qualquer um que quiser me despedaçar.
— Deixe-a!
A voz de Albrey cortou o ar, e ouvi a risada de Hayna, e então o grito de Albrey. Não, não, ele não.
Ergui a cabeça, vendo ele se debater perto de mim. Ela sorria para Albrey, como uma criança vendo uma brincadeira da qual gosta muito.
Rangi meus dentes. Aquela vadia não ia fazer isso com ele. Comigo tudo bem, mas com ele não. Eu não podia permitir.
Mas estourada por dentro, eu não tinha o que fazer. Olhei em volta, e vários corpos estavam caídos. Uma ideia me veio à cabeça e não parei para pensar se daria certo.
Me arrastei até o mais próximo, afastei o cabelo do pescoço, e deixando meu outro lado aparecer, mordi a pele, sentindo o sangue me invadir.
Cada gole fazia do sangue algo menos repugnante, e me fazia me sentir melhor. Até secar a última gota, eu já me sentia bem melhor do que antes.
Mas então, o mundo ruiu sob minha cabeça. Assim que levantei, Hayna me olhou com um sorriso perverso e desceu a estaca de prata no coração dele.
— Nãããããão....
Caí de joelhos ao lado de Albrey. Seus olhos estavam arregalados. Meus olhos nublaram, e lágrimas quentes escorriam por meu rosto.
— Albrey, não vai, por favor. Por favor, fique....
— Eu..... Eu.... Amo... Te... Amo.... Nao se.... Não se esqueça disso... Nunca.
Sacudi a cabeça, negando sua morte.
— Eu te proíbo, Albrey! Te proíbo de morrer e me deixar sozinha!
— Você vai.... Vai ficar... Bem... E.... Obrigado por.... Por sua.... Amizade...
— Ah, Albrey! Eu te amo, amo de verdade, não como irmãos ou amigos. Eu não queria te entregar meu coração de novo, pois tinha medo que você o despedaçasse de novo.
— É verdade.... Agi como... Como um idiota.... Me perdoe.... Meu amor...
— Fique comigo, por favor... Por favor.
Ele sorriu fraco, e inclinei meu rosto para beijá-lo. Quando ergui os olhos os seus estavam frios e sem brilho.
— Nãããããoooooo.
Me debrucei sobre o peito dele, enquanto a dor se propagava em ondas por mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Alma Sombria
RandomAs coisas mudaram. Elisabeth Stone não pode mais ser uma mercenária e amar abertamente seu vampiro Percy Potter. Junto com sua linhagem bruxa vem também uma importante missão: a coroa de rainha das Fusion. E como rainha, Lisa deve ser o exe...