Oito

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             Albrey Potter

       O telefone tocou pela terceira vez seguida, o que só podia significar emergência.
— Alô?
— Albrey, é Percy.
— Percy... Como vai?
— Com problemas — a voz no telefone não hesitou em falar. — Na verdade todos nós estamos com problemas. Volte para casa o quanto antes, por favor.
— Aconteceu alguma coisa?
— As Darks. Estão atacando a tudo e a todos. E alguns vampiros se uniram a elas nessa chacina.
— Droga, eu estou indo.
         Liguei para o hospital, pedindo algumas semanas de folga, que foram concedidas graças à confiança do diretor em mim. Depois para Alyss, para avisar que estaria fora e não poderia ficar com Sam nos fins de semana.
— Aconteceu alguma coisa, Albrey? — ela perguntou.
— Eu conto quando voltar. Diga ao Sam que eu o amo.
        Por fim, comprei minha passagem. Consegui uma para a madrugada, o que me daria umas horas para arrumar as malas.
        Ao longo desses seis anos, todos arrumamos um meio de viver nossas vidas o mais normal possível.
       Percy se casou com Luma e foram morar em San Franscisco, na costa. A pequena Amy, minha sobrinha, estava agora com quatro anos e uma beleza invejável.
        Melinda e Vladimir estavam morando em Seattle com os três filhos. No natal passado fui visitá-los, e pude constatar por mim mesmo a esfera de felicidade que eles viviam no momento.
        Depois de tudo o que havia acontecido, nossa sede foi mudada para Boston. A grande mansão que agora parecia mesmo uma enorme mansão, estava cercada por um muro enorme e vampiros cobrindo cada perímetro.
         As coisas não deviam andar tão animadas por aqui.
— Albrey!
         Melinda foi a primeira a se pendurar em meu pescoço, seguida por Vladimir e Percy. Luma sorriu e apertou minha mão, enquanto Amy saltitava pela sala com suas borboletas de brinquedo.
— Títio Albrey! — Victoria gritou de alegria, pulando em meus braços. — Senti sua falta, titio!
— Eu também senti, pequena.
— Ellane, leve as crianças para brincar lá fora um pouco, por favor — Percy pediu para a babá.
— Vamos crianças? Até logo, senhor Potter.
         Esperamos Ellane e as crianças saírem, para sentarmos e começar a falar a verdade da minha visita.
— O que está acontecendo?
— Uma guerra, irmão. Os vampiros, as Darks, tudo está em conflito. Não sabemos ao certo se eles estão juntos — Percy falou.
— E se não estão — Melinda continuou. — Se não estão, então qual é o objetivo desses vampiros ao atacar bases como a nossa?
— Já houve um ataque aqui?
        Todos eles negaram.
— Mas seria uma questão de tempo — Luma falou. — Eles não estão muito longe, já estão na cidade. Não sabemos aonde as Darks estão, pois os ataques são tão deliberados que os deles mascaram os delas.
        Sacudi a cabeça, um pouco zonzo.
— Parece que estamos entrando em uma guerra...
— Bem, eu diria que já entramos — Percy falou. — E só há uma pessoas que eu conheço que poderia estar por trás disso.
— Quem?
— Hayna Stone.
         Todos olharam para Percy surpresos.
— Você e Elisabeth não a mataram anos atrás?
— Nós colocamos fogo no lugar, mas nenhum corpo com o código genético dela foi encontrado. Isso quer dizer que ela não morreu queimada, o que só pode significar que a Hayna está viva e livre.
— Droga! — Vladimir bateu o punho na parede.
— Estamos fritos — Melinda grunhiu, revoltada.
— As crianças... — Luma olhou pela janela.
— Temos que pensar, pessoal — falei. — Temos que pensar em uma saída rápida e lucrativa para nós.
        Percy me olhou estranho, como sempre fazia quando tinha uma ideia maluca que eu não ia gostar.
— Fale logo, Percy.
— Se propormos uma aliança com as Fusion e as Origins, podemos conseguir nos manter melhor. A união faz a força.
        Engoli em seco.
— É uma boa ideia — Vlad me olhou. — Essa é a chance de unir nossas raças com um objetivo certo e bom.
— Parece que sim... — Luma olhou para Percy, como se medisse o interesse dele nessa ideia.
— Quem vai fazer a mediação de tudo?
— Albrey e eu — Percy respondeu imediatamente.
— Eu? — grasnei.
— Não existe outro Albrey por aqui, existe?
— De certo que não...
         Merda. Merda. Será possível que eu tinha que passar por esse tormento?
         Ao que parece, não havia melhor opção.




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